12 de dez. de 2013

O futuro do Piauí depende de que?

                                  
Alberto Silva e o porto de Amarração

         Porto de Amarração: era o nome do porto piauiense quando funcionava. Depois, acompanhando a alteração do nome da cidade é o porto de Luis Correia, o porto inacabado do Piauí. Quando era o Porto de Amarração funcionava e recebeu investimentos, inicialmente dos cearenses no século 19.  O Piauí não tinha porto marítimo, mas ambicionava ter um, negociou com os cearenses a permuta de territórios, onde investiu até o inicio do século 20. Obscuramente perdeu importância, deixou de ser prioridade, foi parado e o Piauí usou por longo tempo o porto de Tutóia (Ma) como seu porto marítimo.
         No 1º governo de Alberto Silva, 1971/75, o porto voltou a ser prioridade do estado, foi reativada sua construção, recebeu muitos recursos e ficou perto de se tornar realidade. Alberto planejava viabilizar o porto marítimo piauiense fazendo a integração do estado: Produzir grãos no sul do Piauí, beneficiar em Teresina e exportar no porto de Luis Correia. Historicamente ficava a desculpa do porto não ser concluído à insuficiência do que exportar, pois não existia produção no território piauiense que justificasse sua conclusão.
         Alberto Silva sabia que era verdade, mas tinha certeza que a região sul do estado mudaria a realidade de não ter o que exportar e transformar-se em um dos maiores produtores de grãos do Brasil. Seu plano era tornar o rio Parnaíba navegável para ser um corredor de grãos, onde as produções agrícolas do sul do Piauí e das margens dos rios seriam levadas através do rio Parnaíba até Teresina onde seriam beneficiadas, comercializadas e de onde sairiam para ser exportadas através dos portos do Ceará e Maranhão; quando concluído através do porto piauiense.
        Para esta finalidade construiu as barcas conhecidas como barca do sal, que trariam a produção do sul do estado para a capital piauiense. Com a conclusão do porto, estes produtos viriam até Luís Correia nas barcas voltando carregadas de sal para uso na pecuária dos estados de Tocantins, Bahia, Maranhão e Sul do Piauí. Para viabilizar o porto queria também a reativação da ferrovia Teresina até Luis Correia, com o transporte de cargas e passageiros; o trem faria conexão com o metrô de Teresina.
        Com determinação conseguiu recursos para a construção do porto e preservação das margens do rio Parnaíba, diminuindo o assoreamento. Próximas ao mar várias melhorias foram feitas dos dois lados do rio Igaraçu, fazendo diques, abrindo canais e aumentando o cais da praia até onde ele está hoje. Não conseguiu concluir a obra no seu primeiro governo, mas conseguiu manter os recursos para a continuidade no governo seguinte. Reclamava que Dirceu Arcoverde, para diminuir os custos, tinha deixado o pontilhão 700m a menos do que tinha sido projetado, com isto reduzindo a profundidade.
         Transportar grãos através do rio não deu certo. Como não temos ferrovia da região até Teresina, para facilitar a venda dos grãos produzidos no sul do estado, o governo federal incentivado pelo estadual está construindo a ferrovia trans-nordestina para levar produtos que tornaria viável e seriam exportados por nosso porto. Incentivam o Estado do Gurguéia!

                           
“O futuro do Piauí depende de quê?”

        Sempre um incentivador, motivador, construtor, executor Alberto Silva mostrou até o fim ser apaixonado pelo estado do Piauí e ter o ideal no porto piauiense. Seis meses antes de seu falecimento, no artigo “O futuro do Piauí depende de quê?”, publicado no Diário do Povo do Piauí, solicita ao governador do Estado a construção de importantes obras fundamentais para nosso desenvolvimento, como a barragem de Castelo, o ramal ferroviário Altos-Parnaíba-Porto de Luís Correia com terminal de combustível.
        Trechos do artigo: “Na barragem de Castelo, toda água represada (um bilhão de metros cúbicos) ficará contida dentro do próprio rio em um cânion de 100m de altura por 20 km de extensão possibilitando ao longo do rio Poty até as proximidades de Teresina a disponibilidade de 40 mil hectares de terras para plantar. Com a água represada seria construída uma PCH (Pequena Central Hidrelétrica) de 30 mw e só a água que passará pelas pás das turbinas elevará o nível do Rio Poty em 3 metros, deixando a partir daí também o Rio Parnaíba navegável de Teresina até o mar, totalizando quase mil quilômetros.
       Visualizando o plantio de cana-de-açúcar irrigada a custo irrisório nos 40 mil hectares, e com o baixo preço da energia produzido na barragem, tinha a certeza de que os grandes produtores de álcool do País montariam no mínimo duas grandes usinas produzindo 30 milhões de litros de álcool por mês. Todo este álcool seria exportado pelo porto de Luis Correia, em barcaças a um custo dez vezes menor que o feito pelo transporte rodoviário.
        A recuperação do trecho ferroviário Altos-Parnaíba-Porto de Luís Correia viabilizaria o terminal de combustível do Piauí. Atualmente todo combustível consumido no Piauí vem de São Luís, por via ferroviária, e toda a renda consequente fica para o Maranhão. Uma vez reformado o ramal ferroviário só o transporte de 30 mil toneladas de combustível de lá para o terminal de Teresina já é suficiente para pagar os investimentos em cinco anos.”
        Quatro anos se passaram desde seu falecimento... Que saudade do Alberto! Homem trabalhador ele sempre dizia: O difícil se faz agora; o impossível a gente deixa para depois. Obrigado Alberto Silva, o senhor foi um herói e bonito exemplo.

        Paulo Henrique Neves.

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