16 de jul. de 2013

QUANTOS JOVENS AINDA PERDERÃO A SUA VIDA?

Na noite de ontem (15) quando da visita que fiz à família de uns amigos deparei-me com uma cena lamentável. Estava ali, uma mãe olhando os pertences pessoais de seu filho. Saudade estampada no rosto molhado de lágrimas. Coração partido, dilacerado. Olhar perdido. Sentimento de impotência e descrédito no sentido da vida. Foi como percebi a Sra. Maria Alice Sá mãe do garoto Mailson Kelvin, brutalmente assassinado por outro garoto, após ser abordado em roubo de um celular na noite do último dia 10 de julho.
Quem matou Mailson? Que jovem é esse? Por que? Por volta das 21h00 fazendo-se acompanhar de sua namorada foi abordado por dois menores delinquentes que, apesar da pouca idade, já têm uma extensa ficha criminal. Resultou num latrocínio, roubo seguido de morte. Crueldade. Mailson apenas 16 anos. Os assassinos com a mesma idade, usuários de drogas, pouca escolaridade e de família carente, engrossam as estatísticas da violência decorrente da dependência química.
Que sociedade é essa que não protege, que não cuida dos seus jovens? Que governos são esses que gastam milhões com propaganda de promoção institucional (?) e pouco se importa com a causa das drogas? Certamente podem vir agora e dizer que têm “projetos” para tal, mas olhando os programas sociais aqui planejados no combate as drogas se percebe a superficialidade e indiferença que se trata esta causa de saúde pública, como deve ser encarada sim, caso de saúde pública!
A droga é hoje a patrocinadora de uma verdadeira guerra civil. Jovens e suas famílias entram em destruição social de forma assustadora, sob o olhar complacente do poder público e nosso também. Pois se o Estado Brasileiro, nas três esferas de poder (federal, estadual e municipal) não responde com uma política pública séria de enfrentamento do problema, como nos organizamos para cobrar, exigir que isso seja feito? Será preciso que uma cruel fatalidade como esta te atinja também, me atinja também?
O nosso tecido social está fragilizado. A família impotente. Os narcotraficantes cada vez mais organizados, audaciosos e violentos. O Poder Público omisso e até conivente...
Parei um pouco de escrever, pois uma notícia na TV me chamou a atenção: Policiais do DENARC/SP foram presos hoje por corrupção e apoio aos traficantes, inclusive o chefe de investigação. Ora, o Denarc é o Departamento de Repressão ao Narcotráfico do Estado de São Paulo, montado há 25 anos, com aparato institucional invejável. Mas, não eram eles que deveriam proteger a sociedade e prender os bandidos? Estavam do lado dos traficantes, passando informações privilegiadas... vá entender!
Isso nos coloca o quanto é grave o enfrentamento. Se não for um esforço conjunto dos poderes públicos e da sociedade perderemos esta guerra, com resultados estatísticos assombrosos. O tráfico e sua rede de distribuição promove a mais cruel destruição humana. O jovem que entra para o sub-mundo das drogas ingressa, quase sempre igualmente, no crime. Destrói consigo a sua família e, na busca de alimentar o vício rouba e mata, destruindo outras famílias.
É preciso compreender que se deve atuar em três frentes concomitantemente: (i) repressão ao tráfico de drogas; (ii) tratamento da dependência química; (iii) desenvolvimento de políticas públicas para a juventude. Enquanto nossos representantes não compreendem isso, vamos lamentar fatídicos episódios.
Quantos jovens precisarão morrer para que se encare o problema das drogas como um caso de saúde pública e venha a produzir uma cidade mais humana e mais justa para todos???


(*) Fernando Gomes, sociólogo, cidadão, eleitor e contribuinte parnaibano.

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