21 de mar. de 2014

De onde vêm os ratos


Por: Pádua Marques(*)

Quem nunca teve problemas com ratos em casa? Rato é bicho inconveniente pra dar trabalho de combate e pra meter medo na gente. Em casas muito grandes sempre aparecem e fazem estragos nas despensas e nas vizinhanças da cozinha, dentro ou perto dos coletores de lixo, nos esgotos, enfim, onde pode encontrar comida, seja lá o que for, farta. Rato é bicho que dá vexame e mete medo até em gente grande e metida a valente porque não tem cerimônia de infestar os lugares mais íntimos de nossa casa, como a nossa sala de visitas ou o quarto.
Mal comparando, porque é que gente de carne e osso, batizada e, portanto filha de Deus, tem se criado atualmente na região do centro histórico de Parnaíba um lugar pra esse animal humano se desenvolver ali na praça da Graça e ruas próximas. Os guardadores de carros do Complexo do Porto das Barcas são um problema e tanto pra quem por necessidade tem que estacionar seu automóvel enquanto participa de algum evento, visita as lojas de artesanato, janta ou está reunido com amigos velhos em visita à nossa cidade. Basta acabar a obrigação e lá vem eles pedindo moeda, um trocado, um agrado.
                            Complexo Porto das Barcas
E a gente sem poder fazer nada senão obedecer, pego assim de supetão, fica com medo daqueles sujeitos mal encarados, sujos, saídos de entre os carros e com cara de poucos amigos. Numa hora daquelas não dá mesmo pra fazer nada. Vá você, querendo dar uma de valente ou de homem civilizado dizer que não tem, que não dá ou que aquela é uma atividade ilegal ou que vai chamar a polícia, pra ver o que lhe acontece. E é gente que não escolhe o momento pra ser desagradável. Está você entre aqueles da sua intimidadee lá chegam eles incomodando pedindo comida ou dinheiro.
E assim acabou ficando difícil e inseguro, extremamente inseguro e inconveniente frequentar o centro histórico de Parnaíba. Aquela região está tomada por verdadeiras gangues travestidas de guardadores carros. São elementos que certamente vêm das redondezas e feito os ratos, sabem onde tem comida farta e segura toda noite. E o parnaibano e o turista ficam incomodados com aquela gente estranha e de maus modos, que iguais ratos não se incomodam de nos incomodar. E todos nós sabemos de onde eles vêm. E não adianta nessa altura tentar passar uma mão por cima aliviando a origem desse mal.
Estes recentes acontecimentos, somente pra enumerar dois, como o assalto de que foi vítima o artista plástico Albert Piauhy, morador da rua Conde D’Eu ou o arrombamento do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Parnaíba, quando de lá foram levadas peças importantes e valiosas de seu acervo só podem levar a ter como autores gente de má índole que mora naquele conjunto próximo ao Mercado da Quarenta, que salvo engano se chama João Paulo II. Não tem quem me diga o contrário. Aquele conjunto é atualmente o maior depósito por metro quadrado da bandidagem.
Conjunto João Paulo II
E bandidagem de toda espécie e pra todo gosto. Certamente que tem gente boa naquele conjunto habitacional. Gente honesta, trabalhadora, pais e mães de família que dão um duro danado pra pagar as contas no final do mês. Gente que graças a uma ação de governo, e aqui não interessa qual ou de qual partido, governador ou prefeito tenha feito aquilo lá, conseguiu um teto pra passar a vida embaixo. São famílias muitas das vezes numerosas, carregadas de problemas e mais problemas. Mas que além desses problemas tão íntimos tem que ser vizinhos de ladrões, estupradores, traficantes de drogas, agiotas, cafetões, enfim, toda essa fauna maléfica da sociedade.
E é essa gente que saí na boca da noite pra roubar pontos de comércio e residências, extorquir proprietários de botecos, ameaça com faca ou canivete alguém que se aventure a ter uma noite diferente nos becos escuros no tão falado Porto das Barcas, intranquiliza os donos de lojas de artesanato, os donos e clientes de restaurantes, lanchonetes e pizzarias. Muitas vezes se fazendo passar por vendedores de artesanato ou de guardadores de carros. São verdadeiros ratos que vão infestar embaixo da ponte e pelas ruas próximas. E o ninho deles é o conjunto habitacional próximo ao Mercado da Quarenta.
Todo mundo sabe disso. A Polícia Civil sabe. A Policia Militar sabe. Prefeitura e Governo do Estado sabem que aquele conjunto e toda a vizinhança antiga do bairro São José vive incomodada com aquela cabeça de porco que se transformou num ninho de ratos. Sinceramente daqui e neste momento fica difícil apontar uma solução pra este problema tão grave. Aquele conjunto habitacional bem que não deveria ter nome de um Papa, mas desculpem meu inglês de pouca serventia pra viagem, mas bem que deveria se chamar Hell’s Village. Porque não deve ser fácil se morar num lugar daqueles.
(*)Pádua Marques é jornalista é escritor

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