Nesse sábado dia 13 de
setembro foi encerrada mais uma Semanada Imprensa, criação do radialista,
colunista social e jornalista Rubem Freitas há cinquenta e dois anos e pela
primeira vez sem a presença e a direção de seu criador, falecido em novembro do
ano passado. A Associação dos Comunicadores de Parnaíba dessa vez tomou a
frente e organizou a festa que constou de missa, coquetéis na Associação
Comercial e Industrial, e no SESC Beira Rio e encerrou como de costume com uma
grande confraternização na Fundação Raul Bacelar, no bairro São José.
Não é e nunca foi uma
festa qualquer, dessas que a gente costuma fazer pra comemorar nascimento ou
batizado de menino, formatura de filho que já está com o cangote grosso e agora
com um canudo debaixo do braço vai tentar a própria vida. Nem é feito casamento
de filha, com todas aquelas amigas se cutucando na hora de tirar o retrato e se
atropelando na hora de pegar o buquê de flores jogado pela noiva com as tias
velhas vindas do interior trazendo aquelas roupas rendadas. Tias velhas essas com as caras cheias de pó
de arroz e carregadas no batom escarlate, mais parecendo ciganas tentando ler
sua mão na praça da Graça ou na feira da Quarenta.
E a mãe, as irmãs e as
primas, vindas lá do Brejinho, Bom Princípio, Cocal, do Buriti dos Lopes e de
Araioses, muitas encalhadas, sem nenhum aceno que seja de sair do caritó,
sempre cheias de cuidados com a cozinha e com os arranjos, a loiça e a roupa. Tudo
coisa de não deixar cair um cisco que seja no bolo e no vestido da noiva,
cuidado pra não colocar nódoa. E trazem aquela negra velha cozinheira da
família, conhecida por ter feito e refeito prato pra Deus e toda a família,
desde os tempos da avó da avó da noiva. Por causo que nada pode dar errado num
altura dessas. Eu nem vou me dar ao trabalho de ir até a cozinha porque lá a
fumaça é grande.
Se bem que hoje em dia
nem existe mais esse negócio de moça casar de véu e grinalda, carregando flor
de laranjeira, com toda aquela cerimônia debaixo de muito choro, risos, roupa
apertada das madrinhas e dos outros parentes e muito vexame. Cada marmota mais
feia que a outra. Hoje os tempos são outros e as moças quando resolvem juntar
os panos de bunda com algum sujeito nem pensam mais em cerimônia de igreja. E
tem aquelas que ainda arriscam casar de branco mesmo já levando menino dentro
da barriga, assim de cara lambida, sem a menor cerimônia. Outras já levam como
pajens os filhos bem crescidos, meninos já sabendo ler e escrever.
Enfim, a Semana da
Imprensa este ano celebrou e acrescentou mais uma vela no seu grande bolo em
mais uma data. Graças a Deus nossos amigos, colegas de profissão, de confiança,
amigos dos bons e dos maus momentos estavam lá participando, enriquecendo
presença com suas famílias em todos os lugares onde se deu a programação.
Serviu também pra mostrar a alguns, poucos, de dentro ou de fora da nossa
categoria, que mesmo sem a presença de Rubem Freitas, nosso timoneiro, chegamos
a porto seguro. Tivemos o costumeiro apoio de entidades de classes e do
empresariado. Nossa festa foi um sucesso. Sucesso reconhecido até por aqueles
que antes ignoravam e os mais jovens, que ainda não haviam entendido a dimensão
de uma ideia brilhante de seu criador. Esses jovens profissionais agora nos
vendo o trabalho e a importância desta confraternização já apresentam ideias
para as próximas datas desta forma se incorporando ao grupo mais antigo. É uma
vitória da nossa obstinação, do nosso propósito e que somente o tempo pode dar
consequência.
E olhando pra trás e
pra aqueles que ficaram pelo caminho, uns falecidos, outros desestimulados pela
falta de oportunidades, mais outros pela falta de coragem em acompanhar os
novos tempos com as tecnologias da comunicação. Ainda aqueles que foram ou
ainda continuam perseguidos ou congelados no mercado de trabalho, embora
escasso, por convicções políticas. E mais na frente outros que embora
necessitando de trabalho não sacrificaram a dignidade por um salário baixo.
Vamos encontrar no grande baú da história muitos e muitos amigos e colegas que
enriqueceram a imprensa antiga e a atual com seus trabalhos e suas culturas. A
eles e a suas famílias os nossos mais sinceros agradecimentos. Valeu o nosso
sacrifício. Conseguimos fechar uma semana de 52 anos.
Por Pádua Marques
Jornalista e Escritor
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