14 de fev. de 2015

As trempes frias e o tição apagado.

Se os políticos nordestinos, principalmente os governadores dos três últimos estados, tivessem realmente prestígio com o Governo Federal já estariam se mobilizando pra que fosse revertida ou dada uma resposta pra o problema das duas refinarias que a Petrobrás acaba de anunciar que ficaram no meio do caminho, desativadas, a primeira no Maranhão e a segunda no Ceará. É que no anunciado balanço do terceiro trimestre do ano passado a empresa informou uma redução dos investimentos previstos, algo em torno de R$2,56 bilhões.



Este montante de recursos seria aplicado na instalação de duas refinarias, a primeira no Maranhão, região de Bacabeira, 60 quilômetros da capital São Luiz. Havia previsão de abertura de mais de 25 mil empregos entre diretos e indiretos. Muita gente do setor hoteleiro já havia antecipado a abertura ou a expansão de negócios, construção de resorts com 150 quartos e coisa e tal. Com a desativação da refinaria a vaca está no brejo somente com o rabo de fora.
No Ceará a refinaria da Petrobrás seria a 60 quilômetros da capital Fortaleza, na região do porto de Pecém. Muita gente, assim como no Maranhão, já havia aplicado muito dinheiro expandindo ou abrindo negócios, pequenas indústrias, supermercados, hotéis, motéis, shopping centers, tudo se imaginando que seriam investimentos pra 90 mil empregos diretos e indiretos. A Petrobrás investiu R$2,75 bilhões nas obras das refinarias que juntas haveriam de processar algo em torno de 900 mil barris de petróleo por dia.
Estes projetos, segundo a empresa, foram cancelados porque os resultados econômicos não demostraram atratividade e o Ministério de Minas e Energia considera este momento extremamente delicado. A Petrobrás está saqueada por um dos maiores esquemas de corrupção da história do Brasil. Mas ao que parece a coisa vai ficar naquela base do deixa por isso mesmo. O Piauí, todo mundo sabe, acaba com este cancelamento das refinarias do Maranhão e do Ceará sendo muito prejudicado.
Geográfica e economicamente porque num raio de, salvo engano mais de mil quilômetros entre as duas obras, perde investimentos de médio tamanho, principalmente sua região norte, incluindo Parnaíba e sua capital Teresina. Investimentos que seriam puxados pela proximidade e no meio dos dois projetos. Claro que de médio tamanho, mas importantes pra o aquecimento da economia regional. E nessa situação estamos mais uma vez diante de mais uma perda dupla e imediata de investimentos industriais importantes.

Porque pela altura em que se encontram as labaredas tomando conta da corrupção na Petrobrás ninguém quer segurar ou retirar esta panela fumegante de cima das trempes porque tem medo de queimar os dedos. E a queima ainda há de ser grande. Coisa de passar dias ou até meses. Muita gente ainda vai entrar neste inferno e onde muita gente já está. Mas os três governadores nordestinos têm a obrigação de exigir reparos. Essa justificativa de “resultados econômicos não demostrarem atratividade” e “momento delicado” é apenas pretexto pra isolar essa região. Eu bem que gostaria que estes três governadores fossem exigir respostas do Governo Federal. Mas tenho certeza que eles, se forem, na volta vêm com o rabinho entre as pernas e satisfeitos com a desculpa.  E vão procurar, igual cachorro de pobre quando se bate o pé pra ele, um lugar aquecido entre as trempes frias e os tições apagados.


Por Pádua Marques
Escritor e Jornalista

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