(*)Por: Bernardo Silva
Não consigo entender, porque ninguém nunca me explicou, porque em Picos existe há tempos um Curso de Comunicação Social, da Universidade Estadual do Piauí (afora os particulares) e em Parnaíba não. Lá são produzidos jornais até diários e em Parnaíba não. E os que conseguimos editar por aqui não têm o devido apoio, principalmente do setor empresarial e da Prefeitura, que preferem anunciar – quando anunciam – em veículos da capital, muito embora o que se produza lá não tenha necessariamente mais valor do que a produção daqui.
Exemplo? Este jornal “Tribunal do Litoral”, há mais de ano circulando semanalmente em Parnaíba mas que tem dificuldade de captar anúncios porque o empresário local entende que anunciar não é importante. Uma visão tacanha, ultrapassada, que coloca a cidade na contramão do momento de globalização em que vivemos, onde a comunicação é tudo. Embora seja o jornal semanal mais vendido nas bancas, o parnaibano não tem a cultura de comprar jornal. Não costuma comprar. Ele quer receber, gratuitamente, de preferência em seu local de trabalho. Tem até aqueles que, por não terem o costume de ler, nem de graça querem receber em seu comércio, para expor aos clientes, com medo de serem cobrados mais tarde pela cortesia. Que miserabilidade!
Quando o ex-governador Mão Santa expandiu os cursos da UESPI, também esqueceu do curso de comunicação em Parnaíba. Talvez porque não se trate de um curso que forma “doutor”. E nunca ninguém brigou por isso porque o que campeia mesmo em nosso meio jornalístico é a vaidade. Muita gente querendo ser jornalista sem saber escrever. Mas eu fui ao ex- secretário de Educação Átila Lira saber da possibilidade de trazer o curso até nós e ele nos disse da viabilidade, porém, teria que ter pessoas interessadas que justificassem toda a logística necessária. E a quem interessa isso, nesses tempos em que todo mundo tem uma máquina fotográfica, posta uma foto na internet com duas linhas como legenda e diz que é jornalista?!
Parnaíba foi a primeira cidade do Piauí a possuir uma emissora de Rádio – a Educadora, na qual trabalhei durante muitos anos; alguns jornais semanais, dentre os quais o “Norte do Piauí”, que é mensal mas continua divulgando matérias, como se diário fosse, notícias vencidas pela velocidade da internet e da TV. Vieram as emissoras de rádio comunitárias mas não sobreviveram. Hoje algumas ainda operam na clandestinidade. Temos duas emissoras de TV, necessitando de profissionais qualificados. E a classe política não enxerga a necessidade do curso de Comunicação no nosso Campus da UESPI?
É uma cidade cheia de intelectuais, imortais, da Academia de Letras, do Instituto Histórico, que sequer fazem funcionar a biblioteca dessas instituições. Esta é a Parnaíba de Simplício Dias. Que eu adoro e sei que não viveria melhor do que vivo, caso morasse em outro lugar do país. Mas temos que conviver com essas contradições. Infelizmente.
No setor da educação, registe-se que há atrasos históricos em Parnaíba. Outro dia estavam comemorando o início da climatização das salas de aula da rede municipal de ensino. Nada contra. Tudo a favor. Mas foi interessante o “debate “ no facebook entre dois amigos. Um elogiando a iniciativa;o outro com questionamentos, lamentando o atraso na medida. E destacava:”(...) pelas cidades que passei a climatização (das salas de aula) aconteceu há algum tempo. Mas o que me intriga mesmo é o ensino em Parnaíba. Nossa cidade não consegue ser referência no ensino de base. Vamos deixar a infraestrutura de lado. Parnaíba forma os profissionais há anos, desde Escola Normal até os dias de hoje, nos cursos de Bacharelado e Licenciatura da UFPI, UESPI, e Particulares. Mesmo assim não consegue sair desta letargia em que se encontra o ensino de base (fundamental e médio). Não conseguimos ser referência nestes segmentos, nem mesmo na nossa região. Cocal dos Alves e Piripiri estão anos à nossa frente. Estrutura temos. Estão aí escolas como Roland Jacob, Liceu e Chagas Rodrigues etc. O que falta? Com a palavra os gestores e educadores”.
Assino embaixo.
(*)Bernardo Silva é professor e jornalista
FONTE:JORNAL "TRIBUNA POPULAR"
NAS BANCAS!
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