28 de out. de 2013

A raposa e as uvas hoje

Toda e qualquer especulação sobre a sucessão de 2014, no Piauí, só terá validade depois de 3 de abril do próximo ano - prazo final para desincompatibilização. Uma coisa é o governador Wilson Martins decidir ficar no mandato até o fim. Outra é ele sair para ser candidato a senador e passar o comando do Estado e da sucessão para o seu vice, Zé Filho.
Este raciocínio é um tanto acaciano, reconheço, mas se faz oportuno diante das insistentes investidas dos adversários - e também de aliados - do vice-governador, no sentido de tentar desqualificá-lo para o debate sucessório. Não existe governador fraco, muito menos no Piauí, ainda mais em se tratando de alguém com experiência política e administrativa.
Zé Filho vem de uma família política. O pai, Moraes Souza, exerceu vários mandatos de deputado estadual e de federal. O tio, Mão Santa, foi prefeito de Parnaíba, deputado estadual, governador duas vezes e senador. Ele próprio também foi prefeito de Parnaíba e deputado estadual. É líder empresarial. Preside a maior entidade empresarial do Estado, a Fiepi.
Se assumir o governo e se candidatar à reeleição, ele não será uma presa tão fácil como se especula. O PMDB, um partido bem estruturado, está unido em torno de seu nome. Ao seu partido se somará inegavelmente o PSB de Wilson Martins. E os dois partidos buscarão apoios de outras siglas para fortalecer seu palanque.
Há um dado que ainda não foi levado em consideração em qualquer análise sobre a sucessão estadual de 2014. É esta: Teresina tem uma queda por parnaibano. Foi assim com Chagas Rodrigues. Também com Alberto Silva. E o xodó se repetiu com Mão Santa. O que impede Zé Filho de tentar conquistar a capital, como fizeram seus conterrâneos?
Se vier a assumir o governo, Zé Filho encontrará o Estado com as finanças equilibradas, os serviços públicos funcionando e muitas obras em andamento, o que favorecerá a construção de uma imagem positiva de sua gestão. Apostar, desde já, no fracasso de sua eventual candidatura chega a ser, então, uma temeridade e tanto. Ou tudo não passa de uma revisita à clássica fábula da raposa e as uvas?

Por: Zózimo Tavares
Editor do Jornal DP

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