8 de jan. de 2015

Zé Filho: “Decretos de emergência são para fazer contratos sem licitação”

Antonio José de Moraes Souza Filho vai inaugurar  em Teresina uma indústria de rações para gatos e cachorros. Este é um dos seus planos após deixar o cargo de governador dos piauienses. O outro é, durante as férias de 10 dias que vai tirar agora em janeiro, a leitura dos três volumes da biografia de Getúlio Vargas escrita pelo jornalista Lira Neto. Um terceiro é pensar bastante sobre a continuação da sua carreira política.
Foto: Thiago Amaral
Aproveitando a deixa, quero saber: o senhor ainda vai concorrer a qual cargo?
- Pode ser a deputado federal, quem sabe?, responde com uma indagação.
Aos 44 anos, ele – proprietário de duas cerâmicas em Parnaíba -  já foi vereador e prefeito da segunda maior cidade do Piauí, deputado estadual por 2 mandatos, Vice e Governador do Estado. Estudante de Administração na faculdade Cesvale, o marido da deputada estadual Juliana Moraes Souza (PMDB) reassumiu o cargo de presidente da Federação das Indústrias do Piauí, onde já está reeleito para um mandato entre os anos 2016 e 2019.
Zé Filho, com o é mais conhecido, concedeu ao O Olho a primeira entrevista depois da posse de Wellington Dias (PT), com quem concorreu à eleição no Palácio de Karnak. Nela, ele respondeu de forma incisiva a essa e  outras perguntas sobre diversos assuntos, entre elas as críticas dos petistas, mágoas da campanha e a relação com Marcelo Castro e outros caciques PMDBistas.  
Nos últimos dias de governo, o senhor jogou a toalha ou foi jogado nas cordas?
- Não teve nada disso. É mais uma invenção plantada na mídia contra mim.
Foto: Thiago Amaral
Mas o senhor há de convir que....
- Rapaz, eu apenas me reservei o direito de não ficar o tempo todo concedendo entrevista para me defender. O secretário João Henrique foi escalado para esse papel.
O senhor acreditava na vitória contra Wellington Dias?
- Eu sabia que era muito difícil. Isso devido ao maior cabo eleitoral dele.
E qual era ele?
- O Bolsa Família. Quem recebe esse tipo de benefício, que eu acho justo socialmente, não deveria votar. É uma compra de voto legalizada.
A candidatura de Wilson Martins ao Senado foi prejudicado pelo desempenho do seu Governo?
- Não, tudo que fizemos na campanha foi combinado. Ele perdeu para uma onda.
Por que tantos secretários estaduais abandonaram seu Governo?
- Foram discordâncias meramente técnicas e administrativas. Nada pessoal ou profissional. Todos continuam em meu círculo de amizades.
Foto: Thiago Amaral
Ficou alguma mágoa de Marcelo Castro?
- O primeiro telefonema que recebi após o resultado da eleição foi dele. Nossa amizade se estreitou mais ainda. É um grande amigo.
Como está sua relação com o seu Vice, Sílvio Mendes?
- Aprendi muito com ele nesse período, como político e como cidadão. É um exemplo de retidão, seriedade e ética.
Foto: Thiago Amaral
Se sente injustiçado com as acusações dos petistas sobre as finanças do Karnak?
- Historicamente, as finanças do Piauí sempre estiveram apenas mais ou menos equilibradas. Nunca totalmente como deveriam. Mas sei bem o que eles querem com isso.
E o que seria?
- Criar dificuldades para vender facilidades. Esses decretos de emergências são midiáticos e vão servir apenas para fazer contratos sem licitação.
Dias disse que o senhor deixou o Piauí no Serasa.
- E é verdade. E isso se deve a processos que estamos respondendo ainda dos dois primeiros mandatos dele. Nem tem nenhum meu ou do Wilson Martins. E tem outros motivos.
E quais são eles?
- Os petistas do Piauí terem prendido  verbas federais no Banco do Brasil e na Caixa Econômica. Não recebi um real de financiamento de Brasília.
Os fornecedores estão reclamando muito, né?
- Eles só reclamam de governador que perde eleição. Wilson Martins recebeu os cofres piores do que estou entregando a Wellington Dias e ninguém chiou.
Se fala também em outros atrasos de compromissos financeiros.
- Pois vou lhe dizer uma coisa: recebi o governo com os terceirizados com salários atrasados em seis meses. E entreguei com atraso de três meses.
Os pagamentos foram feitos corretamente?
- Disse que eu não iria fazer, mas paguei novembro, o 13º e comecei a pagar dezembro. Conforme a tabela, o novo governador é que tem de honrar o restante.
Foto: Thiago Amaral
Que avaliação o senhor faz dos dois mandatos do seu tio, o Mão Santa?
- Teve muitos méritos. E era bastante popular. O defeito foi o populismo excessivo.
Qual nota daria para o Governador Zé Filho?
- Há pouca possibilidade de avaliação. Em noves meses, fiquei três lutando para ser candidato a governador. E depois, dois em campanha contra Wellington.
Quais críticas faria ao começo do governo petista?
- E precisa? Ele fala em economia e traz 11 suplentes para a Assembleia. Deveria era fazer um choque de gestão diminuindo o número de secretarias. Mas eles estão sendo usadas para acomodações politiqueiras.   
 Pretende escrever as memórias do seu Governo?
- Sim. Deixa o sangue esfriar. Não quero comentar injustiça. Vai ser de cabeça fria, mas vou falar tudo, toda a verdade.
Como gostaria de passar à história do Piauí?
- Como alguém que não envergonharia, mas sim orgulharia aos meus pais e aos meus familiares.
Quem o senhor admira na política do nosso Estado?
- Petrônio Portela é um símbolo, um exemplo do que precisamos. Tem de surgir outro com esse mesmo perfil e prestígio em nível nacional.
Foto: Thiago Amaral
E quais jovens têm futuro na nossa política?
- Gosto do estilo competente do Luciano Filho e do Rodrigo Martins. Eles são do ramo e vão surpreender muita gente.
O parnaibano Alberto Silva foi o maior governador dos piauienses?
- Se tiramos do nosso mapa as inúmeras obras feitas por ele, vai ficar pouca coisa. Foram muitas realizações
O que pretende fazer à frente da Fiepi?
- Concluir em Parnaíba a reforma de duas escolas profissionalizantes no valor de 20 milhões de reais. E mais três prédios em Corrente, Bom Jesus e São Raimundo Nonato.
Foto: Thiago Amaral

Fonte: O Olho.com
Por Francisco Magalhães 

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