24 de abr. de 2015

Temos chuva, mas falta união.

Se antes era por falta de água nessa região do Piauí e até onde se tem notícia tem caído chuva, agora não falta lá muita coisa mais não. Agricultores dessas bandas têm trazido boas notícias de que, salvo um contratempo aqui e ali, a situação das chuvas deu pra, como se diz entre eles, segurar alguma coisinha no chão. As chuvas pra molhar o chão chegaram um pouco atrasadas, mas chegaram. Dentro de mais algumas semanas essa situação já deve ser sentida quando a dona de casa for ao mercado ou á feira livre.
Era tudo o que o sertanejo agricultor queria que acontecesse. Chuva em abundância pra que a partir daí desse início a plantação de roças de milho, feijão, arroz, mandioca, batata, jerimum, máxime e quiabos. Verduras e legumes próprios desse período e que fazem a festa em qualquer mesa farta na casa do caboclo. Porque o caboclo, o sertanejo é assim mesmo, gosta de tudo muito e do melhor. Nada daquela coisa de mesquinharia que muita gente pinta e escreve sobre ele pra justificar sua forma simples de viver. Porque se existe coisa que o sertanejo gosta é de fartura.
E o Governo Federal tem destacado seus técnicos mais experientes pra desenvolverem fórmulas e formas de trabalho em grupos. Tem também orientado seus técnicos e as prefeituras, sindicatos e cooperativas rurais a trabalharem e priorizarem a iniciativa de sociedade no campo. Daí vem a oferta de máquinas e implementos modernos, capazes de facilitarem mais produção, reduzirem a exposição humana em situações de risco de acidentes e darem condições pra que esse homem do campo possa ter mais presença com sua família em atividades de lazer e até garantir educação.
O Governo Federal quer a partir de agora e de um modelo já implementado em outras regiões com histórico com maior produtividade garantir que no Nordeste a agricultura dita familiar alcance patamares mais altos com maior produtividade e consequentemente melhor qualidade de vida. Mas ao que parece neste setor, o homem da região ainda está resistindo à forma de trabalho em coletividade. É uma herança de costumes arraigada ainda de gerações passadas. Este homem da região precisa entender que a cooperação no trabalho do campo é a entrada pra uma maior produção.


E nessas minhas andanças pelo interior, aqui na região de Buriti dos Lopes e redondezas, região conhecida pelo plantio em boa escala de arroz de vazante, ainda há certa resistência quando se fala em trabalho em cooperativa. Não deveria ser assim, mas acaba ocorrendo uma desavença ou descontentamento aqui e mais ali. Se a gente for à procura da raiz dessa falta de espírito coletivo vai ver mais adiante que sempre houve uma má distribuição de terras pra plantio na região, muita terra em mãos de poucos assim como poucas culturas produtivas. Mas a gente espera que a partir de agora a coisa mude. 

Por Pádua Marques
Jornalista e Escritor

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