Na saída do trabalho, Heloísa Paixão, de 23 anos, repara num senhorzinho. Uns 70. Quando chega perto, ele tasca: “Se eu te pego, tu não aguenta, novinha”. Ela ri, surpresa. E se revolta:
— Chega no ônibus, dá uma de idoso e quer que eu dê lugar. Que papo é esse?
Cansadas de ouvir tantos absurdos, as paulistas se uniram numa campanha batizada de “Chega de fiu fiu”, que vem fazendo barulhos nas redes sociais. Nas ruas do Rio, o assunto é polêmico.
— Um “linda” levanta a autoestima. Agora, tem homem abusado. A gente fica envergonhada, pra baixo. Por isso, eu apóio a campanha — pondera a operadora de caixa Beatriz Corrêa, de 37 anos.
Professor de cantada, aclamado pelos amigos no Piscinão de Ramos, o técnico em telecomunicações Bruno Nabte, de 38 anos, dá nota zero aos “homens desagradáveis e sem noção”.
— É ridículo um homem chegar puxando cabelo, encostando e falando besteira pra mulher. Isso é falta de respeito. Eu tenho filha e irmã, que é isso? — questiona, aplaudido pelas meninas.
Para ele, o grande trunfo da conquista é a técnica universal do “olho no olho”.
— Você tem que olhar, sorrir e, se sentir que ela correspondeu, chegar perto.
Foi assim que os namorados Acácio Tavares, de 29 anos, e Isabela Araújo, 24, se conheceram, há cinco meses. Ele já estava de olho na bela morena, sua vizinha, em São Cristóvão. Um dia, ela passava na rua, trocaram olhares e a conversa começou.
— Para chegar perto, você tem que perceber uma brecha. Se for chegando, a cha nce é de 80% de parecer um louco. Não dá certo. Eu cheguei cumprimentando, conversando. O cara que dá cantada pesada em mulher não consegue nada. Acho feio.
Entre a mulherada, o veredito é unânime: cara abusado, que chega com palavras vulgares é tachado logo de “mané”. A autônoma Josielly da Silva, de 25 anos, se diverte com as cantadas:
— Como é que o sujeito vai me chamando de gostosa? Não experimentou.
E nem vai.
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