Sr. Governador,
Há alguns anos venho acompanhando a política no Estado do Piauí, às vezes como figurante, participando também, de alguma forma, do processo. Já vi candidato fazer grande campanha eleitoral e, depois de eleito, fazer um governo pequeno. E devo dizer que seus dois primeiros mandatos só foram grandes pelo período que duraram, ou seja, mais de 7 anos, embora tenha sido melhor do que seu sucessor que foi, sem dúvida, o pior dos piores.
Benedito Gomes |
Vi em seu discurso de posse o senhor tratar de um assunto já tão batido e abatido! Refiro-me ao Porto de Luiz Correia, destruído pelas ondas do mar, pela falta de planejamento e, talvez, até por atos de corrupção. E o senhor disse em entrevista à imprensa que vai terminar o Porto com R$ 250.000.000,00 (duzentos e cinquenta milhões de reais). Governador! o Porto, o que precisamos não é terminá-lo, mas exterminá-lo, visto que ele é 100% inviável e 100% desnecessário. E explicamos as razões:
1º) - Inviável porque o calado do Porto é de apenas 07 (sete) metros de profundidade e hoje os navios economicamente comerciais transportam de 50 mil toneladas para mais, para o que é necessário um calado de pelo menos 12 metros, no mínimo. Claro, existem dragas que fazem o aprofundamento do canal e do cais de atracação, porém, a diária de uma draga dessas custa R$ 60.000.00 (sessenta mil reais). Para um Porto que não produz um real por dia, não vale à pena.
2º) – Em qualquer Porto, a chegada por terra precisa de uma grande área conhecida por Retroárea ou retroporto, onde são instalados grandes armazéns, escritórios, movimento de centenas de carretas, depósitos de containers, guindastes, etc. Aquela área do Shopping Amarração até o mar teria de ser desapropriada, murada, terraplanada e concretada. Significa que para um Porto funcionar ali seria necessário desapropriar metade da cidade de Luiz Correia. Basta lembrar que o Porto do Pecém, no Ceará, tem à sua disposição 1.300,0 (mil e trezentos) hectares. Em Luiz Correia não existe 1,0 (hum) hectare, sequer.
3º) – A Estrada de Ferro: Se não temos nada para exportar é a mesma coisa que temos para transportar. O Senhor Governador sabe muito bem que algum minério que futuramente for explorado no sul do Estado e algumas toneladas de soja que forem colhidas já tem destino certo: O Pecém (CE), Suape (PE) ou Itaqui (MA). Quero apenas lembrar que o Estado do Mato Grosso produzirá este ano, entre grãos e carne para exportar, algo em torno de 50 milhões de toneladas, cuja produção é exportada pelos Portos de Santos e Paranaguá, a mais de mil quilômetros de distância da área de produção, quer dizer, enquanto Mato Grosso luta em produzir cada vez mais, o Piauí insiste em querer exportar o que não tem. E tem mais: este conjunto Porto/ Estrada de Ferro e demais custos complementares, chegariam, em termos de recursos, a algo próximo de R$ 1.200.000.000,00 (hum bilhão e duzentos milhões de reais). Se alguém tem esse dinheiro para investir sem a mínima garantia de retorno, está aí uma grande oportunidade.
Caro Governador! Vi diversas vezes o senhor falando da péssima situação financeira em que se encontra o Estado, mas mesmo assim o senhor mantém duas secretarias que devem consumir alguns milhões de reais. Trata-se da Secretaria de Mineração e Companhia de Gás do Estado (Gaspisa),ambas servindo apernas de cabide de emprego, supõe-se. Por que? O Piauí possui, senhor Governador, mais de três milhões de pessoas, centenas delas com mestrado, doutorado, com honestidade à toda prova, além de larga experiência testada em universidades, currículo exemplar... Será que homens e mulheres com este perfil não servem para lhe ajudar a governar o Estado? Ou não serão capazes de adaptarem-se ao tipo de governo que tivemos nos últimos anos? Ou será que para auxiliar um governador só serve quem tem mandato?! Sim, porque o Senhor nomeia secretários políticos que foram eleitos e convoca para exercerem mandato aqueles que foram derrotados pelo povo, os suplentes, que vão ser os representantes da população. Isto é um desrespeito! E tem mais, governador. Todos os piauienses estão a se perguntar o seguinte: O capitão Fábio Abreu, brilhante oficial da Polícia Militar do Piauí, candidatou-se e foi eleito deputado federal, não tivesse sido eleito o senhor o convidaria para ser Secretário de Segurança? Afinal, o que mais influiu na escolha: o mandato, a patente a competência ou a suplência? Ou foi apenas e tão somente sua vontade pessoal e pronto?
Senhor Governador, com o quadro que aí está, parece que o Senhor quer retificar um motor batido com peças usadas vindas de outras máquinas também enferrujadas. Isso é um tapa na cara do povo do Piauí que tão bem sabe votar. Afinal, temos o governo que merecemos.
Com respeito e estima, um forte abraço
Benedito Gomes – Contador (UFPI)
Confira abaixo algumas fotos atuais do "Porto"
Fotos: Kleber Nogueira
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