A utopia de Marina

A inusitada entrada de Marina Silva no PSB está fazendo com que o partido tenha que se reinventar. Até a última sexta-feira, o PSB trabalhava coligações partidárias nos diversos Estados e procurava adesões de personalidades políticas que nada têm a ver com os compromissos de Marina com o seu eleitorado. Tudo mudou, entretanto. Eduardo Campos começa a desfazer o que já tinha acordado até então. Nesse diapasão o governador pernambucano anunciou ontem que o goiano Ronaldo Caiado, legítimo representante da ala ruralista no Congresso, não é mais seu aliado. Campos procurou mostrar através desse gesto que absorveu a orientação programática da Rede de Sustentabilidade, o partido em formação de Marina, que pretende ser referência em questões ligadas ao meio ambiente. Caiado, como Marina deixou claro, é o símbolo ruralista que ela não quer ver entre os aliados do PSB. O governador pernambucano terá que refazer também os acordos pelos quais formaria parceria com o PSDB em alguns Estados – inclusive o Piauí – onde seria possivel estabelecer aliança tendo o ex-prefeito Silvio Mendes como possível vice-governador numa eventual chapa liderada pelo vice-governador Zé Filho, do PMDB ou sendo o próprio candidato a governador em caso de Wilson Martins ficar no governo. Conhecendo-se os outros 30 partidos que existem no país, é fácil se entender que a coligação do PSB com a Rede começará e terminará nesses dois partidos. A decantada pureza de princípios exigida por Marina só será poissível no Brasil para o partido dela, que nem sequer foi legalizado.