12 de jan. de 2014

Perdi minha vó/mãe/nena.

O ano estava iniciando, as esperanças se renovando e a casa estava alegre com acontecimentos presentes e projetos futuros. 

Lembro-me de passar a virada de ano deitado no seu colo, no sofá da sala, assistindo um programa qualquer na televisão e conversando ladainhas noite adentro. Nunca antes – após a adolescência – eu tinha ficado em casa na hora da virada. Foi especial. Único.


Especial também a maneira como ela lidava com os problemas da vida: sempre atenta para resolver quaisquer tipos de imbróglios de todos que ela fazia questão de aquecer nas suas asas. Ela era o Norte que nos guiava. Era a mulher que me ligava – sagradamente – todos os dias, segundo ela: só para ouvir minha voz e saber se eu estava bem.

Nunca imaginei que um coração pudesse doer tanto, com tantas dores que já senti e até perdi a conta! Ver minha mãezinha ali, imóvel, sem responder ao meu abraço, destruiu-me de uma maneira que ainda estou entorpecido, perdido nesse mundo sem cor e sem melodia.

As lágrimas escorrem sem hora marcada. Sem previsão. A solidão abraçou-me com uma força descomunal e tentou me jogar no chão quando vi seu túmulo pela primeira vez. Como pode uma vida, vívida e lúcida, acabar embaixo de uma pedra de mármore?

Mas, assim... Acabar? Creio que não. O tempo - tal qual Quintana bradou - não pára! Só a saudade que faz as coisas pararem no tempo.

. Nena - Ícaro Uther

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