1 de jul. de 2013

JUVENTUDE E IRREVERÊNCIA NOS PROTESTOS CONTRA A CORRUPÇÃO

Uma jovem levava consigo uma cartolina com a seguinte inscrição: “E que somente os beijos me tapem a boca...”. Era uma das tantas expressões registradas numa manifestação de protesto contra a corrupção realizada em Parnaíba. A criatividade da nossa juventude se fez presente nos cartazes e nas palavras de ordem na passeata que descia a Avenida São Sebastião com cerca de 3.000 pessoas. Uma beleza de se ver!
Contrariando a ideia de que nossos jovens são alienados e não estão “nem aí” para a política, a “geração coca-cola” desmontou cientistas políticos, sociólogos e outros profissionais que analisam a política brasileira. Sem uma “agenda definida” e sem atrelamento a partidos políticos os jovens vão à rua manifestar o repúdio à forma de governar que assola o território nacional de forma vil e corrupta.

País da Mente
Por todo o Brasil, reúnem reivindicações que vão desde o inicial reclame pelo aumento das tarifas do transporte público até a ineficiência do estado brasileiro, em todas as esferas de poder (federal, estadual e municipal) no que tange às políticas públicas de saúde, educação, segurança, dentre outras.
Todas essas reivindicações têm uma mesma raiz, o mesmo mal causador, nascem da corrupção que se espalhou desavergonhadamente pelo país. O povo brasileiro não suporta mais tanta ladroagem, nem a sentença da impunidade que estimula e acentua a pilantragem. Esta semana um ex-prefeito de Cajueiro da Praia foi preso e o ex-prefeito de Parnaíba sendo condenado à prisão. As coisas estão mudando!
Não há outro fenômeno sociológico a ser buscado para entender a juventude nas ruas. É a corrupção desenfreada que sacrifica o povo e mantém uma casta de “intocáveis”. O que chama mesmo a atenção e faz ganhar adeptos é a forma alegre, pacífica e responsável com que a nossa juventude alia sua irreverência à crítica que se deseja externar em razão da escancarada falta de respeito ao povo brasileiro.
Só a cara é de palhaço
“Viu? A Gente (r)existe!”, “Se a bomba é de efeito moral, joga no Congresso!”, “Enfia os vinte centavos no SUS”, “Queremos hospitais padrão Fifa”, “Odeio bala de borracha, joga um halls”, “Policiais não nos machuquem não temos hospitais!”, “Olha que legal, o Brasil parou e nem é carnaval!”, “Vai prá PEC que te pariu!”, são alguns exemplos estampados nos cartazes das manifestações. Uma beleza!
O importante é ressaltar que a juventude é protagonista, mais uma vez, das mudanças que se dão nesse país. Foi assim no período da ditadura militar, no impeachment do Collor e, agora pela moralidade na política. O recado foi dado. Os “representantes do povo” estão doidos. Baixaram o preço das passagens de ônibus. A Câmara dos Deputados derrubou por 430 votos a nove a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 37) que impedia o Ministério Público de promover investigações criminais por conta própria. Outro projeto votado transformou a corrupção como crime hediondo. O Supremo Tribunal determinou a prisão do deputado federal Natan Donadan. Sinais de mudanças ou querem resfriar o movimento popular???

Ali Babá 2014
O jornal A Folha de São Paulo fez uma pesquisa sobre o perfil desses jovens que estão indo às ruas e identificou que estão na faixa etária entre 16 e 30 anos e formam um contingente de 42% do eleitorado brasileiro e como o próximo ano é de eleição, tem uma “turma” preocupada com os rumos que isso pode tomar e até mesmo como esses jovens encararão as urnas em 2014. Repetirão a abstenção anterior?
“O Brasil não vai mudar em 1 dia, mas os dias de mudança já começaram. Hoje somos manifestantes, em 2014 seremos eleitores. Fica a dica governantes!”. A mensagem deste cartaz exposto no RJ vale para todo o Brasil, em especial a um tipo de governante que se elege com um discurso da moralidade, mas que se distancia do povo e se enclausura em grupelhos. Ignora a capacidade de aglutinação dos jovens, a importância das redes sociais e o poder de mobilização da classe média, enxertada por emergentes da classe “c”, antenados com a política e a economia em crise do Brasil e de outros países.





Por Fernando Gomes  (*)

 (*) Fernando Gomes, sociólogo, cidadão, eleitor e contribuinte parnaibano.

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