26 de jan. de 2015

A negligência do poder público também na arborização da cidade!!! (*)



A população de Parnaíba-PI é essencialmente urbana. Mesmo o reduzido contingente rural possui hábitos urbanos, usando a cidade como local de lazer, negócios, estudos, prática religiosa, residência, transitando com veículos que se juntam aos da cidade comprometendo o já conspurcado meio ambiente.
O que pode melhorar o ambiente urbano? Árvores, sim árvores!
As árvores são essenciais, inclusive à vida dos seres urbanos. Isso porque, por exemplo: a) reduzem a poluição do ar, provocada principalmente pela queima de combustíveis dos veículos automotores e indústrias; b) minimizam a poluição sonora; c) equilibram a temperatura da cidade; d) amenizam a força do vento; e) servem de habitat para os pássaros que enfeitam nosso cotidiano; f) protegem o lençol freático; g) evitam o ressecamento do ar através da transpiração; h) fornecem sombra para automóveis e pessoas; i) embelezam a paisagem. Nas sábias palavras do Professor Alexandre Barnewitz, "se o asfalto e o concreto embrutecem, a árvore humaniza".
A arborização urbana, definida como toda vegetação que compõe o cenário ou a paisagem urbana, é um dos componentes bióticos mais importantes das cidades. Tecnicamente, a arborização urbana é dividida em áreas verdes (parques, bosques, praças e jardins) e arborização de ruas (vias públicas).
Nos últimos dez anos a Prefeitura de Parnaíba não conseguiu desenvolver um programa de arborização urbana. Pela necessidade e importância do tema, em 2010, como vereador eu apresentei o Projeto de Lei que tratava da questão: “Fica criado o Programa Municipal de Arborização Urbana de Parnaíba - PI, destinado a desenvolver ações para implantação, gestão e conservação das áreas verdes urbanas, visando à ampliação da cobertura vegetal urbana” (Art. 1º). A Lei está por aí em alguma gaveta, como tantas outras importantes e que não são cumpridas pelo Executivo. Seria negligência?!
O Plano de Governo do prefeito Florentino Neto (PT) dedicou atenção especial à arborização. No capítulo “Gestão Ambiental”, traz textualmente: “Implantação do Programa Municipal de Arborização e Ajardinamento; Implantação de um Viveiro Municipal”. Parece que do plano restou apenas a criação da pomposa Superintendência de Parques, Praças e Jardins, com status de secretaria.
Aqui, a falta de cuidado com as áreas verdes existentes é flagrante. Em dois anos de mandato, registra-se apenas um arremedo de reforma realizado na Praça da Graça, reforma da Praça Santa Izabel, e a retirada dos ambulantes da Praça da Santa Casa (festejada como a obra do século), em contrapartida estão se ocupando (eliminando) duas praças importantes da cidade: a do bairro Piauí, em que se constroem unidades de saúde e quadra de esportes; e a Praça do Chico Berto, igualmente usada para construção de outros equipamentos públicos. As obras são importantes, mas não teria outra área?!
Uma cidade que já cuida mal das suas praças, eliminar as existentes me parece uma insanidade!
O tema assume importância, igualmente, quando atentamos para o fato de ser o espaço urbano o alvo das mais radicais transformações em relação ao mundo natural, cujas consequências, por si só, atingem sensivelmente o equilíbrio ambiental, o que significa aviltamento da nossa qualidade de vida.
A sorte é que alguns bons parnaibanos criam e cuidam de determinados espaços verdes.
Esses merecem o reconhecimento público. Também no meu mandato, em 2010, propus e foi aprovado unanimemente uma simbólica homenagem a alguns abnegados cidadãos que cuidam, com esforço próprio e às suas expensas, de pequenos trechos do canteiro central da Avenida São Sebastião. Eles não esperaram passivamente que a Prefeitura fizesse a sua parte de cuidar da cidade. Parabéns!!!
A Prefeitura observando isso lançou um programa chamando a população para compartilhar o cuidado com as praças, o que é interessante. A gestão compartilhada é uma estratégia criativa que estimula a participação da população na valorização do patrimônio público. Mas em dois anos foram 6 praças reformadas e Parnaíba tem 55, nesse ritmo, quando vão ser reformadas as outras 49?  
Ter uma cidade com belos jardins, daqueles de encher os olhos, com praças e canteiros floridos é o sonho do parnaibano. Vendo fotografias da Praça da Graça e da Santo Antonio, no passado, quanta beleza. Porém, não há, hoje, nenhuma praça que possa ser comparada a esses antigos postais da cidade.
Para não dizer que não falei das flores, sobram sugestões: realizar inventário da arborização da cidade; recuperar o plano existente; exigir no licenciamento dos loteamentos a obrigatoriedade de aprovação de um plano de arborização; nas escolas, estimular o cuidado com o verde; arborizar o canteiro central das avenidas (e cuidar); realizar podas em árvores que possuem galhos secos, lascados ou podres, reprimindo a poda radical; extrair árvores que oferecem risco de queda ou têm problemas fitossanitários.
“Eu estou só. O gato está só. As árvores estão sós. Mas não o só da solidão: o só da solistência” (João Guimarães Rosa ).


(*) Fernando Gomes, sociólogo, cidadão, eleitor e contribuinte parnaibano.

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