16 de mai. de 2013

A ESCRAVATURA NA VILLA DE SÃO JOÃO E OS TAMBORES DA PARNAÍB


                                          Vicente de Paula Araújo Silva “Potência”   

    Após a Instalação da Villa de São João da Parnahiba em 1762, João Paulo Diniz implantou a feitoria de salga de carne no lugar “Cítio dos Barcos” ,  onde existiu a primeira sob o comando  do Capitão-Mor João Gomes do Rego Barros, na então Villa de Nossa Senhora do Monserrate da Parnahiba. A partir daí,  houve uma acentuada movimentação econômica na região tornando-se necessária a importação de mão de obra para os serviços nas lavouras ,  fazendas de gado e  oficinas de charque . Dentre os empreendedores da época salientaram-se, entre outros,  Domingos Dias da Silva, Manuel Antonio da Silva Henriques, Thomé Pereyra de Araújo, José Lopes da Cruz , Antonio Álvares Ferreira de Veras , Diogo Alvares Ferreira de Veras,  José Pereira Montaldo, Jacinto Botelho de Siqueira, Lourenço de Passos Pereira, Rosendo Lopes Castelo Branco, André Coelho Gonçalves e Manoel Ferreira Pinto de Azevedo, tendo todos eles participado do posicionamento para que a sede da Villa fosse o lugar “ Cítio dos Barcos” atualmente Porto das Barcas. E é exatamente lá na beira do rio Iguará  (Igaraçu) onde estão as principais marcas dos negros que por aqui passaram, vindos de muitos lugares, e dispersaram-se a partir da Balaiada no Maranhão e Piauí em 1839, quando já estava em declínio o poderio da família Dias da Silva após a morte de Simplício – filho de Domingos – e Manuel Antonio da Silva Henriques .
           Ontem, 13 de maio, em todo o país a comunidade negra e os órgãos ligados a cultura brasileira celebraram a data em que a princesa Izabel assinou a Lei Áurea, em 1888, extinguindo institucionalmente a escravatura no Brasil. Entretanto, não tomei conhecimento de algum evento que comemorasse  esse feito histórico em nossa cidade.  Nem mesmo os órgãos a quem de direito é exigível que o faça. Mas, na noite passada lembrei-me dos tempos de criança quando naquele tempo se ouvia ao longe o batuque dos tambores ecoando a partir do Catanduvas , Igaraçu, Ilha Grande de Santa Isabel e Taboleiro, comemorando na DANÇA DO CÔCO  a lembrança do fim do cativeiro ao qual os seus antepassados e também meus vivenciaram. O “Gominha” negro boêmio de saudosa memória gostava de cantar uma velha cantiga, ainda hoje repetida por Djalma Borges nas horas alcólicas,   na qual tinha o seguinte trecho :

                                             “ Mamão não quer casca de côco no terreiro
                                                Que é pra não lembrar do tempo do cativeiro” ...

        Hoje, as manifestações folclóricas dos tempos da Villa de São João da Parnahiba são vistas nas apresentações dos grupos de macumba e capoeira, onde estão  presentes  e  latentes   as marcas do passado no requebro dançante dos seus figurantes sob a batida forte de batuqueiros dos TAMBORES DA PARNAÍBA.

Phb, 14/05/2012 - Vic


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