Se antes era por falta
de água nessa região do Piauí e até onde se tem notícia tem caído chuva, agora
não falta lá muita coisa mais não. Agricultores dessas bandas têm trazido boas
notícias de que, salvo um contratempo aqui e ali, a situação das chuvas deu
pra, como se diz entre eles, segurar alguma coisinha no chão. As chuvas pra
molhar o chão chegaram um pouco atrasadas, mas chegaram. Dentro de mais algumas
semanas essa situação já deve ser sentida quando a dona de casa for ao mercado
ou á feira livre.
Era tudo o que o
sertanejo agricultor queria que acontecesse. Chuva em abundância pra que a
partir daí desse início a plantação de roças de milho, feijão, arroz, mandioca,
batata, jerimum, máxime e quiabos. Verduras e legumes próprios desse período e
que fazem a festa em qualquer mesa farta na casa do caboclo. Porque o caboclo,
o sertanejo é assim mesmo, gosta de tudo muito e do melhor. Nada daquela coisa
de mesquinharia que muita gente pinta e escreve sobre ele pra justificar sua
forma simples de viver. Porque se existe coisa que o sertanejo gosta é de
fartura.
E o Governo Federal tem
destacado seus técnicos mais experientes pra desenvolverem fórmulas e formas de
trabalho em grupos. Tem também orientado seus técnicos e as prefeituras,
sindicatos e cooperativas rurais a trabalharem e priorizarem a iniciativa de
sociedade no campo. Daí vem a oferta de máquinas e implementos modernos,
capazes de facilitarem mais produção, reduzirem a exposição humana em situações
de risco de acidentes e darem condições pra que esse homem do campo possa ter
mais presença com sua família em atividades de lazer e até garantir educação.
O Governo Federal quer
a partir de agora e de um modelo já implementado em outras regiões com
histórico com maior produtividade garantir que no Nordeste a agricultura dita
familiar alcance patamares mais altos com maior produtividade e
consequentemente melhor qualidade de vida. Mas ao que parece neste setor, o homem
da região ainda está resistindo à forma de trabalho em coletividade. É uma
herança de costumes arraigada ainda de gerações passadas. Este homem da região
precisa entender que a cooperação no trabalho do campo é a entrada pra uma
maior produção.
E nessas minhas
andanças pelo interior, aqui na região de Buriti dos Lopes e redondezas, região
conhecida pelo plantio em boa escala de arroz de vazante, ainda há certa
resistência quando se fala em trabalho em cooperativa. Não deveria ser assim,
mas acaba ocorrendo uma desavença ou descontentamento aqui e mais ali. Se a
gente for à procura da raiz dessa falta de espírito coletivo vai ver mais
adiante que sempre houve uma má distribuição de terras pra plantio na região,
muita terra em mãos de poucos assim como poucas culturas produtivas. Mas a
gente espera que a partir de agora a coisa mude.
Por Pádua Marques
Jornalista e Escritor
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