O Brasil tem mais uma modelo no olimpo da moda internacional. A piauiense Laís Ribeiro, 24, é a nova brasileira escolhida pela grife americana de lingerie Victoria's Secret para integrar seu novo time de "angels" oficiais da marca. No mercado de modelos, ser uma "angel", mais do que status, é sinônimo de superexposição e contratos milionários com outras grifes que se aproveitam da imagem saudável e curvilínea vendida pela etiqueta.
Além de Ribeiro, Alessandra Ambrósio, 34, Isabeli Fontana, 31, e Adriana Lima, 33, são outras tops brasileiras contratadas. Gisele Bündchen e Izabel Goulart já foram "angels" e alavancaram a carreira a partir do título.
"É um reconhecimento do trabalho e um peso muito grande. Sabia há três meses, mas, por contrato, não podia falar", conta Ribeiro, por telefone, de Nova York, à reportagem da Folha.
Ela não revela valores, mas diz que a vida financeira mudou completamente com a assinatura do contrato. "Você ganha muitos outros trabalhos com o título de 'angel'".
Mãe solteira de um garoto de seis anos, ela era chamada de Pocahontas pela cor morena da pele, resultado da miscigenação das etnias indígena e negra da sua família.
Num mercado dominado por mulheres brancas como o da moda, Laís Ribeiro conta que, na Europa, tem dificuldade de desfilar.
"Muitas marcas, principalmente as que desfilam em Milão, não me chamam para trabalhar. Não julgo os estilistas, porque não dá pra saber o ideal de beleza que eles pensam quando criam uma coleção, mas a semana de moda em si não tem muitas tops morenas", diz.
Ela explica que poucas modelos negras são chamadas para preencher as seleções dos desfiles. "É uma pena, mas ainda é comum que a mesma modelo desfile em todas as coleções nas quais apareçam mulheres fora do padrão branco".
Nos EUA, onde sua cor de pele é incomum, é considerada negra pelo mercado de moda. "Acham que meu cabelo é de chapinha, quando, na verdade, é natural."
Laís também é exceção quando se trata do padrão do corpo. Na última SP Fashion Week, seu manequim 38 estava acima da média.
"Perdi alguns clientes no Brasil por causa das minhas novas curvas. Acharam que eu estava 'cheinha' e, como não visto mais 36, as roupas ficaram apertadas. Para desfilar para a Victoria's Secret, porém, preciso ter ainda mais corpo do que agora", diz, do alto dos seus 1,84m distribuídos em 61kg.
As "angels" seguem uma rotina rigorosa de exercícios. "Estou toda dolorida, mas acho legal que vou deixar de ser magra demais. Meu namorado vai adorar."
Descoberta quando ganhou o quarto lugar num concurso, em Fortaleza (CE), promovido pela agência paulistana Joy Model, aos 19 anos mudou-se da pequena cidade de Miguel Alves, no interior do Piauí, para morar com outras modelos num pequeno apartamento em São Paulo.
Três anos atrás, quando recebeu a notícia que faria seu primeiro catálogo para a Victoria's Secret, porta de entrada para quem almeja estar entre as "angels" oficiais, teve seu passaporte roubado por uma das colegas.
"Minha sorte foi que a grife entendeu o problema e esticou por mais um dia minha viagem de ida para Nova York. Nosso 'business' é uma loucura", conta Ribeiro.
Quem esteve ao seu lado em todas as fases foi a empresária Liliana Gomes, diretora da Joy. "A grande dificuldade era vender para o mercado uma menina que não era nem negra, nem branca, nem índia", diz.
Ela acrescenta: "O mercado brasileiro só gosta de meninas que fujam do padrão nacional. Ou seja, loiras. Já nos EUA, Laís atende a imagem de toda a comunidade latina que reside no país." (Fonte: Oolho)
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