Por: Benedito Gomes(*)
Há alguns dias fui surpreendido com a imprensa dando a notícia de que os professores tiveram um aumento de 13.5%, passando a ganhar como piso salarial R$ 1.917,00 (hum mil novecentos e dezessete reais) mensais. Meu Deus! Sequer chega a R$ 2.000,00 (dois mil reais). E eu pensava que um professor ganhasse muito mais.
Olha, quem como eu estudou até os anos 70, fez 5 anos de curso primário, 4 de ginásio, 3 de curso normal ou suplementar; mais 01 ano de cursinho e 4 ou 5 de Universidade, já se vão mais de 20 anos de estudos. Afora outros cursos de reciclagem, aperfeiçoamento, etc.
Quem queimou todas essas etapas é porque saia de sua casa pela manhã, à tarde e à noite. O tempo todo com um único pensamento e um só objetivo: vou me formar, trabalhar e ganhar dinheiro, o que é muito justo. Alguns, já adultos, trabalhavam durante o dia para estudar à noite, dando um duro danado para conseguir a tão desejada e difícil graduação em pedagogia. E finalmente veio a conclusão do curso, preparação para a formatura, a distribuição dos convites aos parentes e amigos... a aula da saudade, ato religioso (missa ou culto), colação de grau, festas abraços, sorrisos e a constatação: Enfim, somos pedagogos! Vamos aguardar um concurso, encarar muito trabalho em salas de aula... Mas, infelizmente, vem a triste realidade que é viver com o mísero salário que é pago ao profissional de educação.
O que também me surpreendeu bastante na imprensa foi novamente o mesmo assunto – aumento de salários. Só que desta vez de maneira diferente. O aumento era para os nossos deputados estaduais. Foram aumentos em 25%, que lhes proporciona agora ganhar em torno de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais); com mais uma verba de R$ 32.000,00 (trinta e dois mil reais) com o “honroso” nome de verba indenizatória, ou seja, o deputado tem R$ 1.066,00 (mil e sessenta e seis reais)/ por dia, para gastar com o que bem lhe convier. E mais: o digníssimo deputado tem ainda R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) mensais de verba de gabinete para distribuir portarias com quem bem lhe interessar, de preferência familiares e amigos. Assim sendo, o Piauí gasta por ano com um deputado R$ 1.644.000,00 (hum milhão seiscentos e quarenta e quatro mil), enquanto que com um professor apenas e tão somente R$ 23.004,00 (vinte e três mil e quatro reais) anuais.
Os países bem desenvolvidos só chegaram a tanto graças à educação ofertada a seu povo. E no Brasil? Não sei onde iremos parar com o tratamento dado aos nossos mestres. Sei que dinheiro não entra em sala de aula, mas competência entra. E do jeito que está aí, só mesmo devoção, dedicação e muito boa vontade. E a esperança de que, um dia, quem sabe, dias melhores virão para iluminarem nossos governantes a reconhecerem a importância dos nossos mestres.
Em tempo: Mesmo com o aumento do piso nacional de salários, professor em início de carreira ainda não ganha 2 mil reais, como piso. Enquanto isso, raros são os vereadores deste país- mesmo os de municípios pequenos - que ganham menos disso.
(*)Benedito Gomes é Contador(UFPI)
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