23 de out. de 2014

Superação: Pesquisadora com deficiência visual conclui mestrado na UFPI


"Preconceito existe e é muito forte. O mais doloroso é você conviver com alguém durante anos, e esta pessoa passar por ti no cruzamento de uma avenida e não te ajudar a atravessar, faz de conta que não te conhece e ainda passa calado para que você não reconheça a voz. É por isso que em determinados momentos você se questiona se está no caminho certo".

O depoimento é da professora Rogéria Rodrigues, ela é deficiente visual e fez sua dissertação sobre o processo de inclusão do deficiente físico nas universidades piauienses. Atualmente, ela é pesquisadora do Núcleo de Estudos em Educação Especial e Inclusiva (NEESPI) da Universidade Federal do Piauí (UFPI). A conquista mostra que ela está no caminho certo e venceu uma batalha importante contra o preconceito.

Com uma história de superação, Rogéria ingressou na UFPI em 2004, classificada em terceiro lugar ainda pelo PSIU (Programa Seriado de Ingresso na Universidade). As dificuldades foram inúmeras para concluir a graduação em Pedagogia. A maior parte das despesas foram bancadas pela própria aluna, que reforça o apoio incondicional da família e dos amigos para entrar na Universidade.

"Na época que eu cheguei não tinha essa política dos Bolsistas da PRAEC, a gente tinha que se virar como podia. Eu pegava a xérox no mesmo lugar que as outras pessoas. Elas se sentavam no banco e começavam a ler, já no meu caso eu tinha que pagar alguém para poder gravar e, então, estudar", pontua.

A situação ganhou novos contornos no final de 2005, quando as professoras Solange Paixão e Ana Valéria Marques criaram o NEESPI. O núcleo conduziu as discussões sobre a inclusão do deficiente físico no ambiente acadêmico. Foi nesse período que começaram as reformas pela Instituição, incluindo a criação de rampas e acessos a cadeirantes, a criação de duas salas na Biblioteca com impressoras braile, computadores e softwares adaptados aos usuários.

Quanto aos bolsistas, a UFPI deu início a esse projeto no ano de 2007. A prática visa fornecer um suporte para o aluno com deficiência física que passa a receber o auxílio de um colega de turma. O colega recebe uma bolsa em dinheiro por conta dos serviços prestados. Rogéria passou a contar com o auxílio deste benefício ainda na graduação e durante o mestrado.


Ascom

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