O primeiro pleito eleitoral é sempre emocionante, o político ainda inexperiente enxerga defeitos em todos os lugares e rapidamente associa soluções para resolver. Expõe isso para os eleitores e conquista um voto de confiança, “esse é diferente”. É chegado o dia das eleições e ao abrirem as urnas, eis o resultado, vitória do “novo”.
Tudo é festa, fogos e muita alegria. Mal sabe ele, político que o dia 1° de janeiro está por vir, quando terá que tomar posse e passar a cumprir dali em diante tudo aquilo que prometeu. Mas será que ele ainda se lembra do que prometeu?
É ai que se percebe que as coisas não são tão fáceis assim, as leis são claras e deixar de cumpri-las é o mesmo que jogar fora o próprio mandado. Entre a cruz e a espada, é hora de tomar decisões e medidas que não estavam previstas quando ele era apenas um candidato.
Então é dada a largada a uma série de “desmandos”. É preciso segurar a barra, tudo vai dar certo, pensa ele otimista. O povo não quer esperar, eles anseiam por respostas e resultados, isso tudo de forma rápida. “Vamos lá já se passaram seis meses”, exige a população.
E o que fazer quando já se passou o primeiro ano, muitos recursos foram liberados, mas existe aquela tal de licitação então... Vai demorar. E aquele problema da água, que ele achou que seria fácil, porém existem 1001 burocracias pela frente. E o asfalto? A cidade está cheia de buracos, não é tão fácil assim. E lá se foram dois anos de mandato, com várias conquistas que ainda estão por vir.
O terceiro ano se arrasta e a gestão está bastante entregue a terceiros, que fazem o que querem e não temem as punições que a justiça pode dar por isso. O povo reclama, mas pensa ele, o político... Tenho que manter as “alianças”, e segue assim. Cada dia mais ausente é difícil encontra-lo, ele não tem mais tempo, vive ocupado e viajando para resolver coisas do município, até ai tudo bem, mas a população não sabe “que coisas são essas”. Ele esqueceu ainda de uma coisa importante, a comunicação. As pessoas realmente não terão como saber o que se passa em sua gestão sem uma boa assessoria.
É
chegado o quarto ano e tempo de reeleição, o político, talvez mais experiente e seguro de si esteja mais confiante do que nunca “vou vencer outra vez”, diz para si mesmo. É dada a largada e o jogo político começa. É ai que após, exatos quatro anos ele retorna aquela localidade rural situada a quase 50 quilômetros da sede da cidade, onde a estrada é ruim e não existe sequer abastecimento de energia elétrica. Para beber, o povo precisa caminhar quilômetros em busca de água.
- Ô de casa! – Diz o político
- Bom dia doutor! – Diz o idoso de 62 anos, dono da casa.
- Seu Jaime! Estou aqui para dizer que conto mais uma vez com seu voto, sei que na eleição passada o senhor e toda sua família que são mais de 30 eleitores votaram em mim não foi? – afirma.
- É verdade doutor, mas dessa vez nois num vota mais no senhor não, há quatro anos o senhor disse que iria ajeitar a nossa estrada, que iria cavar um poço aqui mais perto e que iria incluir esta localidade no programa de energia elétrica, esperamos e o senhor nunca apareceu pra dar satisfações. Então, já que a única coisa que vale é o nosso voto, vamos dar a outro! – Disse o idoso.
O político saiu da casa do idoso desestimulado e triste. E assim aconteceu em diversas outras casas de pessoas que haviam votado nele na primeira eleição. Ele prometeu água, luz, estradas, pontes, calçamento, escolas, creches e muitas outras coisas que não cumpriu. E por isso, perdeu centenas de votos, que será difícil recuperar.
É hora de acordar!
Vencer uma eleição nunca é o final da linha, engana-se quem pensa assim. A eleição vencida é apenas o início de um ciclo novo. Quero chamar atenção para as promessas durante o pleito, se prometeu tem que pagar. E antes de prometer, o mais sensato é estudar as legislações e saber das condições que terá, quando eleito de cumprir tudo aquilo que prometeu.
A grande parte dos políticos pensa que o dinheiro compra uma eleição. E de certa forma sim, compra. Mas a credibilidade é algo mais barato de se conquistar e tem um prazo de validade muito maior. Se analisarmos tudo isso, veremos que o caminho mais fácil e mais barato é construir uma credibilidade, e mantê-la.
As pessoas querem respostas
O eleitor merece respostas, e tem todo direito de fiscalizar o que o gestor faz ou deixa de fazer, afinal ele votou. Infelizmente o político só se lembra do eleitor, daqueles como o “Seu Jaime” no período eleitoral, e este, é o maior dos erros. O gestor deve trabalhar de acordo com os anseios da comunidade.
O gestor deve percorrer durante os quatro anos todos os locais onde foi quando candidato, e avaliar junto com a população a qualidade do seu trabalho. Assim, ele saberá se vai bem ou mal, e terá tempo de concertar, ouvindo a voz de quem sabe mais, o povo. Se não é possível beneficiar em quatro anos a comunidade com as 10 obras exigidas, esforce-se para realizar ao menos cinco delas e comprometa-se em buscar as outras. Com isto, tenho certeza do sucesso na reeleição.
Se você conhece um político parecido com o do referido texto, avise a ele que ele corre um grande risco nas próximas eleições.
Por: Geysa Silva
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