Parnaíba tem sido cantada em verso e
prosa nos últimos anos como a “Terra da Promissão”, graças à gestão competente
que cuida dos recursos públicos há cerca de 10 anos. Segundo os que participam
desta odisseia memorável, é sim a atual gestão, a grande responsável pelo
momento de explosão econômica por que passa o município. Vale a penar
refletir...
Sem precedentes, assistimos nos últimos
tempos um debate político ignóbil. Uns poucos
até tentam inovar, mas a maioria mantêm estilos que aparentam diferenças da
politicagem sem, contudo trilhar o caminho ético e comprometido com a causa
pública. Estes escondem a verdade da mesma motivação dos grupos políticos tradicionais
que se alternaram no poder: manter-se no poder a qualquer custo.
Usam as mesmas ferramentas: perseguem,
se apropriam do público como privado, mantêm subservientes com recursos
públicos, se afastam dos interesses coletivos. Tudo em nome do poder, do seu
poder. Oligarcas, ditadores e pouco afeitos à transparência, participação e
controle social, eles vão se dando bem na vida. Esperar o que desses homens e
mulheres??? Pobre Parnaíba!
Os de hoje se arvoram melhores que os de
outrora. Fazem pouco achando estar “transformando” a Parnaíba numa “Filadélfia”.
Fazem mal. Põem a culpa nos outros pela sua própria incompetência.
O momento é propício para algumas
reflexões e faço à luz da observação dos fatos que estão presentes no cotidiano
do parnaibano, senão vejamos: primeiro, quem está se beneficiando deste “boom”
que vive Parnaíba? Segundo, os
indicadores sócio-educativo-ambientais revelam que há uma, quase, completa
ausência do Poder Público no desenvolvimento de políticas que sejam inclusivas
e de redução das desigualdades sociais. Sustentabilidade em meio à tanta riqueza
e biodiversidade, passam longe...
Retirem do nosso meio as obras do
governo federal e os empreendimentos da iniciativa privada. Sobra o quê? Os
cargos comissionados que são dados a muitos “amigos” e que sequer produzem em
favor da municipalidade? Obras realizadas com a Fonte 100 (recursos próprios)
são inexpressivas diante do montante que o governo municipal arrecada e recebe
em transferências.
Neste mês de março nos aproximamos de R$ 300 milhões
recebidos somente na atual gestão. Os “feitos” que se vangloriam condizem com
os gastos aplicados? Nem sabemos ao certo o quanto...
A verdade é que se fossem essa
“coca-cola no deserto” que se acham ser, estariam mais preocupados com a
situação da cidade: onde se registra um sistema de saúde precário com muitos postos
sem o pleno funcionamento da ação preventiva, sem equipamentos nem
profissionais, em sua maioria; praças e logradouros públicos desprezados;
transporte coletivo de péssima qualidade; obras inacabadas como exemplo o
matadouro; mercados públicos de Fátima e Caramuru abandonados; invasão de
espaço público sem precedentes (Praça da Santa Casa, São Sebastião, Caramuru,
etc); escolas sem estrutura adequada; falta de uma política para a juventude;
pouca valorização do esporte e da cultura...
Mas,
para alguns está bom demais!!!
Comparo nossa cidade com um jovem que,
em pleno vigor físico e mental, embrenha-se pelo mundo alucinógeno das drogas.
Por um momento ele se acha que está na mais completa felicidade, distante de
tudo que pode causar angústia e dor. Ledo engano. Ao passar o efeito da droga,
vem a realidade.
Parnaíba precisa ser retirada desta
“ilusão” de que vive uma explosão econômica e passar a ser encarada de fato
como uma terra de oportunidades.
Uma
cidade que não tem cuidado com suas crianças: quantas estão em idade escolar e
fora da sala de aula, quantas são exploradas pelo trabalho infantil e sexual,
quantas necessitam de educação inclusiva e não têm, quantas precisam de
tratamento médico especializado e são humilhadas num atendimento que não garante
um bom acompanhamento médico.
Os gestores que
ocuparam e ocupam espaço político nos últimos anos demonstram apego ao poder e
usam estratégias nada convencionais para conseguir o seu intento, arte da
politicagem que dominam muito bem. É a embriaguez do poder. O problema que a
“ressaca” quem sente é o povo!
(*) Fernando Gomes, sociólogo, eleitor,
cidadão e contribuinte parnaibano.
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