A prefeitura do Rio de
Janeiro agora tem um instrumento legal pra punir todo aquele sujeito que for
flagrado jogando seja lá o que seja na rua, uma multa pesada. Desde um papel de
bombom, ponta de cigarro, saco de pipoca, enfim, tudo aquilo que aos olhos da
autoridade for considerado lixo. Quem conhece o Rio e Salvador sabe que são
duas capitais brasileiras tidas e havidas pela falta de limpeza e, que me
perdoem cariocas e soteropolitanos, de gente sem civilidade. É uma situação
lastimável, caso de polícia mesmo.
Mas esse negócio de
estipular e aplicar multa pra quem sujar a rua, em se tratando da mais
conhecida cidade brasileira, cartão postal do Brasil no estrangeiro, ao que me
parece não deve ter uma resposta duradoura e de excelentes resultados. Dentro
de pouco tempo tenho certeza que ninguém, mas ninguém mesmo, nem mesmo os
fiscais vão dar continuidade a essa campanha. Pode até ser que tenha resultados
lá na Dinamarca, Suécia, Holanda. Mas no Brasil?
E não me venham dizer
que eu negrinho aqui tem complexo de inferioridade pela condição de ser da
linha abaixo do Equador. Porque um sujeito em outras e curtas palavras, um
porco, um sujeito seboso, nojento, sem eira e nem beira que toda sorte de
adjetivos a ele aplicados ainda seria pouco, que tem a sem cerimônia de jogar
lixo na via pública, de não respeitar o seu vizinho quando joga lixo na porta
alheia, que descarrega animal morto em terreno baldio, quer ser chamado de quê?
A prefeitura vai
precisar de um batalhão de funcionários sempre de olho vivo nas praças, ruas e
avenidas marcando colado em cima de quem jogar no chão um palito de fósforo
queimado. Mas eu até já imagino a situação desses zelosos funcionários quando
se descuidarem um tantinho assim. No menor vacilo e lá vai estar a sujeira no
chão, atrás dele. No final, o resultado vai ser pequeno em relação à proposta
educativa. Porque esse negócio de multa vai ser mais como uma advertência. Mas
digo logo aqui do meu canto que não terá resultados.
Agora fico imaginando
se esta moda pega e de repente o prefeito da Parnaíba incorpora a idéia de seu
colega carioca. Seria coisa de a prefeitura encher dentro de pouco tempo,
questão de horas mesmo, a burra com tanto dinheiro pela aplicação das multas.
Porque o que não falta na Parnaíba é lugar imundo
de sujo, como se dizia no meu tempo. Se esse negócio pegar mesmo, eu nem
pestanejo: só de multa a prefeitura da Parnaíba vai ficar conhecida como uma
das mais ricas do Brasil. Porque vai ser dinheiro no balde.
E correndo os olhos na
lembrança daqueles lugares mais imundos
de sujo que tem na Parnaíba, vou começar pela praça da Santa Casa. Meu
amigo, aquilo ali não é coisa deste mundo não! É uma catinga de mijo de cavalo
misturado com mijo de gente, ponta de cigarro, caixa de papelão, guardanapo de
papel, cinturão velho, merda de vagabundo, copo descartável, cabeça de galinha,
bico de pão, tudo que é tipo de produto de procedência duvidosa sendo vendido
em frente a uma escola e um hospital e sem que ninguém tome uma providência.
Quer outro? Nem vou
muito longe: um mercado a poucos metros da prefeitura, entre os bairros
Pindorama e Piauí, na zona sul. Quem entra na cidade, sentido Teresina pra Luiz
Correia, logo encontra um dos pontos de maior concentração de lixo, podridão e
tudo o que não presta em um só lugar. Um verdadeiro shopping center trash, a céu aberto. Chega ao ponto de ter urubu
dono de banca de peixe. A gente passa no início da tarde de volta do trabalho e
eles, os urubus, estão descansando dentro dos boxes, jogando dominó,
conversando e tratando sobre o dia seguinte. Vá mexer com um bicho daqueles!
Tenho a impressão que eles tem até sindicato.
Mais outro ponto. Agora
de volta ao centro. Numa tal de praça dos Poetas, antiga Lima Rebelo. Tem uns
coletores de lixo sempre transbordando. E naquele movimento de botecos,
pequenas lojas, lanchonetes, camelôs vendem CDs e DVDs piratas, queijo, frutas,
quentinhas, churrasquinho, pasteis, sem a menor noção do que seja higiene. Lá
dentro da dita praça um camarada mija, o termo é esse mesmo, sem a menor
cerimônia para quem está passando. Imagine o que seja uma promiscuidade urbana,
numa linguagem mais vulgar, uma esculhambação, está ali, no centro histórico!
Eu bem que poderia
enumerar outros tantos lugares onde a coisa corre frouxa. Mas deixo ao juízo de
cada um. E aí eu me pergunto se essa ideia do Eduardo Paes, lá no Rio de
Janeiro, for incorporada em Parnaíba. Há de ser necessário fazer concurso público
específico somente pra lotar pessoal capacitado a trabalhar nesse novo cargo.
Porque não dá pra fechar os olhos pra tanta imundície nessa Parnaíba, que mais
está parecendo Bangladesh.
Por Pádua Marques
Jornalista e Escritor
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