Vicente de Paula Araújo Silva “Potência”
Após a
Instalação da Villa de São João da Parnahiba em 1762, João Paulo Diniz implantou
a feitoria de salga de carne no lugar “Cítio dos Barcos” , onde existiu a primeira sob o comando do Capitão-Mor João Gomes do Rego Barros, na
então Villa de Nossa Senhora do Monserrate da Parnahiba. A partir daí, houve uma acentuada movimentação econômica na
região tornando-se necessária a importação de mão de obra para os serviços nas
lavouras , fazendas de gado e oficinas de charque . Dentre os
empreendedores da época salientaram-se, entre outros, Domingos Dias da Silva, Manuel Antonio da
Silva Henriques, Thomé Pereyra de Araújo, José Lopes da Cruz , Antonio Álvares Ferreira de Veras , Diogo Alvares Ferreira
de Veras, José Pereira Montaldo, Jacinto
Botelho de Siqueira, Lourenço de Passos Pereira, Rosendo Lopes Castelo Branco,
André Coelho Gonçalves e Manoel Ferreira Pinto de Azevedo, tendo todos eles
participado do posicionamento para que a sede da Villa fosse o lugar “ Cítio
dos Barcos” atualmente Porto das Barcas. E é exatamente lá na beira do rio
Iguará (Igaraçu) onde estão as
principais marcas dos negros que por aqui passaram, vindos de muitos lugares, e
dispersaram-se a partir da Balaiada no Maranhão e Piauí em 1839, quando já
estava em declínio o poderio da família Dias da Silva após a morte de Simplício
– filho de Domingos – e Manuel Antonio da Silva Henriques .
Ontem, 13 de maio, em todo o país a
comunidade negra e os órgãos ligados a cultura brasileira celebraram a data em
que a princesa Izabel assinou a Lei Áurea, em 1888, extinguindo
institucionalmente a escravatura no Brasil. Entretanto, não tomei conhecimento
de algum evento que comemorasse esse
feito histórico em nossa cidade. Nem
mesmo os órgãos a quem de direito é exigível que o faça. Mas, na noite passada
lembrei-me dos tempos de criança quando naquele tempo se ouvia ao longe o
batuque dos tambores ecoando a partir do Catanduvas , Igaraçu, Ilha Grande de
Santa Isabel e Taboleiro, comemorando na DANÇA DO CÔCO a lembrança do fim do cativeiro ao qual os
seus antepassados e também meus vivenciaram. O “Gominha” negro boêmio de
saudosa memória gostava de cantar uma velha cantiga, ainda hoje repetida por
Djalma Borges nas horas alcólicas, na qual tinha o seguinte trecho :
“
Mamão não quer casca de côco no terreiro
Que é pra não lembrar do tempo
do cativeiro” ...
Hoje, as manifestações folclóricas dos
tempos da Villa de São João da Parnahiba são vistas nas apresentações dos
grupos de macumba e capoeira, onde estão
presentes e latentes
as marcas do passado no requebro dançante dos seus figurantes sob a
batida forte de batuqueiros dos TAMBORES DA PARNAÍBA.
Phb, 14/05/2012 - Vic
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