Quem é que nesta vida e
aqui em cima da terra nunca teve um vizinho, um conhecido, parente ou colega
que passou e abusou dos limites da sua honestidade ou da sua boa vontade que
levante o dedo. Digo isso pra quem gosta de andar em mercado, praça, feira de
domingo enfim, em qualquer ajuntamento onde tenha muito caboclo. Porque caboclo
é bicho pra gostar de movimento. Ele gosta desses lugares cheios de desocupados
que ficam vendo apresentação de vendedor de pílula-contra ou pomada de andiroba
pra toda sorte de queimadura, reumatismo e machucado.
E até vendedor de
romance, que é como se chamava folheto de cordel mais antigamente ou ouvindo
cantoria de embolada tipo Castanha e Caju e mais ainda vendo as estripulias sem
graça do palhaço Bob na praça da Graça. Quem é que nunca por ter dado confiança
pra aquele vizinho que vem conversar fiado e encompridar assunto de toda ordem
ou veio pedir por empréstimo um pouco de café, um analgésico, um jornal velho
pra forrar a casinha do cachorro, a cama do gato ou a gaiola do passarinho se
viu depois constrangido, que levante os cinco dedos da mão.
Porque se existe coisa
mais desagradável é quando alguém lhe abusa da boa educação, do seu tempo
escasso e da sua civilidade. É a mesma
coisa de dar trela pra menino que o pai ou a mãe vive dizendo e se gabando pra
todo mundo que ele é inteligente e coisa e tal pra fazer isso e mais aquilo. Aí
ele começa a dizer ou fazer saliência. É a mesma coisa de dar confiança pra
macaco em zoológico. O bicho salta daqui e dali e de acolá, se coça todo, pula
e faz um monte de caretas e quando, até parece de propósito, vê mulher, mocinha
e criança, fica sem modos e acaba fazendo coisas e sendo inconveniente.
Pois foi justo o que
ocorre e ocorreu com o PT de Lula e de Dilma Rousseff. Foi fazendo uma coisinha
aqui e outra ali. Foi contando uma piada e todo mundo achando graça e todo
mundo batendo palmas mais lá na frente. Foi adoçando o bico com esta ou aquela
coisa mais acolá. Então o PT achou de dar aquela do menino traquino. Pois este
partido fez igual ou pior que aquele vendedor de corda lá do mercado de São
José. Vendeu a corda aqui bem baratinha, coisa de dois reais a braça e, apontou,
assim como quem não quer nada, mais lá na frente aonde você poderia encontrar o
tamborete pra se enforcar.
Agora anunciam bilhões
de reais pra investimentos e pelo o Nordeste vai receber um pedação desse
tamanho do bolo. Depois de todo mundo ficar sabendo que o Brasil está feito o
dono daquela quitandinha sebosa lá do Pindorama. Que passou a vida vendendo
fiado um mercado de querosene, sabão, cachaça, bolacha fogosa, tiquira do Magu,
botão pra camisa, feijão quebra-cadeira, pilha pra lanterna, elástico pra
calção de menino, manjuba seca e farinha branca em rua que tem supermercado.
O Brasil está quebrado.
Feito aquele camarada que lhe emprestou dinheiro e na ocasião disse que você
não se preocupasse que era coisa entre amigos. O Brasil agora está no chão e
vai levar um tempo e muito mais pra se levantar. Feito jogador de futebol do
Parnahyba que leva uma porrada no meio das pernas. Naquele lugar.
Por Pádua Marque
Jornalista e Escritor
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