Samba de uma nota só

Por:Zózimo Tavares(*)

Quando assumiu o seu primeiro mandato de governador, em 2003, Wellington Dias não quis saber de dar estocadas em seus adversários. Cuidou para que eles mesmos se atacassem uns aos outros, criando mal-estar nos partidos de oposição. Ao longo do mandato, muitas lideranças - inclusive do PFL - aderiram ao governo e outras poucas se mantiveram na oposição.

Com essa estratégia, o petista afastou as pedras do seu caminho com facilidade. Ele lançou mão dela até mesmo contra aliados de campanha os quais não queria por perto. Foi o caso do senador Mão Santa, seu principal cabo eleitoral nas eleições de 2002.

Como o senador seria seu potencial concorrente na campanha da reeleição, o governador puxou quem quis do PMDB para seu governo e deixou Mão Santa sem chão. Nas eleições seguintes, então, os peemedebistas, aboletados em cargos no governo, ficaram contra a candidatura própria do partido, representada por Mão Santa, e apoiaram a reeleição do petista.

Wellington usou a mesma fórmula em todos os momentos. Não alterou nada dela. Agora, quando se prepara para exercer seu terceiro mandato de governador, recorre outra vez à mesma jogada ensaiada. Já rachou o PDT. O presidente do partido, Flávio Nogueira, que estava no palanque do atual governo até o mês passado, mudou de lado.

O PDT busca apressadamente a sombra do poder, com medo de ficar ao sol, e deixa o deputado Robert Rios pregando no deserto. O PSD do deputado federal Júlio César, até ontem governista, também já se acertou com o novo governo. Os que, no partido, resistem a essa adesão ficarão também falando sozinhos.

O novo governador vai investir, claro, no PMDB do governador Zé Filho. Primeiro, entretanto, tratará de criar uma tempestade no partido, para baixar a bola dos adesistas. E, quando passar a caneta ao sucessor, Zé Filho corre o risco de, no seu partido, ter apenas a deputada Juliana Moraes Souza a acompanhá-lo. 

Nesse samba de uma nota só de Wellington Dias, todos dançam.