Por:Bernardo Silva(*)
Em Sobral tive uma colega de faculdade (morava em Fortaleza) que integrava nossa “tchurma” dos barzinhos após as aulas, que depois de ingerir umas e outras pedia mais uma e costumava dizer: confusão só presta das grandes.
Pois bem. A entrada de Mão Santa na disputa eleitoral concorrendo ao governo do Estado nos fez lembrar a frase. Porque ele vai, sim, aumentar a “confusão”, no sentido de tornar mais movimentado o processo, inclusive em se tratando de comícios e palanque eletrônico. Dos candidatos que estão aí nenhum é santo(nem o próprio). E Mão Santa sabe os podres de todos. Portanto, ele vai esquentar o caldeirão político, assumindo o papel de líder maior da oposição que foi ocupado na eleição de 2010 pelo ex-prefeito de Teresina Silvio Mendes, hoje candidato a vice-governador na chapa encabeçada pelo deputado Marcelo Castro, homem ligado à Construtora Jurema, que fica com quase todas as obras do Estado e cunhado do Sebastião Braga, do homem forte do DNIT. Ah, ele é pai também do secretário de infraestrutura do governo do Estado, José de Castro Neto.
O outro candidato, é Wellington Dias, do PT. De simples funcionário público, servidor da Caixa Econômico, virou um homem rico e tornou rico outros petistas igualmente servidores públicos que jamais amealhariam a fortuna que possuem com seus salários normais.
Mão Santa ainda não assume totalmente a candidatura, mas vai tentar manter unido o grupo de partidos que forma o conhecido “G12”, tentando impedir que sejam cooptados pelas forças poderosas, a exemplo do que ocorreu com o PTC, do deputado Evaldo Gomes, que virou governista de carteirinha e ganhou de presente para sua agremiação a FUNDAC.
Mão Santa no Senado |
Mão Santa nos disse que queria ser candidato a deputado federal, porque iria apoiar o projeto de reeleição do seu sobrinho, o próximo governador Zé Filho. Mas, depois de ver a rasteira que deram nele (Zé), uma verdadeira tratorada, nada o impede de pleitear ser candidato a um cargo que já ocupou. A possibilidade caiu em seu colo e ele pensa em aproveitar. Diz que não pode é ver o Piauí sem oposição e acha uma vergonha a Assembleia Legislativa possuir apenas 30 cadeiras e os piauienses pagarem 50 deputados, com o monte de suplentes que foram chamados, graças às “acomodações” feitas pelo governo.
Mão Santa tem defeitos? Claro. E muitos. Mas dentre os outros candidatos – Wellington Dias e Marcelo Castro - e os políticos em geral, quem não os tem? O certo é que, nessa mesmice que aí está, com as mesmas caras disputando os mesmos cargos, Mão Santa não chega a ser nenhuma novidade, porém, é mais uma pitada de sal que se coloca nesse caldeirão político.
Longe do poder já há alguns anos, tendo permanecido sempre atento a tudo o que se passa e tendo superado a barreira dos 70 anos, será que Mão Santa repetiria os mesmos erros cometidos como governador, se acercando desses políticos que estão aí, principalmente no PMDB, a quem ele chama de viciados?
Daqui até o dia 29 de junho há de se esperar muitas surpresas, de todos os lados. Porque até lá vão continuar os conchavos de bastidores, as traições, as especulações na imprensa, enfim, o “carnaval” que o povo só acompanha sem emitir opinião. E é preciso muito equilíbrio do eleitor, porque diante da falta de opções que se desenha no quadro atual, votar em qualquer um dos candidatos que aí estão postos, é trocar seis por meia dúzia.
Em tempo: Lembrar a quem interessar possa que quando Mão Santa foi eleito Governador pela primeira vez, em 1994, com quase 94% dos votos dos parnaibanos, eu estava na oposição, na Rádio Educadora, que fez oposição durante os 4 anos da gestão dele de prefeito. Não o ajudei a ser governador. Aqueles que nele votaram e que hoje lhe viram a cara deveriam fazer uma reflexão: Parnaíba foi mais prestigiada pelos governantes que o sucederam?
(*)Bernardo Silva é professor e jornalista
(Publicado no Jornal "Tribuna do Litoral)
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