27 de dez. de 2014

Joaquim Saraiva, o teatro e Noé


Por:Pádua Marques(*)
Nestes dias que antecederam ao Natal eu acompanhando as postagens nas redes sociais me deparei com um apelo de Joaquim Saraiva, o corajoso ator e diretor que está fazendo há muito tempo por sua única e exclusiva conta uma casa de teatro em Parnaíba, mais precisamente na avenida Nossa Senhora de Fátima. Ele pedindo ajuda pra, nas finalizações desta imponente obra, ter condições de comprar as poltronas. Cogitava ele até de vender um seu imóvel em Luiz Correia pra ajudar no montante do capital.
Eu não necessito ficar aqui desfiando a biografia pessoal e profissional de Joaquim Saraiva porque seria apenas repetir aquilo que todos nós estamos cansados de saber. Mas apenas pra falar das últimas. Ele acaba de ter publicado um livro duplo, Reino da Palhaçada e, Amigo Velho, uma peça pra adultos e outra pra crianças, já conhecidas e reconhecidas pela crítica e pelo público. E agora aqui vendo prestes a encararmos mais um ano novo, 2015, me vem a recordação de um filme recente muito bonito e que trata da persistência humana, Noé, com Russel Crowe.
Pois este Noé, que não tem nada a ver com o Papai Noel do Natal, que todos, desde os vizinhos até os mais distantes, no seu tempo sabiam ser ele um sujeito muito carne de pescoço, resolveu depois de um pedido de Deus construir uma arca do tamanho da lagoa do Portinho e nela colocar todos os animais para salvá-los da destruição da Terra, saiu em busca de terra firme aonde pudesse reconstruir a raça humana longe de todos os defeitos.  E de nada adiantaram as dificuldades que foram imensas pra conseguir sua missão.
Noé encontrou resistência até entre mesmo seus filhos. Foi perseguido pelos vizinhos e inimigos. Suportou a cobiça, a inveja, a ira e toda sorte de situações, mas finalmente deu por cumprida sua missão. Saraiva é um Noé destes anos todos nesta terra tão árida de cultura e de empreendedorismo como é a Parnaíba. Está finalizando a construção de um teatro que merecidamente leva seu nome, com 304 lugares, salas pra os mais diversos cursos entre outras manifestações. E tem sido difícil concluir apenas com recursos próprios.
Já andou sacrificando dinheiro de sua aposentadoria. Chegou a vender imóveis, pediu empréstimos e mais grave, recebeu promessas e mais promessas de políticos da hora e que quiseram pegar carona no feito. Dessas promessas nenhuma delas chegou a se concretizar. Mas Joaquim Saraiva, natural de Floriano, bacharel em administração de empresas, jornalismo, rádio e televisão, o nosso Noé do teatro, continua com a firme obstinação de concluir aquele que deve ser o primeiro e mais bem aparelhado teatro de Parnaíba. 
E entra este ano de 2015 dentro de mais alguns dias e Joaquim Saraiva está novamente de volta pedindo ajuda. Quase 90% da obra está concluído. Faltam apenas as poltronas, que são caras, mas devem pela finalidade ser confortáveis. Ninguém estende a mão. Ninguém dá uma força. Somente alguns poucos amigos acenam com estímulo pra que não pare. Com este teatro Parnaíba certamente há de dar um salto imenso no apoio de espaço pras suas manifestações culturais. E a gente vê a toda hora sair dinheiro público pra tantas outras coisas, mas pra ajudar a quem muito já fez e há de fazer pela cultura parnaibana e piauiense.
(*)Pádua Marques é jornalista e escritor

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