A oferta de alimentos
no mercado sem a prévia autorização dos órgãos competentes, sem registro, sem
carimbo, ou nota fiscal, significa que, além da possibilidade de pagar por um
tipo de produto e levar outro a população pode estar colocando em risco sua
saúde.
É crime o comércio de
carnes clandestinas, pois na ordem jurídica essa responsabilidade
caracteriza-se pela presença de dolo no agir do agente. O Art. 268 do Código
Penal Brasileiro, imputa-lhe essa característica.
A situação do comércio
de carnes clandestinas é o que se pode chamar de calamidade pública, pois os
malefícios deste comércio atingem um expressivo contingente de consumidores.
Essa prática representa
grave risco para a saúde da população, pois impede o controle sanitário da
carne comercializada, tanto pela ausência de exame adequado da carcaça, que
permite identificar possíveis agentes transmissores de doenças para o homem,
quanto a não observância de normas e procedimentos sanitários durante a
manipulação do animal.
E, este é o nosso drama. A cidade de Parnaíba ainda
não tem abatedouro público, por isso grande parte do produto vendido nos
mercados não possui certificação, vem de abatedouros clandestinos. Eles
funcionam em condições precárias de higiene e sem controle fitossanitário.
O Poder Público deveria
manter-se vigilante quanto à questão. O Art. 197 da Constituição Federal de
1988 outorga: “São de relevância pública
as ações e serviços de saúde, cabendo ao poder Público dispor, nos termos da
lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle(...).”
Dentre as ações e
serviços de Saúde Pública, encontra-se a Vigilância Sanitária, cuja
competência, segundo o Art. 6º Parágrafo 1º da Lei 8080 de 19 de Setembro de
1990, é a de desenvolver ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos
à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da
produção e circulação de bens e de prestação de serviços de interesse da saúde.
Há cerca de 10 anos o então deputado federal Antônio
José de Moraes Sousa destinou uma emenda parlamentar no valor de R$ 975.000,00
(novecentos e setenta e cinco mil reais) para construção do matadouro público
de Parnaíba. Com esse objetivo, a Prefeitura celebrou convênio SIAFI Nº
609012 com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
O que era para ser uma obra marcante se revela como
exemplo de uma administração descomprometida com a cidade, que ainda permite
que seus 160 mil habitantes, em pleno século XXI, consumam carne sem inspeção sanitária.
Uma vergonha!!!
Os recursos foram liberados através da Caixa Econômica
Federal em 12.06.2008 e a Prefeitura Municipal abriu processo licitatório
através da Tomada de Preços Nº 002/2010 em que teve como vencedora a empresa
Marca Engenharia Ltda, cujo contrato de execução de serviços foi autorizado
pela O.S. Nº 853/2010.
A área onde está localizado o matadouro,
fica a 21 km de distância do aeroporto, proximidades do Posto da PRF, saída
para Teresina. Capacidade prevista para abate de cerca de 150 animais de grande
porte e mais 150 animais de pequeno porte, por dia em um turno.
Os serviços foram iniciados e para prejuízo da
coletividade encontram-se praticamente paralisados há cerca de um ano. A
pergunta que se faz é: por que não se executa tão importante obra dentro dos
prazos legais tendo os recursos disponibilizados? De quem é a culpa? Por que os
responsáveis não são penalizados? Enquanto isso o parnaibano de um modo geral
"consome carne da moita".
Os principais mercados públicos da cidade são: Caramuru,
Fátima e Quarenta todos têm boxes de comercialização de carnes. Atividade
econômica que emprega e garante a sobrevivência de dezenas de famílias.
Embargar os abatedouros clandestinos geraria um problema social de grandes
proporções, mas algo precisa ser feito.
Reafirma-se que o
comércio de carnes sem inspeção sanitária, é crime, é prejudicial à saúde do
consumidor, pois pode levar a óbito. A Prefeitura precisa criar mecanismos que
dificultem este tipo de comércio clandestino, através de um bom programa de
educação sanitária, agindo com maior rigor na fiscalização. Na cidade ninguém
sabe explicar por que as autoridades do município, mesmo tendo o dinheiro, não
querem concluir o abatedouro. Tudo na “moita”!!!
(*)
Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.
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