Estariam surdos eles ou os brasileiros que protestaram país
afora não falaram com clareza o que mais nos importuna? Nem uma coisa, nem
outra. Esta saída de colocar na pauta a discussão sobre uma reforma política,
mais parece uma alternativa “inteligente” para tentar desvirtuar o rumo das
discussões que verdadeiramente levou o povo às ruas: a corrupção desenfreada e
a ineficiência dos serviços públicos prestados à população.
O momento exige cautela. É preciso analisar cada passo dado.
O povo não é bobo. O governo já não é mais o detentor do controle que mantinha
sobre a grande massa explorada. Sobretudo, é preciso ordenar um novo modelo de
gerenciamento do estado brasileiro que se mostre verdadeiramente democrático.
Aqui, entenda-se por democracia não somente o ato de se ter eleições diretas,
mas que o sistema permita que o cidadão exerça o seu papel de eleitor ou
candidato com lisura e ética.
Os brasileiros já não toleram mais ver tanta bandalheira
seguida de impunidade. Casos de corrupção comprovada ainda se arrastam em
manobras judiciais e com acordos politiqueiros que levam o país ao deboche e
com implicações didáticas negativadas pelos exemplos que estimulam a
desonestidade. O povo pede a cassação dos mandatos dos deputados condenados
pelo “mensalão”, pede a prisão aos “mensaleiros” condenados, pede a conclusão da
votação e sanção da lei que transforma a corrupção em crime hediondo, pede
ainda, como medida moralizadora do Congresso Nacional que senadores e deputados
“fichas sujas” sejam julgados e, sobretudo não ocupem cargos de direção, como é
o caso do Presidente do Senado Renan Calheiros e do deputado Marcos Feliciano,
Presidente da Comissão de Direitos Humanos e dos deputados José Genuíno e João
Paulo Cunha condenados e membros titulares da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Só aqui no Brasil!
Tá dita e foi clara a mensagem: é preciso que pare a
corrupção! Taí um programa bom de ser lançado pelo governo federal: CORRUPÇÃO
ZERO! Este viria para consolidar o FOME
ZERO dando-lhe novos contornos, pois se sabe que a intenção é dar proteção
social a quem está em situação de risco e miséria. Ótimo, pois a partir de
agora quem recebe qualquer benefício do governo federal tipo bolsa família,
prostituta, presidiário estará impedido de votar. Ora, se não é para
“encabrestar”, deixa este povo sofrido livre dessa obrigação!!!
Concomitantemente é necessário um choque de gestão nas áreas
da educação, saúde e segurança. Estes setores sofrem influencia direta da
péssima qualidade dos serviços prestados, com raríssimas exceções, aliadas à
corrupção. O governo sabe disso, não faz diferente porque não quer. Ou melhor,
porque sabe que vai escandalizar o modo histórico com que hoje se administra o
dinheiro público, igualzinho àqueles pilantras de antes e que foram achacados
sob o discurso moralizador e que redundou no que está aí às nossas vistas e em
nossa própria pele.
E, para completar, caso interesse ao governo dar respostas
ao povo, vai aqui mais algumas sugestões apontadas Brasil afora: desaprovação à
PEC 33 que retira a soberania do STF de investigar os políticos acusados de
corrupção, submete as decisões do STF ao Congresso; fim do foro privilegiado
(imunidade parlamentar); fim do voto obrigatório aos eleitores; voto distrital;
financiamento de campanha somente público; fim do voto secreto no Congresso
Nacional; reforma prisional, condenados têm que trabalhar para pagar suas
despesas no presídio e sustentar suas
famílias; aprovação da PEC 280 – redução do número de parlamentares de 513 para
250, garantido que nenhuma UF fique com menos de 4 e máximo de 30
representantes; tarifa zero dos transportes públicos para estudantes; Redução
dos ministérios de 39 para 25.
Concluo usando uma frase de um cartaz d’uma manifestação “Prender
os baderneiros é fácil quero ver prender os corruptos”. Eu também quero ver!
(*) Fernando Gomes, sociólogo, cidadão, eleitor e
contribuinte parnaibano.
Por Fernando Gomes (*)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente essa postagem
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.