A população de Parnaíba-PI é
essencialmente urbana. Mesmo o reduzido contingente rural possui hábitos
urbanos, usando a cidade como local de lazer, negócios, estudos, prática
religiosa, residência, transitando com veículos que se juntam aos da cidade comprometendo
o já conspurcado meio ambiente.
O que pode melhorar o ambiente urbano?
Árvores, sim árvores!
As árvores são essenciais, inclusive à
vida dos seres urbanos. Isso porque, por exemplo: a) reduzem a poluição do ar,
provocada principalmente pela queima de combustíveis dos veículos automotores e
indústrias; b) minimizam a poluição sonora; c) equilibram a temperatura da
cidade; d) amenizam a força do vento; e) servem de habitat para os pássaros que
enfeitam nosso cotidiano; f) protegem o lençol freático; g) evitam o
ressecamento do ar através da transpiração; h) fornecem sombra para automóveis
e pessoas; i) embelezam a paisagem. Nas sábias palavras do Professor Alexandre
Barnewitz, "se o asfalto e o concreto embrutecem, a árvore humaniza".
A arborização urbana, definida como toda
vegetação que compõe o cenário ou a paisagem urbana, é um dos componentes
bióticos mais importantes das cidades. Tecnicamente, a arborização urbana é
dividida em áreas verdes (parques, bosques, praças e jardins) e arborização de
ruas (vias públicas).
Nos últimos dez anos a Prefeitura de
Parnaíba não conseguiu desenvolver um programa de arborização urbana. Pela
necessidade e importância do tema, em 2010, como vereador eu apresentei o
Projeto de Lei que tratava da questão: “Fica criado o Programa Municipal de
Arborização Urbana de Parnaíba - PI, destinado a desenvolver ações para
implantação, gestão e conservação das áreas verdes urbanas, visando à ampliação
da cobertura vegetal urbana” (Art. 1º). A Lei está por aí em alguma gaveta,
como tantas outras importantes e que não são cumpridas pelo Executivo. Seria
negligência?!
O Plano de Governo do prefeito
Florentino Neto (PT) dedicou atenção especial à arborização. No capítulo
“Gestão Ambiental”, traz textualmente: “Implantação do Programa Municipal de
Arborização e Ajardinamento; Implantação de um Viveiro Municipal”. Parece que
do plano restou apenas a criação da pomposa Superintendência de Parques, Praças
e Jardins, com status de secretaria.
Aqui, a falta de cuidado com as áreas
verdes existentes é flagrante. Em dois anos de mandato, registra-se apenas um
arremedo de reforma realizado na Praça da Graça, reforma da Praça Santa Izabel,
e a retirada dos ambulantes da Praça da Santa Casa (festejada como a obra do
século), em contrapartida estão se ocupando (eliminando) duas praças
importantes da cidade: a do bairro Piauí, em que se constroem unidades de saúde
e quadra de esportes; e a Praça do Chico Berto, igualmente usada para
construção de outros equipamentos públicos. As obras são importantes, mas não
teria outra área?!
Uma cidade que já cuida mal das suas
praças, eliminar as existentes me parece uma insanidade!
O tema assume importância, igualmente,
quando atentamos para o fato de ser o espaço urbano o alvo das mais radicais
transformações em relação ao mundo natural, cujas consequências, por si só,
atingem sensivelmente o equilíbrio ambiental, o que significa aviltamento da
nossa qualidade de vida.
A sorte é que alguns bons parnaibanos criam
e cuidam de determinados espaços verdes.
Esses merecem o reconhecimento público. Também
no meu mandato, em 2010, propus e foi aprovado unanimemente uma simbólica
homenagem a alguns abnegados cidadãos que cuidam, com esforço próprio e às suas
expensas, de pequenos trechos do canteiro central da Avenida São Sebastião. Eles
não esperaram passivamente que a Prefeitura fizesse a sua parte de cuidar da
cidade. Parabéns!!!
A Prefeitura observando isso lançou um programa
chamando a população para compartilhar o cuidado com as praças, o que é
interessante. A gestão compartilhada é uma estratégia criativa que estimula a
participação da população na valorização do patrimônio público. Mas em dois
anos foram 6 praças reformadas e Parnaíba tem 55, nesse ritmo, quando vão ser
reformadas as outras 49?
Ter uma cidade com belos jardins,
daqueles de encher os olhos, com praças e canteiros floridos é o sonho do
parnaibano. Vendo fotografias da Praça da Graça e da Santo Antonio, no passado,
quanta beleza. Porém, não há, hoje, nenhuma praça que possa ser comparada a
esses antigos postais da cidade.
Para não dizer que não falei das flores,
sobram sugestões: realizar inventário da arborização da cidade; recuperar o
plano existente; exigir no licenciamento dos loteamentos a obrigatoriedade de
aprovação de um plano de arborização; nas escolas, estimular o cuidado com o
verde; arborizar o canteiro central das avenidas (e cuidar); realizar podas em árvores que
possuem galhos secos, lascados ou podres, reprimindo a poda radical; extrair árvores que oferecem
risco de queda ou têm problemas fitossanitários.
“Eu estou só. O gato está só. As árvores
estão sós. Mas não o só da solidão: o só da solistência” (João Guimarães
Rosa ).
(*) Fernando Gomes, sociólogo, cidadão,
eleitor e contribuinte parnaibano.
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