Em menos de 10 dias, pela mesma motivação, dois casos tristes chocaram o Brasil, um no Rio Grande do Sul e outro no Piauí. Uma adolescente de 16 anos cometeu suicídio em Veranópolis, na serra gaúcha, após ter fotos íntimas divulgadas na internet. E, aqui em Parnaíba-PI outra jovem de apenas 17 anos também tirou a sua própria vida. Ela foi encontrada morta após ter um vídeo íntimo compartilhado nas redes sociais.
A exposição das imagens configura uma violação da privacidade?! Segundo a mãe da jovem parnaibana, em entrevista ao “Fantástico” por telefone, disse que não sabia o que estava acontecendo com a filha. “Ela não demonstrou nada, nada. Todo adolescente tem o direito de ser adolescente. Eles são inconsequentes mesmo. Essa exposição toda, do vídeo, da imagem da minha filha, é uma violação.”
Vários casos foram mostrados pela reportagem da Globo em que jovens gravaram um vídeo de sexo e tiveram as imagens compartilhadas pela internet e todo o drama por eles vivido. A jovem,
envergonhada após o compartilhamento do vídeo, se despediu da mãe em uma rede social. “Eu te amo, desculpa eu n ser a filha perfeita, mas eu tentei... desculpa, desculpa eu te amo muito(...) guarda esse dia 10.11.13”, postou a garota.
A mensagem foi postada através do Instagram e do Twitter dela. O caso levanta a polêmica, justamente pelo dano que as redes sociais vêm causando aos jovens, que não aprenderam ainda a lidar com a ferramenta e acabam caindo em armadilhas. É cada vez mais comum notícias sobre o vazamento de vídeos íntimos, que mudam a vida dos protagonistas por completo, e alguns acabam chegando ao extremo, como os casos das adolescentes de Parnaíba e de Veranópolis.
A morte destas jovens serve ainda de alerta para todos nós, especialmente aos que são pais. Como
anda nossa relação com nosso(s) filho(s)? É importante que estejamos mais próximos dele(s), saber das suas
amizades, o que estão fazendo. Ter disposição e tempo para acompanhá-lo(s). Não é necessário entrar na intimidade, mas ter um mínimo de conhecimento do que se passa com o(a) filho(a).
Numa errônea postura, às vezes damos ao jovem ou adolescente a condição de tomar as suas
próprias decisões e se comportarem da maneira que pensam com relação às pessoas e a tudo o que o mundo oferece. Porém nos esquecemos, que o adolescente ou jovem é imaturo, ainda não conseguiu formar opinião própria e se deixam facilmente serem influenciados por opiniões e atitudes de outras pessoas, espelhando-se em indivíduos que aparentemente são felizes agindo de forma de que tudo podem, tudo convém e nada lhes é proibido.
Nós pais devemos tomar muito cuidado com relação à liberdade atribuída aos filhos, ela não pode ser demais, porém também não pode ser de menos, A conversa franca, honesta e muito diálogo, são fundamentais no desenvolvimento dos adolescentes e jovens. Devemos contribuir na formação das opiniões dos nossos filhos, caso contrário outras pessoas a formarão ou a deformarão.
Outra reflexão que cabe aqui diz respeito ao nosso estilo de vida. Nos dias atuais, devido aos acontecimentos infelizes que assolam o Planeta, é muito comum ouvir as pessoas dizerem: “O mundo está
perdido!”. Um olhar superficial pode, de fato, causar essa impressão. Mas o mundo não está perdido. O mundo está na mais perfeita harmonia. O sol cumpre sistematicamente o seu papel, sem alarde. A Terra oferece todos os recursos da sua intimidade, que possibilitam a vida das criaturas, em constante harmonia.
As sementes germinam, a floração acontece, os rios seguem seus cursos e os animais atendem os objetivos que o Criador estabeleceu, com equilíbrio harmônico. Portanto, o mundo não está perdido. O homem é que está perdido. O homem é que se esquece da sua condição de filho de Deus e se debate na busca de ilusões que mais o distanciam da felicidade almejada.
Esquecido da sua condição de filho da Luz, o ser humano se atormenta nas trevas, e acaba se precipitando nos despenhadeiros dos mais variados vícios. O mundo não está perdido... Nós é que perdemos o rumo!
Existe uma relação direta entre a imersão do jovem no mundo da “perdição” e a qualidade da vida familiar que se vive. Não hesito em dizer que se o nosso tempo é o tempo da “perdição” é porque a qualidade da vida familiar se diluiu. Vivemos um momento de desagregação da família, e desta
desagregação surge como conseqüência direta a imersão dos jovens nesse mundo “perdido”, sendo a “perdição” meramente circunstancial.
(*) Fernando Gomes, sociólogo, cidadão, eleitor e contribuinte parnaibano.
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