A
semana foi marcada pelo episódio de apreensão do motorista do Senador
Wellington Dias (PT) conduzindo um veículo de Brasília ao Piauí, portando R$
180 mil em dinheiro vivo. Afora as fajutas declarações do senador que afirmou
que não tem a ver com isso, chama-nos à atenção o processo de banalização da
corrupção eleitoral.
Em
textos veiculados pelas redes sociais e como nota oficial da sua campanha de
candidatura ao governo do Piauí pelo Partido dos Trabalhadores, Wellington Dias
não poupou críticas à emissora Rede Globo de Televisão, onde afirmou que esta
agiu irresponsavelmente e sem seriedade ao noticiar que um carro seu fora preso
e apreendido com a quantia em dinheiro citada acima.
O
fato ganhou repercussão nacional pela Globo que veiculou a matéria no Jornal
Nacional. Wellington se apressou em declarar que o seu motorista estava de
férias (confirmou ser funcionário do seu gabinete), portanto não estava a seu
serviço, disse ainda que o dinheiro não é dele e que o motorista flagrado é que
tem que se explicar. Ele (Wellington) não sabe de nada, não tem nada a ver com
isso.
Esta
saída clássica: “eu não sei de nada!” já é um modus operandi do PT, lembram do Lula quanto ao mensalão, ele não
sabia de nada; da Dilma com a aquisição milionária da refinaria de Pasadena nos
EUA e que deu um rombo enorme na Petrobrás e hoje é investigada em CPI, ela
também não sabia de nada, apesar de ter assinado a autorização de compra.
Engraçado
é que alguns veículos da “imprensa séria” deste estado todo dia rasgam notas
que beneficiam politicamente Wellington Dias, numa flagrante tomada de partido
em seu favor. Diariamente são veiculadas
matérias muito mais distantes da ética e do respeito às pessoas, onde agridem os
outros candidatos e mostram parcialidade com o objetivo de influenciar no
pleito eleitoral. Isso pode?!!
Para
entender melhor esta situação vamos voltar um pouco no tempo, vamos retroagir a
1980... onde a situação brasileira era caótica e no imaginário social todos os
partidos eram tidos como corruptos, todos os políticos eram sujos. Esta
premissa foi o que embasou os “companheiros” a fundarem o Partido dos
Trabalhadores. Ética na política era o que faltava ao Brasil. Então, “nós, os
bons, vamos nos juntar e dar um jeito nisso”. Assim nascia a agremiação
política que iria mudar o país. Ora, se ninguém prestava tava fácil fazer
oposição! A motivação e o compromisso inicial foram perfeitos!!! Depois deu no
que deu...
Nessa
linha de pensamento, com discurso oposicionista duro e fundamentado (é bom que
se diga), após várias tentativas concorrendo à presidência da república chega
ao poder pelos braços do povo, Luis Inácio Lula da Silva, em 1993. Ele governa
o país por dois mandatos e reelege Dilma Rousseff, em 2010.
Nestes
quase 12 anos de poder o PT têm méritos sim! Nossa afirmação é diferente do
cinismo que muitos petistas insistem em reproduzir que só eles é que mudaram a
cara do Brasil. Estes são incapazes de reconhecer os avanços dos 8 anos de FHC.
Tentam esconder também que nestes últimos 12 anos, o país foi marcado por
sucessivos escândalos de corrupção. Entre eles, o de maior repercussão foi o
mensalão que pôs “pela primeira vez na história desse país”, atrás das grades,
gente de primeiro escalão e muito poder. Petistas históricos que tinham uma
biografia que não se coaduna com as pilantragens que restou provado nos autos
do processo do STF. E, mais recente o escândalo da Petrobrás, desvio de cerca
de R$ 10 bilhões, o que transforma o mensalão em “café pequeno”. Onde vão parar
o cinismo e a pouca vergonha desse povo?
No
PT também tem muita gente boa, só que estes não influenciam nas decisões. Lá,
quem dita as regras é o lado podre, que tenta passar uma imagem para a
sociedade de que há democracia plena e respeito às decisões coletivas, pura
enganação! Observadores políticos em todo o território nacional declaram que
o PT, hoje, mantêm a mesma prática dos
outros partidos que passaram a vida toda condenando. Os petistas se zangam com
esta constatação, mas é um fato! Muito embora não assumam o estilo e com mais
competência!
Em
todo lugar tem gente boa e gente ruim. Só que os petistas se esqueceram de
lembrar que há pessoas boas também nos outros partidos políticos. Os ruins do
PT é que se arvoram a deuses e tentam se esconder atrás de suas práticas
corruptas e saem enlameando todo mundo. Os petistas podiam gritar “Fora Collor”,
“Fora FHC”, hoje é proibido colar um adesivo “Fora Dilma” no meu, no seu carro.
O individual e inalienável direito de manifestação não pode ser exercido. Uma
falsa moral que dá nojo!
Passados
mais de 30 anos de sua ação política o que o PT pode dizer à sociedade
brasileira, sem os vocábulos da hipocrisia e de arrogância que permearam toda
esta fase de gerenciamento do país? Se em 1980 a situação era caótica o que se
dizer agora? A prática política petista elimina as possibilidades de
participação social, o PT se enxerga como protagonista deste impedimento? Os
movimentos sociais e sindicais foram cooptados, onde estão? Onde estão as lutas,
as bandeiras por justiça social? Isso assusta...
(*) Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e
contribuinte e parnaibano.
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