A
mobilização social ocorre quando um grupo de pessoas, uma comunidade, uma
sociedade decide e age com um objetivo comum, buscando, cotidianamente, os
resultados desejados por todos.
Participar
ou não de um processo de mobilização social é um ato de escolha. Se o seu
propósito é passageiro, converte-se em um evento, uma campanha e não em um
processo de mobilização social.
O
ser humano do novo milênio deve estar conectado às aprendizagens, a UNESCO
recuperou os quatro princípios que tornam o ser humano portável daquilo que o
faz melhor e feliz, recuperados do francês Jacques de Locke: 1) SABER FAZER:
conhecimento portável; 2) SABER APRENDER: reagir aquilo que interessa, que faz
crescer, saber decidir; 3) SABER SE RELACIONAR: conhecer a si mesmo e ao outro,
respeito; 4) SABER SER: se descobrir cada vez mais, exercício meditação (calar,
fazer silêncio) o que sou, independente do que tenho. Potencial que temos e não
conhecemos.
Temos
que nos permitir falar daquilo que aspiramos e inspiramos. Pois a nossa
cidadania efetivamente ocorrerá quando se: sabe escolher: conhecimento; pode
escolher (efetivar): participa e influencia; beneficia da escolha: monitora e
acompanha.
Este
deve ser o novo pacto social, uma nova regulação como mola propulsora no
combate as desigualdades sociais. Para tanto é preciso compreender que vivemos
um modelo de organização equivocado, onde apenas uma parte, uma pequena parte,
mantêm o controle social, político e econômico.
A
participação social ainda tímida tem origem neste modo de organização da
sociedade que vetou a própria participação. Algumas intenções ou mesmo
iniciativas tem sido mecânicas e descontextualizadas. Precisamos refletir sobre
o modo de intervenção social. Por que as pessoas param ao sinal vermelho?
Natureza humana, mecânica, proteção do eu, individualismo, guarda = multa =
prejuízo, egoísmo, interesse pessoal...
Longe
às vezes fica a construção social de uma cultura que permita a reflexão, o
exercício da consciência, da promoção do bem-estar coletivo. Parar no sinal
vermelho deve, antes de tudo, ser a razão maior do respeito ao outro, o
permitir que o outro passe. Desenvolvimento do perdido altruísmo, o retorno de
valores sociais solidários massificados por uma ordem perversa que elevou
sentimentos egoístas, individualistas.
Esta
é a raiz da falsidade do comportamento moral da nossa sociedade. A obrigação
não pode estar fundada em meus próprios desejos, mas no bem de toda a
sociedade. O que nos deve levar a refletir que, se toda ordem de convivência é
construída, é possível então falar em mudança. As ordens de convivência não são
naturais. O que é natural é a nossa tendência a viver em sociedade.
Os
gregos se tornaram capazes de criar a democracia a partir do momento que
descobriram que a ordem social não era ditada pelos deuses, mas construída
pelos homens, quando vislumbraram a possibilidade de construir uma sociedade
cujo destino não estivesse fora dela, mas nas mãos de todos os que dela
participavam.
Quando
as pessoas assumem que tem nas mãos o seu destino e descobrem que a construção
da sociedade depende de sua vontade e de suas escolhas, aí a democracia
torna-se uma realidade.
Não
aceitar a responsabilidade pela realidade em que vivemos é, ao mesmo tempo, nos
desobrigarmos da tarefa de transformá-la, colocando na mão de outro a
possibilidade de agir. É não assumirmos o nosso destino, não nos sentirmos
responsáveis por ele, porque não nos sentimos capazes de alterá-lo. A atitude
decorrente dessas visões é sempre de fatalismo ou de subserviência, nunca uma
atitude transformadora.
A
formação de uma nova mentalidade na sociedade civil, que se perceba a si mesma
como fonte criadora da ordem social, pressupõe compreender que os “males” da
sociedade são o resultado da ordem social que nós mesmos criamos e que, por
isso mesmo, podemos modificar.
A
convivência social, por não ser natural, requer aprendizagens básicas que devem
ser ensinadas, aprendidas e desenvolvidas todos os dias. Esta é uma tarefa de
toda a vida de uma pessoa e de uma sociedade. Por isso, podemos afirmar: nem
tudo está perdido!!!
(*) Fernando Gomes, sociólogo, cidadão,
eleitor e contribuinte parnaibano.
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