21 de set. de 2014

A mais longa semana da história da imprensa.



Nesse sábado dia 13 de setembro foi encerrada mais uma Semanada Imprensa, criação do radialista, colunista social e jornalista Rubem Freitas há cinquenta e dois anos e pela primeira vez sem a presença e a direção de seu criador, falecido em novembro do ano passado. A Associação dos Comunicadores de Parnaíba dessa vez tomou a frente e organizou a festa que constou de missa, coquetéis na Associação Comercial e Industrial, e no SESC Beira Rio e encerrou como de costume com uma grande confraternização na Fundação Raul Bacelar, no bairro São José.
Não é e nunca foi uma festa qualquer, dessas que a gente costuma fazer pra comemorar nascimento ou batizado de menino, formatura de filho que já está com o cangote grosso e agora com um canudo debaixo do braço vai tentar a própria vida. Nem é feito casamento de filha, com todas aquelas amigas se cutucando na hora de tirar o retrato e se atropelando na hora de pegar o buquê de flores jogado pela noiva com as tias velhas vindas do interior trazendo aquelas roupas rendadas.  Tias velhas essas com as caras cheias de pó de arroz e carregadas no batom escarlate, mais parecendo ciganas tentando ler sua mão na praça da Graça ou na feira da Quarenta.
E a mãe, as irmãs e as primas, vindas lá do Brejinho, Bom Princípio, Cocal, do Buriti dos Lopes e de Araioses, muitas encalhadas, sem nenhum aceno que seja de sair do caritó, sempre cheias de cuidados com a cozinha e com os arranjos, a loiça e a roupa. Tudo coisa de não deixar cair um cisco que seja no bolo e no vestido da noiva, cuidado pra não colocar nódoa. E trazem aquela negra velha cozinheira da família, conhecida por ter feito e refeito prato pra Deus e toda a família, desde os tempos da avó da avó da noiva. Por causo que nada pode dar errado num altura dessas. Eu nem vou me dar ao trabalho de ir até a cozinha porque lá a fumaça é grande.
Se bem que hoje em dia nem existe mais esse negócio de moça casar de véu e grinalda, carregando flor de laranjeira, com toda aquela cerimônia debaixo de muito choro, risos, roupa apertada das madrinhas e dos outros parentes e muito vexame. Cada marmota mais feia que a outra. Hoje os tempos são outros e as moças quando resolvem juntar os panos de bunda com algum sujeito nem pensam mais em cerimônia de igreja. E tem aquelas que ainda arriscam casar de branco mesmo já levando menino dentro da barriga, assim de cara lambida, sem a menor cerimônia. Outras já levam como pajens os filhos bem crescidos, meninos já sabendo ler e escrever.
Enfim, a Semana da Imprensa este ano celebrou e acrescentou mais uma vela no seu grande bolo em mais uma data. Graças a Deus nossos amigos, colegas de profissão, de confiança, amigos dos bons e dos maus momentos estavam lá participando, enriquecendo presença com suas famílias em todos os lugares onde se deu a programação. Serviu também pra mostrar a alguns, poucos, de dentro ou de fora da nossa categoria, que mesmo sem a presença de Rubem Freitas, nosso timoneiro, chegamos a porto seguro. Tivemos o costumeiro apoio de entidades de classes e do empresariado. Nossa festa foi um sucesso. Sucesso reconhecido até por aqueles que antes ignoravam e os mais jovens, que ainda não haviam entendido a dimensão de uma ideia brilhante de seu criador. Esses jovens profissionais agora nos vendo o trabalho e a importância desta confraternização já apresentam ideias para as próximas datas desta forma se incorporando ao grupo mais antigo. É uma vitória da nossa obstinação, do nosso propósito e que somente o tempo pode dar consequência.
E olhando pra trás e pra aqueles que ficaram pelo caminho, uns falecidos, outros desestimulados pela falta de oportunidades, mais outros pela falta de coragem em acompanhar os novos tempos com as tecnologias da comunicação. Ainda aqueles que foram ou ainda continuam perseguidos ou congelados no mercado de trabalho, embora escasso, por convicções políticas. E mais na frente outros que embora necessitando de trabalho não sacrificaram a dignidade por um salário baixo. Vamos encontrar no grande baú da história muitos e muitos amigos e colegas que enriqueceram a imprensa antiga e a atual com seus trabalhos e suas culturas. A eles e a suas famílias os nossos mais sinceros agradecimentos. Valeu o nosso sacrifício. Conseguimos fechar uma semana de 52 anos. 



















Por Pádua Marques
Jornalista e Escritor

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