Falta de informação faz do peixe-boi 'vilão do turismo' em cidade no Piauí

O 180graus contou em reportagem recente sobre a disparidade entre os investimentos voltados para o turismo na região do município de Cajueiro da Praia, no litoral do Estado. Enquanto em Barra Grande, que é apenas um povoado, há belos hotéis, restaurantes e resorts, na sede do município quase nenhum turista é encontrado, mesmo tendo mais belas praias a mesta estrutura de acesso.

O grande vilão apontado pelos moradores, é o peixe-boi. Mas a falta de informação e um trabalho direcionado, mais respaldado no turismo sustentável, acaba transformando aquele que pode ser o mocinho de Cajueiro da Praia em um projeto mal visto pelos moradores.

Paulo Vitor, que trabalha como segurança e vigilante da sede do projeto no município, afirma que todas as semanas recebe turistas de todas as partes do mundo. São portugueses, italianos, espanhóis, gente que vem de longe para ver o animal. "Aqui não faltam turistas em nenhuma época do ano, acontece que não estão sabendo aproveitar esse tipo de turismo. Acontece que a maioria das pessoas que são de Barra Grande falam de lá como se fosse uma cidade, por conta do desenvolvimento, e o pessoal aqui da sede do município sente ciúmes", afirma.

Hoje, grande parte do município pertence à União, e passa agora por processo de regularização fundiária. Pelo menos 200 termos de posse foram entregues para moradores e outros 400 estão sendo preparados.

Projeto Peixe-boi é visto como vilão em Cajueiro da Praia, mas pode virar o grande aliado do turismo na região

Acontece que a área hoje gerida pela Ampa (Associação Amigos do Peixe-boi) não pode sofrer interferências, atentando para os impactos ambientais na área de estuário, onde cerca de 45 animais vivem. "Hoje não temos registros de encalhe de animais, como em outros estuários, além disso, a presença dos animais e de uma área preservada ajuda até mesmo os pescadores, o pessoal que trabalha nas áreas de mangue. Muitos não tem essa percepção, e por falta de informação, acabam culpando o projeto pelo que não acontece no município", disse Paulo Vitor.

Placas avisam sobre a proibição quanto a construção de estruturas na praia; barracas são vetadas

Heleno Francisco, que é coordenador do projeto em Cajueiro da Praia, lembra que o projeto não é desculpa para a falta de obras na cidade. "Acontece que a maioria dos gestores não querem fazer e não acham um culpado. Aqui acabaram elegendo o peixe-boi. Aqui tivemos um problema, porque estava sendo pleiteada a implantação de asfalto nas ruas da cidade, mas além da temperatura, fatores impermeabilidade do solo oferecem risco à preservação. Acredito que dá de fazer uma boa pavimentação, sem uso de asfalto, mas preferem fazer a meia boca", afirmou.

Projeto de orla para Cajueiro da Praia já foi aprovado, mas obras nunca começaram

O coordenador confirma que há um projeto de orla para Cajueiro, assim como foi feito na praia de Atalaia e que foi feito pensado para a realidade do lugar, levando em conta os aspectos de sustentabilidade e preservação do lugar. Ele já foi adequado e está nas mãos do Governo do Estado com recursos aprovados. Os trabalhos precisam ser apenas iniciados, e para isso, o município deve ir atrás da realização desta obra que poderá atrair mais pessoas, movimentando a economia e gerando desenvolvimento. 

REPÓRTERES: Apoliana Oliveira e Fábio Carvalho