Curitiba
– A tecnologia que permitirá a pintura de carro se autorregenerar quando
riscada é uma das aplicações pesquisadas pelo Instituto Senai de Inovação
(ISI), lançado hoje (17) na capital paranaense. A inovação, inédita no país,
usa aplicações de nanocápsulas contendo tinta e um catalisador, liberados
apenas quando a pintura é riscada. A recuperação pode alcançar até 85% dos
danos.
Chamada
de “autocicatrizante”, a tecnologia da tinta autorregenerativa em estudo pelo
instituto é aplicada no mercado automobilístico externo. O produto poderá ser
aplicado em superfícies de carros, eletrodomésticos, como geladeiras e fogões,
cosméticos – em esmaltes para unhas - e até em móveis. No entanto, ainda não há
prazo para a inovação chegar ao consumidor. “A tecnologia libera uma tinta
internamente e, após alguns segundos ao ser riscado, o carro estará novamente
como antes, sem o risco. É uma aplicação bem prática”, explicou o
pesquisador-chefe do ISI-Paraná, Marcos Berton.
Além
da tinta, outras soluções ainda inéditas no país serão pesquisadas pelo
instituto. Em outra linha de pesquisa está a análise de líquidos por sensores
eletroquímicos. Poderão ser analisados a qualidade da água ou do leite. O
instrumento estará a disposição da indústria como ferramenta de controle. O
centro de pesquisa atuará nas áreas de eletroquímica, meio ambiente, materiais
e nanotecnologia. Poderão ser pesquisadas soluções para indústria automotiva,
de óleo e gás, mineradora, metal mecânica, de construção civil, de sistemas e
geração e armazenamento de energia. Além do desenvolvimento de sistemas para
área de meio ambiente, saúde humana e animal.
Ao
todo serão criados 24 institutos Senai de Inovação em 14 estados do país até o
final de 2015. As estruturas atenderão a demandas específicas das empresas e
indústrias de pequeno, médio e grande porte. De acordo com o diretor-geral do
Senai, Rafael Lucchesi, a rede de laboratórios permitirá que o conhecimento de
testes e serviços de alto valor agregado fiquem no Brasil.
“Inovação
é o principal fator de produtividade. O Brasil se destaca entre os países
emergentes, mas ainda está em uma posição intermediária. A balança comercial
tecnológica é defictária em R$ 30 bilhões, o mesmo que o país gasta por ano com
seguro-desemprego. Se importa muito e o que se exporta ainda é de baixa
tecnologia. Neste aspecto, o conhecimento gerado fica no país de origem. É
importante que cérebros brasileiros desenvolvam competências para empresas
brasileiras”, explicou Lucchesi ao apresentar o laboratório para jornalistas.
O
diretor-geral destacou ainda que o perfil dos pesquisadores dos institutos é
diferente do encontrado na academia. “O tempo de resposta que a empresa precisa
é diferente, o prazo tem que ser mais ágil e rápido”, disse. Indústrias,
coletivos empresariais e empreendedores poderão solicitar pesquisas para o
instituto, que vai analisar a viabilidade e terá até 20 meses para dar
respostas e soluções. As redes podem se interligar para desenvolver tecnologias
mais avançadas ou integradas.
A
rede de laboratórios terá R$ 2 bilhões de investimentos, dos quais R$ 1,5
bilhão financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES). Das 24 unidades previstas, seis têm previsão de iniciar o
funcionamento até o primeiro semestre de 2014. Duas estarão na Bahia, voltadas
para áreas de conformação e soldagem, e mecatrônica; duas em Minas Gerais, nas
áreas de engenharia de superfície e metalurgia; uma em Santa Catarina, de
mecânica fina, e outra no Rio Grande do Sul, de tecnologia de polímeros. A
criação dos institutos tem parceria do Instituto Fraunhofer, da Alemanha e do
Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Fonte: Agência Brasil
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