Quem leu o livro ‘Sonho Grande’, da jornalista Cristiane Correa, que conta os bastidores da trajetória do homem mais rico do país, Jorge Paulo Leman e de seus sócios Marcel Teles e Beto Sicupira, ficaria impressionado como o ‘empresário’ José Martinho Ferreira de Araújo conseguiu transformar seu negócio em algo promissor.
Ao que parece ele tem seguido à risca a multiplicação de seus ganhos vendendo cerveja tal qual o maior triunvirato empresarial brasileiro e do mundo. Até os donos do maior complexo de cervejaria do globo ficariam impressionados com tamanha façanha.
Com tal proeza para a multiplicação de fortunas, certamente o lugar de Martinho não é no Senado Federal, com servidores burocráticos e rotineiros. O lugar de Martinho é no ramo empreendedor, vendendo bebidas.
Afinal de contas, ele também é dono da “Distribuidora de Bebidas Martins”, que vende cerveja, carvão, aluga mesas, freezeres e artigos para festas, além de churrasqueiras. O faturamento, segundo ele, é de R$ 200 mil ao mês. E sem funcionar até tarde da noite. As fotos que ilustram essa matéria são do local empresarial de Martins e da esposa.
O interessante é que fazendo cálculos com a venda de cervejas, que custa em média R$ 4,50 a garrafa, a caixa sairia por R$ 108,00. Se o faturamento da empresa de Martinho fosse só com a venda desse tipo de bebida, seriam necessárias 1.852 caixas de cerveja ao mês para atingir o faturamento de R$ 200 mil.
Chega a ser irônico que até a cervejaria de Jorge Paulo Leman no Brasil, a AMBEV, reclamou das parcas vendas no primeiro semestre deste 2014, período que antecedeu a Copa do Mundo. Mas Martinho, ao que parece, surfa na crista da onda.
Até porque ele não vende só cerveja, ele aluga mesas, freezeres e churrasqueira para festas, além de vender carvão. E embora seja somente sócio da empresa, consegue andar por aí com R$ 180 mil em notas de R$ 100,00 novinhas debaixo do banco traseiro de seu carro. Um empresário de dar inveja.
“Martinho explica que os R$ 180 mil são compatíveis com seus rendimentos como servidor do Senado e sócio-cotista de uma empresa de distribuição de bebidas em Brasília, cujo faturamento mensal é de R$ 200 mil”.
Esse trecho faz parte de uma matéria que foi publicada pelo Portal ‘Capital Teresina’, site de notícias que adotou uma linha editorial em defesa do primo do senador e candidato ao governo do estado Wellington Dias (PT).
O Portal ‘Capital Teresina’ falou com Martinho logo após sua liberação do Complexo Policial de Barreiras, na noite do fatídico 11 de setembro do PT. E o primo de W. Dias falou porque não seria questionado. Usou o site para dar sua versão adocicada sobre os fatos.
QUANTO MARTINS RECEBE NO SENADOO 180 apurou que no Senado Federal o cargo de José Martinho Ferreira de Araújo é o APSF04, segundo informações repassadas por um chefe de gabinete da Casa que tem acesso aos dados dos servidores. Quem possui esse cargo no Senado recebe exatos R$ 3.791,17 mensais.
Mas mesmo recebendo pouco assim, para os padrões do Senado, Martinho não está livre de apresentar sua declaração de Imposto de Renda. Afinal de contas ele recebe ao ano valor superior a R$ 24.556,65, quantia mínima exigida para a dispensa. Na sua declaração figuram informações valiosas, inclusive, se ele declarou ao fisco ou não fazer parte de uma sociedade. Uma cópia dela fica no próprio Senado Federal para controle interno.
Ao ser pego pela Polícia Rodoviária Federal com o dinheiro embaixo do banco traseiro de um Pálio Weekend, Martins falou que tinha como comprovar a origem do valor, fruto de sua labuta no comércio.
A Distribuidora Martins, ao contrário do que disse, não está localizada em Brasília, mas em uma cidade Satélite, Samambaia, uma região periférica do Distrito Federal.
Na noite da última terça-feira (16), o 180 conseguiu localizar Martinho em Brasília. Ele disse está “tranquilíssimo”. Também com um vidão empresarial desse não tinha como ser diferente.
Dentro da Distribuidora é possível ver estacionado um veículo semelhante ao Pálio apreendido pela PRF na Bahia
SOBRE AS FOTOSAs fotos que ilustram essa matéria foram tiradas por um petista de carteirinha, a pedido do 180. Até ele está indignado com a apreensão e ficou curioso para saber de que comércio saiu a dinheirama, embora não acredite que tenha saído de lá realmente.
Ele esteve no comércio durante o início da tarde e voltou durante a noite desta quarta-feira (17). Quando da foto noturna, alguém gritou: “tirando foto?”. Na “extensão da distribuidora”, segundo ele, “moram famílias”.
O endereço dado por Martinho à Polícia Civil da Bahia, onde prestou depoimento e não respondeu a nenhuma pergunta, bate com esse endereço comercial, onde uma atendente disse ser do comércio de Martinho.
Deduz-se, portanto, que o primo de W.Dias mora em uma das casas apegadas à distribuidora.
Repórter: Rômulo Rocha
Publicado Por: Manoel José
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