11 de nov. de 2013

NEM TUDO ESTÁ PERDIDO!!! (*)

 A mobilização social ocorre quando um grupo de pessoas, uma comunidade, uma sociedade decide e age com um objetivo comum, buscando, cotidianamente, os resultados desejados por todos.
Participar ou não de um processo de mobilização social é um ato de escolha. Se o seu propósito é passageiro, converte-se em um evento, uma campanha e não em um processo de mobilização social.
O ser humano do novo milênio deve estar conectado às aprendizagens, a UNESCO recuperou os quatro princípios que tornam o ser humano portável daquilo que o faz melhor e feliz, recuperados do francês Jacques de Locke: 1) SABER FAZER: conhecimento portável; 2) SABER APRENDER: reagir aquilo que interessa, que faz crescer, saber decidir; 3) SABER SE RELACIONAR: conhecer a si mesmo e ao outro, respeito; 4) SABER SER: se descobrir cada vez mais, exercício meditação (calar, fazer silêncio) o que sou, independente do que tenho. Potencial que temos e não conhecemos.
Temos que nos permitir falar daquilo que aspiramos e inspiramos. Pois a nossa cidadania efetivamente ocorrerá quando se: sabe escolher: conhecimento; pode escolher (efetivar): participa e influencia; beneficia da escolha: monitora e acompanha.
Este deve ser o novo pacto social, uma nova regulação como mola propulsora no combate as desigualdades sociais. Para tanto é preciso compreender que vivemos um modelo de organização equivocado, onde apenas uma parte, uma pequena parte, mantêm o controle social, político e econômico.
A participação social ainda tímida tem origem neste modo de organização da sociedade que vetou a própria participação. Algumas intenções ou mesmo iniciativas tem sido mecânicas e descontextualizadas. Precisamos refletir sobre o modo de intervenção social. Por que as pessoas param ao sinal vermelho? Natureza humana, mecânica, proteção do eu, individualismo, guarda = multa = prejuízo, egoísmo, interesse pessoal...
Longe às vezes fica a construção social de uma cultura que permita a reflexão, o exercício da consciência, da promoção do bem-estar coletivo. Parar no sinal vermelho deve, antes de tudo, ser a razão maior do respeito ao outro, o permitir que o outro passe. Desenvolvimento do perdido altruísmo, o retorno de valores sociais solidários massificados por uma ordem perversa que elevou sentimentos egoístas, individualistas.
Esta é a raiz da falsidade do comportamento moral da nossa sociedade. A obrigação não pode estar fundada em meus próprios desejos, mas no bem de toda a sociedade. O que nos deve levar a refletir que, se toda ordem de convivência é construída, é possível então falar em mudança. As ordens de convivência não são naturais. O que é natural é a nossa tendência a viver em sociedade.
Os gregos se tornaram capazes de criar a democracia a partir do momento que descobriram que a ordem social não era ditada pelos deuses, mas construída pelos homens, quando vislumbraram a possibilidade de construir uma sociedade cujo destino não estivesse fora dela, mas nas mãos de todos os que dela participavam.
Quando as pessoas assumem que tem nas mãos o seu destino e descobrem que a construção da sociedade depende de sua vontade e de suas escolhas, aí a democracia torna-se uma realidade.
Não aceitar a responsabilidade pela realidade em que vivemos é, ao mesmo tempo, nos desobrigarmos da tarefa de transformá-la, colocando na mão de outro a possibilidade de agir. É não assumirmos o nosso destino, não nos sentirmos responsáveis por ele, porque não nos sentimos capazes de alterá-lo. A atitude decorrente dessas visões é sempre de fatalismo ou de subserviência, nunca uma atitude transformadora.
A formação de uma nova mentalidade na sociedade civil, que se perceba a si mesma como fonte criadora da ordem social, pressupõe compreender que os “males” da sociedade são o resultado da ordem social que nós mesmos criamos e que, por isso mesmo, podemos modificar.
A convivência social, por não ser natural, requer aprendizagens básicas que devem ser ensinadas, aprendidas e desenvolvidas todos os dias. Esta é uma tarefa de toda a vida de uma pessoa e de uma sociedade. Por isso, podemos afirmar: nem tudo está perdido!!!


(*) Fernando Gomes, sociólogo, cidadão, eleitor e contribuinte parnaibano.

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