Por: Bernardo Silva
“Mentiram-me. Mentiram-me ontem/ e hoje mentem novamente./ Mentem de corpo e alma, completamente./E mentem de maneira tão pungente que acho que mentem sinceramente./ Mentem, sobretudo, impune/mente./ Não mentem tristes. Alegremente mentem./Mentem tão nacional/mente que acham que mentindo história afora vão enganar a morte eterna/mente (...)”.
Recorro a este “Fragmento” da poesia de Affonso Romano de Sant`Anna para lembrar aos políticos que até para mentir a pessoa precisa ter competência. Não parece ser o caso do candidato Wellington Dias, hoje senador, mas que já governou este Estado por mais de 7 anos e o seu partido – o PT - até janeiro deste ano fez parte, compôs com o governo do Wilson Martins, a quem ajudou eleger.
“Vamos continuar este projeto do companheiro Wellington Dias”. Quantas vezes ouviu-se esta frase dita pelo então candidato Wilson Martins? Vice- governador de Wellington, que saiu candidato ao senado, Martins assumiu o governo e pleiteava a reeleição. E dizia orgulhar-se da simbiose existente entre as duas gestões. “É a continuação do projeto (?)”. Que projeto, cara pálida?!!!
Agora em plena campanha eleitoral anda um falando mal do governo do outro, e Wellington Dias, incorporando o espírito de “santo sacana”. Parece não ter culpa de nada, dos erros do outro; e tudo o que fez foi em parceria com o “companheiro Lula”. Écumpanhêro Lula pra cá, cumpanhêra Dilma pra lá, e a gente sabendo que ele não desprega da figura dos dois porque exatamente não tem um discurso consistente, que convença a população de que ele não é passado, não está obsoleto e que é apenas um elemento usado pelos “cumpanhêros” a quem sempre cita.
Mas a mentira mais besta do senador Wellington Dias diz respeito à TV Antares, a TV Pública do Estado, que sempre ficou relegada ao último plano em todos os 7 anos e 3 meses de sua gestão. Ao invés de investir na TV estatal, preferiu dar milhões do governo aos grandes empresários de comunicação de Teresina, enquanto a Fundação Antares serviu apenas e tão somente para abrigar petistas.
A TV Delta de Parnaíba, afiliada à TV Antares, foi fechada, tão logo Wellington Dias assumiu, em 2003, o comando do Estado. Foi uma decisão política do PT, mas os governistas preferiram dizer que iriam tratar da legalização da emissora junto ao Ministério das Comunicações, porque o governador anterior, Mão Santa, havia inaugurada uma emissora irregular. Mais de 3 anos se passaram e quando resolveram reabrir a TV Delta, pensou-se que ela estava de acordo dentro da lei. E fomos saber que não somente na eleição seguinte, quando a Justiça Eleitoral, através da Juíza Regina Freitas, informou que a emissora não poderia retransmitir a propaganda eleitoral por estar irregular juntos aos órgãos federais. Resumindo: o então governador mentiu.
Agora os jornais anunciam que Wellington Dias cita em seu programa de governo que pretende criar afiliadas da TV Antares em várias regiões do Estado. E também promete criar o Conselho Estadual de Comunicação que buscará a regularização das rádios comunitárias piauienses junto ao Ministério das Comunicações. Pergunta-se: na condição de ex- radialista, por que quando assumiu o governo em 2003 não lembrou do assunto, quando vivia-se a “febre” das rádios comunitárias? E por que somente agora este interesse todo pela TV Pública do Estado?
É simples a resposta. Todos os investimentos que Wellington não fez e que promete fazer caso retorne ao governo, está sendo feito na atual gestão, a partir da nomeação do vereador de Parnaíba (licenciado), Carlson Pessoa, para presidir a Fundação Antares. O senador que quer voltar ao governo está atrasado. Na contramão. Por que relegou a um plano inferior as afiliadas da TV Antares- TV Picos e TV Delta – durante o seu governo passado? E por que anda caindo de amores agora por estas emissoras, na condição de candidato?! Me engana que eu gosto.
Em Tempo: A TV Delta foi reinaugurada na gestão Wellington Dias no mesmo dia em que o governo inaugurou também em Parnaíba um escritório do IMEPI – Instituto de Metrologia do Piauí. Nunca serviu para coisa alguma. A não ser para empregar“cumpanhêros”.
(*)Bernardo Silva é jornalista e Professor
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