Por: Pádua Marques(*)
Não sou eu quem diz não, mas as estatísticas do IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, um dos poucos órgãos acreditados neste findo primeiro governo de Dilma Rousseff, depois daquele outro que dá previsão do tempo toda noite no Jornal Nacional e com aquela moça linda, a Michele Loreto. Estes dados pros piauienses já seria motivo pra deixar todo mundo aqui com a cara calçada de vergonha. O Piauí nem passa perto dos seus colegas no Norte e Nordeste quando se fala em concentração de empresas de alto rendimento.
A definição é de que empresa de alto rendimento é toda aquela que tem a partir de dez pessoas assalariadas e apresenta crescimento de pelo menos 20% no quadro de pessoal por um período de três anos. Esta definição está dentro das estatísticas do Cadastro Central de Empresas e Pesquisas Estruturais do IBGE, pras áreas de indústria, comércio, serviços e construção, o CEMPRE. A concentração destas empresas é maior nas regiões
Norte e Nordeste. Deste total pouco mais de 11%, responsáveis por pouco mais de um quarto do pessoal ocupado.
O Piauí, figura conhecida no Nordeste pela sua insignificância política e econômica, se deixou passar pelo vizinho Maranhão, que tem 13,4% e que por incrível que possa parecer está entre os maiores em proporção de empresas de alto rendimento. O Maranhão é seguido pelo Ceará, nosso vizinho da direita, com 12,4%. Na região Norte está Roraima, cercada de mato pelos quatro cantos, com seus 12,5% na mão, feito velho segurando o dinheiro da aposentadoria na porta do banco. O Piauí figura sim, na lista infame daqueles estados que menos contribuem com o PIB, Produto Interno Bruto, a soma de toda a riqueza produzida, seja, indústria, comercio e serviços.
E nas estatísticas do IBGE estão informações ainda mais preocupantes sobre o Piauí, que mais parece um caminhão daqueles bem velhos, feios, com cara chata de fenemê, sem placa e sem freios, se esfarelando, papocando e fazendo fumaça por tudo é quanto buraco da boleia enquanto desce uma ladeira. Pode parecer exagero de figura, mas não é nada disso não. É feia a situação do Piauí no meio dos outros. Pouco mais de três quartos de seus municípios estão entre aqueles que menos contribuem pra o PIB brasileiro, a maior porcentagem entre os estados brasileiros.
Um dos poucos economistas piauienses a dar opinião sobre os números do IBGE divulgados na semana passada, o professor da Universidade Federal do Piauí, Francisco Pancrácio, apenas repetiu aquilo que qualquer vendedor de coco da praia de Atalaia ou do Coqueiro já sabe faz muito tempo. Que o PIB do Piauí depende do Governo e do comércio e tem baixa participação em outros setores como indústria, extrativismo e agropecuária. Mais de três quartos do PIB piauiense, ainda repetindo o nosso eminente professor, vem de apenas 22 municípios. Os outros 202 comem o que sobra. Nem dá pra pagar a passagem do ônibus.
(*)Pádua Marques é escritor e jornalista
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