Há uma lógica de que todo avanço traz muitos benefícios, mas
alguns contratempos. Isso na telefonia móvel parece se inverter completamente
essa regra.
Assim como qualquer outro, quando um serviço de telefonia é contratado,
a relação estabelecida deveria ser entre o cidadão e a empresa. Mas na prática
tem ido muito além.
No início da aquisição, tudo parece normal. Não tão regular
assim. No momento do contrato, alguns serviços, aplicativos e acessórios são
oferecidos. Em seguida há um recuo estratégico e as ofertas diminuem. Algum
tempo depois, a todo instante entram ofertas, sugestões, sorteios e brindes de
toda natureza.
Assemelha-se às bondades de fim de ano. É um festival de gente
querendo salvar o mundo, mas sempre na direção do bolso alheio. Até
compreensível no caso das instituições, porque a finalidade delas é essa.
Com relação às empresas não deveria ser assim. Quando se compra
um telefone o que se pretende, em essência, é fazer e receber ligações; passar
e receber mensagens, enfim, uma comunicação de imediato com outras pessoas.
Não funciona bem naquilo que deveria. Ou falta o sinal do seu
celular ou da pessoa para quem você liga. Mas se supera com ofertas de todo
tipo de serviço. Na grande maioria vem com sugestão de aceite que as pessoas
não percebem e, inadvertidamente, aceitam e os créditos começam a sumir com as
compensações de notícias, torpedos e outras “vantagens”.
Nada contra as ofertas, mas deveriam ser mais claras quanto à
anuência do proprietário, deveriam ter bloqueadores com facilidade de acesso e,
principalmente, meios de cancelar com mais clareza e rapidez. É um deus
nos acuda para desfazer algum desses serviços que a pessoa adquire pela pressa
e sem nem saber o que está aceitando.
Além de ser necessário um maior controle por parte das próprias
operadoras e da Agência Reguladora, as autoridades deveriam intensificar
uma fiscalização maior e punir os abusos que se tornaram invasivos e
insuportáveis nos últimos tempos.
Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP
Bacharel em direito
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