23 de jun. de 2013

Hospital Dirceu Arcoverde: ruim com ele, pior sem ele!

Esses dias fui procurado por uma pessoa amiga que necessitava fazer um eletrocardiograma de um familiar e havia buscado o sistema de saúde municipal sem, contudo, obter sucesso. Informaram-na que o exame só poderia ser realizado entre 60 e 90 dias, um absurdo!
Sabe-se que a saúde pública em todas as esferas de governo vai muito mal em nosso país, daí as razões manifestadas nos protestos que se espalham Brasil afora trazendo como uma das principais reivindicações a melhoria da política pública de saúde.
Aqui, em Parnaíba, a população em geral está mal assistida. A rede privada ainda é insuficiente, onde as especialidades mais importantes não têm um plantão de atendimento a contento. Ou seja, há casos que nem com dinheiro se resolve. Já o sistema público, em que pese a municipalização da saúde em regime plenificado, ainda não atende aos usuários do SUS com eficácia.
Constitucionalmente, o atendimento básico deve ser promovido pela rede municipal, no entanto o que se verifica é uma enorme lacuna nessa política pública, transferindo-se esta responsabilidade, em boa medida, ao sistema estadual.
O município não faz bem o seu papel e a população sofre as consequências. Colhi uma informação com o Coordenador de Controle Interno do Hospital Dirceu Arcoverde (HEDA), Sr. Paulo Araújo, dando conta de que dos 180 atendimentos diários realizados, em média, no HEDA, cerca de 40% são provenientes de problemas para atendimento básico de saúde, ou seja, ambulatoriais. Estes deveriam ser realizados nos Postos de Saúde da rede municipal. Mas, como não funciona bem o sistema, “deságua” no HEDA.
O HEDA fica assim crucificado e leva o título de grande algoz, posto que, mesmo com uma carga de deficiências técnicas e financeiras, tem que desempenhar a sua missão que é o atendimento de urgência e emergência e, sobretudo, cobrir a lacuna dos municípios da microrregião.
Isso mesmo fazer o papel DOS MUNICÍPIOS, pois são 43 entre os estados do Piauí, Ceará e Maranhão. Um absurdo! A principal atividade deles resume-se, na sua maioria, em transferir o paciente ao HEDA, como quem passa a “batata quente” adiante. A manutenção do funcionamento de uma ambulância é, então, a grande política pública realizada pela maioria dos municípios.
Com a Gestão Plena da saúde o município de Parnaíba-PI repassa cerca de R$ 1.200.000,00 (hum milhão e duzentos mil reais) por transferência do Ministério da Saúde para o HEDA. Um mero procedimento antes feito pela secretaria estadual de saúde, ou seja, não interfere nos recursos municipais, não é tirado do que é destinado à atenção básica.
O velho HEDA tem sido, justiça seja feita, o grande e único hospital da região a permitir uma assistência diária a uma população de cerca de 1.200.000 habitantes. Bem ou mal é para o HEDA que todos nós corremos quando necessitamos.
Com a implantação das previstas faculdades de medicina na cidade de Parnaíba espera-se que a saúde na região ganhe vitalidade, antes disso pela obrigação constitucional seria justo que nossos gestores aplicassem devidamente os recursos que são disponibilizados para importante e deficiente política pública.
Verifica-se que, a rigor, os municípios têm tão somente executado os programas federais. E, diga-se de passagem, alguns mal gerenciados. Poucos são os investimentos com recursos do tesouro municipal. O que deveria era ser realizada uma grande auditoria e conferência regional para que os gestores assumissem suas responsabilidades em cada esfera de poder. O município cuidando devidamente da atenção básica desafogaria o atendimento ambulatorial feito no HEDA, além de dar mais qualidade ao atendimento à população. Não queremos muito, apenas que apliquem corretamente os recursos públicos! Isso feito, seria suficiente para termos um serviço mais humano e eficaz!


(*) Fernando A. L. Gomes, sociólogo.

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