2 de out. de 2013

SALIPA: sai ou não

SALIPA - nunca mais (?)

É, parece ser isso que vai acontecer: nunca mais. Já perguntei para 2 secretários se vai ser realizado o Salão do Livro da Parnaíba (SALIPA) este ano, mas não recebi uma resposta que garanta isso; já mandei e-mail para a prefeitura e para blog de notícias, e nada de certeza. Ano passado estava programado que se realizasse e ... nada. Talvez por ter sido ano de eleição não se realizou, embora eu não possa nem imaginar por quê.
Afinal um salão de livros, ou feira, ou festival, não é importante para uma cidade como a Parnaíba? Na minha opinião é, e muito, como demonstraram os dois que se realizaram, com bons escritores presentes, palestras e livros, muitos livros expostos e sendo comprados.
Como a Parnaíba tem uma secretaria para a cultura - e nesta eu imagino que esteja a atribuição de realizar o SALIPA - , bem como outra da educação - e, também imagino, livro seja bom para a educação - e mais outra para o turismo - e, um pouco de imaginação, penso que seria fácil incluir o salão do livro como evento turístico, haja vista que outros eventos o são - não posso conceber que estes servidores públicos, que tocam tais secretarias, deixem de se articular para a realização do SALIPA. A não ser que seja falta de imaginação (serei eu o único a tê-la?).
Ou será falta de dinheiro? Ora, mas dinheiro tem para outros eventos dessas mesmas secretarias, alguns até de gosto bem duvidoso ou com retorno nulo ou igual, bem podendo que a autoridade municipal busque parcerias para o SALIPA, diminuindo seus custos. Será que há de se conseguir isso? Andei escrafunchando e encontrei bons exemplos, que passo a discorrer.
Há muitos e diversos eventos em torno do livro pelo país afora, que bem servem de estímulo para a Parnaíba, com seus mais de 300 anos de existência. A Feira do Livro de Porto Alegre já está na sua 59ª edição, em pleno sucesso e êxito. A Bienal do Livro de São Paulo existe desde 1970. Enquanto a Bienal do Livro do Rio de Janeiro foi criada em 1983.
Ora, mas dirão para mim que estas são cidades grandes, com público e dinheiro para esses eventos, e não se compara com a Parnaíba. Bem, se a Parnaíba não quer se comparar com as grandes, e quer ficar na mediocridade, como a cidade que tudo já teve e não tem mais (e o SALIPA já serve para confirmar isso), pois que busque exemplos mais terra a terra.
Passo Fundo fica no Rio Grande do Sul, com pouco mais de 180 mil habitantes. Portanto, sememelhante à Parnaíba, que tem pouco mais de 150 mil habitantes. Pois lá se realiza a Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo, desde 1981, estando na sua 15ª edição, com periodicidade de 2 em 2 anos. 
Movimenta a cidade, com seus habitantes, cuja média de leitura de livros (6,7 livros por habitante/ano) equivale à da França (7 livros), e, certamente, a sua economia, pois livros que são vendidos é por que alguém os compra; essa economia é incrementada por visitantes, gerando recursos de turismo.
Querem saber mais como é rentável o mercado de livros e feiras e eventos literários? A Feira Pan-Amazônica do Livro, em Belém, há 16 anos sendo realizada, em 2013 teve 40 mil pessoas visitantes, gerando 15 milhões de reais com a venda de 850 mil livros.
Ainda assim a imaginação dos administradores da Parnaíba está embotada e o SALIPA não sairá mais por falta de recursos? Pois saibam que o Ministério da Cultura tem um programa para financiar salões, feiras ou jornadas de livros, chamado Circuito Nacional de Feiras de Livro, dispondo este ano de 1,9 milhão de reais. É pouco? Mas para quem pode não ter nada, já é alguma coisa. Uns poucos caraminguás de 200 mil reais já dariam para uma boa ajuda.
Além desses recursos do Ministério da Cultura, diretos, há de saber que projetos apresentados em busca de recursos da Lei Rouanet, em 2011 e 2012, receberam 42 milhões de reais por renúncia fiscal para eventos como esses.
Portanto, não é por falta de recursos que o SALIPA não saiu em 2012 e nem sairá em 2013, mas por outras insondáveis razões que só acontecem nesta Parnaíba. Há de ter, realmente, bons motivos para aqui residir.
Espero que alguém, com alguma imaginação, venha a tentar ressuscitar o SALIPA, integrando-o como evento literário, cultural, turístico e educacional, ou quaisquer que sejam os motivos para realizá-lo, contanto que tenham um mínimo de imaginação para isso.

(Fonte de informações: Veja nº 38, 18/09/2013, p 123-28)
02/10/2013

Marcos Antônio Siqueira da Silva

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