Texto de João Claudio Moreno
Ontem à noite numa homenagem pra lá de justa o Jornalista Arimatéia Azevedo (na foto com sua mãe) recebeu o Título de cidadão de Teresina. O vereador Inácio Carvalho, um humanista, foi o autor do projeto que dás as vezes de direito àquele que já era teresinense de fato, há muito tempo. Todo mundo ressaltou a coragem do Jornalista, essa característica foi abordada repetidamente nos discursos, na proposição formal, nos depoimentos e nas conversas paralelas no plenário da Câmara lotado de amigos e admiradores; a grande maioria jornalistas, políticos e empresários.
Eu também estive lá. Cada vez mais raro saio de casa, principalmente à noite e chovendo. Sou um velho precoce, sempre fui. E por ser velho ainda guardo algumas obrigações domésticas entre elas, dar valor a quem tem. Todos os defeitos do Jornalista Arimatéia Azevedo ficam opacos diante da folha de serviço já prestada ao Jornalismo do Piauí. As vezes mais, outras menos, as vezes subjetivamente apaixonado, outras distanciado e sereno, creio que não digo novidade nenhuma enfatizando que por trás da instituição considerável de uma coluna de jornal diário, se condessam, se acumulam, há anos, velhas energias psíquicas e impulsos irracionais do homem, em busca de uma sublimação.
Assim foi no rádio, na página do jornal impresso, na assessoria institucional, na editoria de TV e de diário matutino, até ao jornalismo online, evento do qual foi pioneiro no Piauí. Nego Ari está para o nosso dia a dia dos bastidores - do que não é dito publicamente- mas que ele faz a gente saber, como Mario Filho esteve para o futebol carioca. Ou seja... podemos gostar ou não, podemos concordar ou não, podemos até sofrer ou não, ao gosto do nosso próprio parecer, uma injustiça, precipitação ou puramente o dever que ele tem de noticiar independente de ferir, mas não podermos ignorá-lo. Ele sobrevive, ele resiste, e sua força muitas vezes parecendo apagada ressurge como um chama de incêndio, aspecto de fato nutrido numa energia que eu chamo de vocação.
Existem muitos leitores do Ari em estado de pureza. Eles têm a humildade de passado o episódio que se torna público procurarem as manchetes de jornais para saber como foi o fato que viram. Mais que viram, que viveram e interessa mais o que o Aridiz do que de fato o que aconteceu.
Na urgência da democratização da informação, tudo diferente de bem a bem pouco atrás, na explosão das redes sociais há o fenômeno da forjada pressuposição, precipício de que tanta falava o jornalista Artur Da Távola onde um sintoma vira indício, o indício vira prova, a prova é julgamento, o julgamento vira condenação e a condenação vira linchamento. Nesses tempos o bom homem de imprensa precisa superar-se a si próprio para provar que uma longa jornada não se apaga num escorregão.
Quando terminou a solenidade, houve um coquetel, devia ser um coquetel farto, mas eu não esperei. Voltei para casa com pressa. Na saída, um repórter me pergunta "o que você acha dessa homenagem?” Eu respondi: “Eu vou mandar dourar esse neguinho”.
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