Pituka: Silencia a voz da noite parnaibana (Missa de 7º Dia)

Por:Bernardo Silva(*)

Foi sábado passado, dia 3. A cidade amanheceu com a notícia do falecimento do Pituka – Alberto Lúcio de Carvalho. Cantor, compositor, querido, respeitado, admirado por todos. Poucos sabiam do seu internamento no Hospital Dirceu, na tarde de sexta feira. E muitos poucos quiseram acreditar que Pituka houvera morrido ao amanhece do sábado. Até hoje, a lembrança dele sorrindo, brincando, cantando, está perto de nós.

Por que a morte faz isso com a gente? Separa-nos dos amigos com os quais gostaríamos de ter vivido um pouco mais; compartilhado mais os momentos de alegria, de aconchego. Quantos dos que foram ao seu velório, ver de perto aquele corpo estendido dentro de um caixão, ainda agora não querem crer que se tratava do nosso amigo Pituka, “a voz da noite parnaibana”, como disseram alguns!

A voz calou-se. Mas parece aguçada em nossa memória, nas lembranças de um tempo não muito distante, em que ele muito jovem era uma das estrelas, senão a maior estrela dos grupos musicais dos quais participou, com destaque para “Os Atômicos” e “Os Apaches”. E quando cantava, não tinha pra ninguém. Um artista completo, que tocava bateria e cantava, simultaneamente, coisa que não é para muitos. Depois aprendeu guitarra e violão e se tornou completo. “Quanta presença de palco”, como comentou seu ex-colega de “Atômicos”, Herculano Falcão.

Pituka também foi goleiro de futebol em vários times da cidade. Daí ser querido e admirado por tanta gente. Foi um artista dos palcos e dos campos. Insuperável na arte de cantar. Lembro-me dele cantando na AABB, década de 70/80, não lembro bem, a música de Stevie Wonder “All in love is fair” – Pituka na bateria e Fonseca Júnior no órgão. E todos pararam de dançar para ver a interpretação dele. Foi aplaudido de pé. Depois, com alguns amigos promovemos aqui um festival de músicas e lá estava Pituka interpretando uma música do Geraldo Brito (Balula) e do Durvalino Couto denominada “Ághata”. Outro show. E agora? Sem ele, claro que o show perdeu a graça. Embora a vida continue.

Para ilustrar nosso comentário, reproduzo um texto publicado no facebook pelo meu amigo da rádio Educadora, um dos donos de “Os Atômicos”, que tocou com Pituka na banda e depois em dupla – Reginaldo Mendes:

"Alberto Lúcio de Carvalho: - PITUKA... Uma estrada de vida que passamos juntos, ele, eu, muitos outros tantos amigos da música parnaibana. Momentos vividos que vão se eternizar na memória de todos nós. O que vivi ao lado DÊSTE SER HUMANO extraordinário e músico de primeira grandeza, daria para escrever um livro de incontáveis e belas páginas... mas, no momento da dor da separação, com o seu falecimento ocorrido hoje, 03 de maio de 2014, as palavras me faltam... uma sensação de embargo mental, um vazio na alma, um misto de emoções e tristezas, associados, às muitas lembranças de todas as histórias de que passamos juntos, durante tantos anos de trabalho incansável NA MÚSICA PARNAIBANA. Choramos e sentimos neste momento, todos, juntos: FAMILIARES, MÚSICOS, AMIGOS... todos comungando um só sentimento de PESAR PELA SUA PARTIDA. AMIGO PITUKA, QUE DEUS NOSSO PAI CRIADOR, o receba com as luzes mais resplandecentes e PAZ na sua nova vida, para a qual você foi chamado. Sua lembrança será pra sempre em todos nós que continuamos em nossa vida. Eu te recomendo a DEUS, AMIGO!!!! (a) Reginaldo Mendes".

Hoje(9) será a missa de 7º dia às 19 horas na Igreja de Nossa Senhora de Fátima. Amanhã, sábado, os amigos mandam celebrar outra missa, no mesmo horário, na Igreja de São José, no bairro em você morava e do qual gostava tanto. Creio em Deus. Acredito em vida após a morte. E por isso repito o Milton Nascimento: “Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar”!

Em tempo: Obrigado, Pituka, pelas vezes que você deixou-me externar o “cantor” que trago dentro de mim. Quantas vezes cantamos Roberto Carlos, juntos! Muita paz, meu irmão!!!

(*)Bernardo Silva é jornalista e professor.