Contrariando a ideia de que nossos jovens são alienados e não
estão “nem aí” para a política, a “geração coca-cola” desmontou cientistas
políticos, sociólogos e outros profissionais que analisam a política
brasileira. Sem uma “agenda definida” e sem atrelamento a partidos políticos os
jovens vão à rua manifestar o repúdio à forma de governar que assola o
território nacional de forma vil e corrupta.
País da Mente |
Por todo o Brasil, reúnem reivindicações que vão desde o
inicial reclame pelo aumento das tarifas do transporte público até a ineficiência
do estado brasileiro, em todas as esferas de poder (federal, estadual e
municipal) no que tange às políticas públicas de saúde, educação, segurança,
dentre outras.
Todas essas reivindicações têm uma mesma raiz, o mesmo mal
causador, nascem da corrupção que se espalhou desavergonhadamente pelo país. O
povo brasileiro não suporta mais tanta ladroagem, nem a sentença da impunidade
que estimula e acentua a pilantragem. Esta semana um ex-prefeito de Cajueiro da
Praia foi preso e o ex-prefeito de Parnaíba sendo condenado à prisão. As coisas
estão mudando!
Não há outro fenômeno sociológico a ser buscado para
entender a juventude nas ruas. É a corrupção desenfreada que sacrifica o povo e
mantém uma casta de “intocáveis”. O que chama mesmo a atenção e faz ganhar
adeptos é a forma alegre, pacífica e responsável com que a nossa juventude alia
sua irreverência à crítica que se deseja externar em razão da escancarada falta
de respeito ao povo brasileiro.
Só a cara é de palhaço |
“Viu? A Gente (r)existe!”, “Se a bomba é de efeito moral, joga
no Congresso!”, “Enfia os vinte centavos no SUS”, “Queremos hospitais padrão
Fifa”, “Odeio bala de borracha, joga um halls”, “Policiais não nos machuquem
não temos hospitais!”, “Olha que legal, o Brasil parou e nem é carnaval!”, “Vai
prá PEC que te pariu!”, são alguns exemplos estampados nos cartazes das
manifestações. Uma beleza!
O importante é ressaltar que a juventude é protagonista,
mais uma vez, das mudanças que se dão nesse país. Foi assim no período da
ditadura militar, no impeachment do Collor e, agora pela moralidade na
política. O recado foi dado. Os “representantes do povo” estão doidos. Baixaram
o preço das passagens de ônibus. A
Câmara dos Deputados derrubou por 430 votos a nove a Proposta de Emenda à
Constituição (PEC 37) que impedia o Ministério Público de promover
investigações criminais por conta própria. Outro projeto votado
transformou a corrupção como crime hediondo. O Supremo Tribunal determinou a
prisão do deputado federal Natan Donadan. Sinais de mudanças ou querem resfriar
o movimento popular???
Ali Babá 2014 |
O jornal A Folha de São Paulo fez uma pesquisa sobre o
perfil desses jovens que estão indo às ruas e identificou que estão na faixa
etária entre 16 e 30 anos e formam um contingente de 42% do eleitorado
brasileiro e como o próximo ano é de eleição, tem uma “turma” preocupada com os
rumos que isso pode tomar e até mesmo como esses jovens encararão as urnas em
2014. Repetirão a abstenção anterior?
“O Brasil não vai mudar em 1 dia, mas os dias de mudança já
começaram. Hoje somos manifestantes, em 2014 seremos eleitores. Fica a dica
governantes!”. A mensagem deste cartaz exposto no RJ vale para todo o Brasil,
em especial a um tipo de governante que se elege com um discurso da moralidade,
mas que se distancia
do povo e se enclausura em grupelhos. Ignora a capacidade de aglutinação dos
jovens, a importância das redes sociais e o poder de mobilização da classe
média, enxertada por emergentes da classe “c”, antenados com a política e a
economia em crise do Brasil e de outros países.
Por Fernando Gomes (*)
(*) Fernando Gomes, sociólogo,
cidadão, eleitor e contribuinte parnaibano.
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