29 de abr. de 2014

Após 20 anos, rapaz supera vício em drogas com ajuda de delegado no PI

Delegado Gustavo Jung e Flávio Robert, com seu certificado de graduação (Foto: Gustavo Jung/Arquivo pessoal)Delegado Gustavo Jung e Flávio Robert, com seu certificado de graduação (Foto: Gustavo Jung/Arquivo pessoal)
O metalúrgico Flávio Robert Pereira Ferreira foi usuário de drogas por 20 anos. Tempo em que foi preso inúmeras vezes por furto e roubo, crimes praticados para manter o vício. Sem contato algum com a família, a única pessoa que o ajudou foi também a mais improvavél, o agente da lei que o repreendia pelos delitos.

Nesta semana, um ano após essa íncrivel interação, Flávio recebeu o certificado de graduação pelo “Programa de Tratamento em Dependência Química” da comunidade terapêutica Fazenda da Paz e o dedicou ao delegado Gustavo Jung, que o prendeu por tantas vezes no município de Piripiri, a 164 km de Teresina.
“Delegado, eu agradeço a minha vida ao senhor. Se hoje estou aqui e não fui morto por nenhum traficante, ou mesmo por conta dos efeitos da droga, é porque o senhor foi a única pessoa que confiou em mim”, disse Flávio ao delegado em seu discurso de agradecimento nesse domingo (27).
Para Gustavo Jung, saber que o Flávio saiu do mundo das drogas é gratificante. “Na época, muitas pessoas chegaram a me falar que isso era perda de tempo, mas eu acreditei na força de vontade dele. Eu perguntei se aceitava tratamento e ele disse que sim. Então, busquei ajuda para conseguir interná-lo. Mesmo convivendo diariamente com as mazelas da sociedade, eu acredito no ser humano. Eu acho que faltam oportunidades”, disse o delegado, que foi a única pessoa convidada pelo ex-dependente para a solenidade.
 Flávio Robert na oficina de metalúrgica da Fazenda da Paz (Foto: Gustavo Jung/Arquivo pessoal)Flávio Robert na oficina de metalúrgica da Fazenda
da Paz (Foto: Gustavo Jung/Arquivo pessoal)
Auxílio improvável
Em uma das dezenas de vezes em que o ex-dependente químico foi preso, Gustavo teve uma conversa com Flávio e perguntou o que ele estava fazendo da vida. “Eu lembro que quando fiz essa pergunta ele respondeu: doutor, eu não preciso ser preso, eu preciso é de tratamento. Sou viciado em droga e roubo para manter o vício”, afirmou o Delegado lembrando a conversa ocorreu em janeiro de 2013.

Dias após essa conversa, um estelionatário foi preso no município se passando por voluntário da Fazenda da Paz e para confirmar que se tratava de um falsário, o delegado entrou em contato com a coordenação da comunidade terapêutica. Foi aí que surgiu a oportunidade de tratar do caso do preso que era dependente químico.

“Conheci o Célio Luz, presidente da Fazenda da Paz, e perguntei se era possível internar o Flávio para que ele fizesse um tratamento. Muito solícito, ele respondeu positivamente. E quando o Flávio Roberto foi preso novamente, dessa vez pelo furto de uma cadeira, eu perguntei se ele aceitava mesmo o tratamento. Ele disse que sim e eu conversei com o juiz, que autorizou a internação”, relembra Jung.

O próprio delegado, com a ajuda de uma médica da cidade, custeou os exames que Roberto Pereira necessitava fazer antes da internação na comunidade e também comprou os objetos pessoais que ele precisava levar para a Fazenda da Paz.

Livre da dependência química, Flávio permanecerá morando na comunidade terapêutica. Segundo o delegado, a permanência do ex-usuário também acontecerá por uma opção pessoal em ajudar outros usuários a vencer o vício. Além de ajudar na recuperação, ele conquistou a responsabilidade de comandar a oficina de metalúrgica da Fazenda da Paz.
Junto com Flávio, outros sete ex-usuários de drogas passaram por tratamento e receberam o certificado, estando todos aptos a retornar a sociedade sem o vício.

Fazenda da Paz
A Fazenda da Paz é uma entidade sem fins lucrativos e tem como objetivo prevenir, tratar e reinserir o farmacodependente e alcoólatra. O espaço foi criado em 1994 e possui três Comunidades Terapêuticas: "Terra da Esperança", "Flor de Maria" e "Luz e Vida".
A prevenção acontece através de palestras educativas e preventivas ao uso indevido de drogas e álcool. O tratamento ocorre por meio de internações e acompanhamento semanal dos familiares e a reinserção social com a prática de diversas oficinas, como as de capacitação na área agrícola, agroindústria, marcenaria e serralharia, cursos de informática e mecânica de carro e os projetos de ovinocultura e piscicultura.
Fonte: G1

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