O POETA DIEGO MENDES SOUSA NASCEU NA PARNAÍBA, LITORAL DO PIAUÍ.
(Porto das Barcas)
(Pedra do Sal)
Berço D’eu Menino
Para João Paulo dos Reis Velloso
(Eviterno representante da Parnaíba)
Hoje que sou galho
uma tremenda raiz
puxa-me os pés
trilhas alagadas
nas ventiladas areias
do berço d’eu menino
sou um rio no curso
onírico
andando na quentura
da tarde
Espero as estrelas
marinheiras da noite
vindo
como um susto
apressado
no alento folheado
do meu coração
(Solar da Poeta)
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Sei que a hora é de implosão
Minh’ avó,
na noite da saudade
a cordilheira se desespera
é o drama do perder
na velocidade do tempo
(que não irá retornar
na secular trama
da árvore desgarrada
como pássaro distante da ilha)
posto na imagem de teu sorriso
mais íntimo de minha lembrança
Sei que a vertigem tombou
meus olhos repletos de lágrimas
recolhendo o desejo do rever
teu rosto
nos prados varridos
pela vida
(tão triste tão perdida)
sem elos
que fazem
a comunhão do destino
Essa dor se completa infinita
como um colosso intraduzível
em seu eco
sem identidade
(Guará do Delta do Parnaíba)
Agora que sou mar
um oceano naufragado
de águas salgadas
Penetro
no chão
abismal
do grito
da terra
no escuro
fundo
da linguagem
de Deus
Ele!
- que predestinou
o passo contrário
dessas ilusões
inteiras
de âmago
invadido
o choro
cantante
e sempre
errante
Já que sou rio
vou ligeiro
atrás dos mistérios
magos
que me querem
alado
como um anjo
ausente
(Catedral da Parnaíba)
Mas a composição
do meu turbulento
sangue
evoca
o amor da Musa
na tempestade
dos raios
afundando
barcos
carregados
de óleos
escorregadios
Só eu sei
amar
sem morrer
porque
Amar
é uma armadilha
certeira
nos frutos
carcomidos
da beleza
Minha poesia
quer
a permanência
no ar
solitário
desse céu
extremamente
azul
da cidade
donde
venho
de dunas
peregrinas
e de guarás
bravios
(Igaraçu - braço do Rio Parnaíba)
Nasci nos braços do Parnaíba
no negrume de uma rua
onde minha mãe
semeou
seu gemido
eterno
desde então
o sol contempla
meus apertados
olhos
no espetáculo
do mundo
angustiado
nas fugidias
pedras
da balada
sonora
de meu
choro
audível
ainda
no instante
dessa
glória
fagulhada
de memória
(Estação Ferroviária da Parnaíba )
Aqui
a passagem
dos dias
é tufão
em silêncio
um corredor
de partida
para
a longa
aventura
dos segundos
inarredáveis
de um viajor
e seu pergaminho
de couro envelhecido
(Caranguejos do Delta do Parnaíba)
Os cajus são alianças
de carne e pecado
castanha de brancura
voraz
na pele
do jardim descampado
da aurora
(Cajus da Parnaíba)
(Cajueiro de Humberto de Campos)
Os caranguejos
saem para o mangue
em rotina suja
aos fantasmas
do mar
(Parnaíba é pincelada por Xananas)
Aos Poetas
luzem
a cor
(vibrante das xananas)
e o ritmo
contínuo
de ir (para os lados
da praia inominada)
Caju e caranguejo
almas de todo ser
vivente
que deseja
o mesmo porto
durante a voragem
do medo
debandado
das raízes
em evidência:
a morada dos caranguejos
escudos de pau
e casca
do tronco
deste sal
epifânico
e purificado
de nome
POEMA DE DIEGO MENDES SOUSA
(Vista panorâmica da Parnaíba)
Diego Mendes Sousa é autor de DIVAGAÇÕES (2006); METAFÍSICA DO ENCANTO (2008); 50 POEMAS ESCOLHIDOS PELO AUTOR (2010, EDIÇÕES GALO BRANCO); FOGO DE ALABASTRO (2011, COLEÇÃO MADRUGADA); CANDELABRO DE ÁLAMO (2012).
(Pedra do Sal, única praia da Parnaíba)
Fonte: Proparnaíba
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