22 de jun. de 2015

O “governismo” como estratégia de dominação política!!!



Por esses dias a mídia tem dado amplo espaço ao hilário comportamento do Senador Elmano Férrer, o “véin trabaiador”, que teve  sua indicação publicamente ignorada para a direção no Piauí do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Inconformado chegou a usar palavras pouco usuais para um senador, afirmou que ia para oposição e que lá ia "botar pra quebrar".
Na mesma condição, o Secretário Estadual de Segurança Pública, deputado federal Fábio Abreu, encontra dificuldades para emplacar um nome – Francisco Robério Batista, professor do Estado do Maranhão e, coincidentemente, seu cunhado - na direção da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM).
Nos dois casos os motivos são óbvios: a falta de prestígio político da bancada piauiense. Mas isso tem uma razão de ser: a micropolítica que eles fazem. Eles e os outros da nossa bancada. Usando uma explicação do jornalista Bernardo Silva: “são uns pobres coitados que se contentam em viver debaixo da mesa comendo migalhas que sobram do banquete que é servido aos demais Estados do Nordeste”. 
Eis a razão de serem desmoralizados a toda hora pelo governo federal: nossos deputados e senadores vivem dizendo amém à presidente e não discutem ideias, nem projetos para o nosso Piauí. Esses homens e mulheres foram eleitos com um discurso de “renovação, seriedade e compromisso”, mas revelam não ter uma posição ideológica clara, nem pacto ético com as causas que afligem nossa população.
Esta mentalidade é que empobrece nosso estado. O Piauí não é pobre, está pobre! E, a raiz da nossa pobreza está na forma de gerenciamento dos recursos públicos por esta casta política que ao longo do curso da história se apropriou dos bens do povo como algo privado, beneficiando somente a sua rede de sustentação política em detrimento da gestão que deve promover o bem estar social. Vem de longe essa “coisa”...
Estar próximo do Executivo é uma estratégia inteligente e que pode resultar em benefícios à coletividade. Desde que a motivação de apoiar o governo seja pela concordância com bandeiras que melhore a vida das pessoas. Porém não é essa a constatação. Pra nossa bancada, ser governo é sinônimo de ter espaço de indicação de algum cargo público. Historicamente, a presidência da república sabendo disso, controla tudo. Mantém a base de sustentação com a moeda de troca que em muito agrada nossos parlamentares: cargos! Isso lhes basta!
Isso faz revelar outro aspecto interessante da atual classe dirigente e que merece destaque é o “amor à família” que se manifesta em diversas fases e formas. Exemplos mais comuns: indicação para cargos no governo e apresentação de membros do núcleo familiar mais próximo para concorrer a cargos eletivos aumentando o espaço de poder conquistado ou sucedendo o mandatário (esposa e filho, preferencialmente).
O posicionamento da nossa representação política em relação ao governo federal nos envergonha. Isso dito da bancada federal também se aplica na mesma proporção aos níveis estadual e municipal, ressalvado raríssimas exceções. Pois o fato que caracteriza de maneira mais realista os governos contemporâneos não é a clássica divisão tripartite dos poderes, mas sim a divisão do processo político em dois grandes atores coletivos: governo e oposição. E novamente vale às três esferas de poder. O Legislativo tem sido uma espécie de “extensão de secretaria”, fazendo o que convém e interessa ao Executivo.
O que caracteriza o tamanho e a força de um fenômeno recorrente na vida republicana do país: o “governismo”. Ser governista traz vantagens óbvias, como a ocupação de cargos comissionados, garantindo o controle de verbas e políticas públicas as mais variadas. O controle de tais recursos, por sua vez, pode ser revertido em votos e, assim, promover o crescimento do partido, do político. Com isso, consegue negociar mais cargos e mais recursos, e, às vezes, até conquistar a posição de seu maior interesse. Portanto, ser governista pode significar a entrada num “ciclo virtuoso”.
O meu desejo era escrever sobre outras coisas que não o desalento pela dilapidação do capital ético da representação política do país, do estado e da cidade. O que está faltando e sempre faltou é uma elite dirigente com compromisso com a coisa pública, capaz de fazer na Parnaíba, no Piauí e no Brasil o que precisa ser feito: aplicar corretamente os recursos públicos com investimentos em capital humano.
Nas três esferas de poder passamos por uma “entressafra” de líderes políticos, onde os velhos caciques mofaram mergulhados na corrupção. Os novos que se apresentaram utilizaram um falso discurso. A realidade é a falta de compromisso com a missão do mandato onde utilizam a mesma prática viciada e corrupta, embora às vezes lançando mão de mecanismos sofisticados de escamotear a malandragem.
Chega! Política não é profissão! Quem não pode estar a serviço da sociedade cumprindo fielmente honrosa missão confiada pelo sufrágio universal que se envergonhe e abdique do cargo. Senão, cuide o próprio eleitor de eliminar os oportunistas e aproveitadores na próxima eleição.
Disse o filósofo Ludwig Feuerbach: “Os homens esqueceram-se do poder que realmente tinham e depositaram em figuras quase que imaginárias ou totalmente imaginárias e eis a razão da alienação porque a maioria do povo passa hoje”. O povo tem o poder, mas não tem consciência disso! É hora de acordar!!!


(*) Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.

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