21 de fev. de 2013

Descoberta de um Poeta - Resenha de Eduardo Jablonski


Eduardo Jablonski e Luiz de Miranda (esq/dir)
A coletânea de poemas Candelabro de Álamo, do poeta piauiense Diego Mendes Sousa, é surpreendente em vários aspectos. O mais impressionante deles é a idade do escritor: o rapaz conta apenas 23 anos. Uma vez Afrânio Coutinho, um dos maiores críticos literários brasileiros da história, fez um balanço de quanto tempo uma pessoa teria condições de se tornar um escritor completo. E ele chegou à conclusão de que seria em torno de uns 60 anos de leitura dez horas diárias. Exageros à parte, seria improvável que o parnaibano mostrasse qualidade literária numa idade tão reduzida, mas o livro parece maduro e comemora, vejam só, dez anos de atividade literária, desse guri que já publicou Divagações (2006), Metafísica do Encanto  (2008), com o qual recebeu Prêmio Nacional de Poesia da UBE-RJ, 50 Poemas Escolhidos Pelo Autor (2011), Fogo de Alabastro (2011) e este Candelabro de Álamo (2012).

Outro aspecto que chama a atenção é o tom viril dos poemas. Embora não exista um gênero literário masculino - de macho - alguns dos versos, principalmente os escritos para a esposa do autor, Altair, geram um clima nesse sentido, como se o poeta estivesse inventando uma nova maneira de escrever. Desde 1990 lendo pelo menos um livro por semana, só vi um caso parecido, e foi exatamente o do escritor Borges Netto, de Gravataí, que, com a novela No Abismo de Rosas, narrou a visão de mundo de um boêmio, mulherengo, músico e mecânico, numa ótica típica de macho.


POETA DIEGO MENDES SOUSA


Além disso, como se verifica na obra de escritores gaúchos formados em Direito, o autor da Parnaíba tem predileção por vocábulos eruditos, mas no caso dele é a primeira vez que não dá para sentir um ar pedante. Sua pontuação é inexistente, como fizera Luiz de Miranda  nos primeiros livros. Porém a falta de vírgulas e pontos em Diego Mendes Sousa promove um turbilhão de palavras em movimento, criando uma aura poética auxiliada pelas figuras de linguagem fortes e de bom gosto.

No prefácio, o poeta Luiz de Miranda  – candidato ao Nobel de Literatura em 2013 – afirmou que o livro é belo, e isso basta. A poesia, como a arte em geral, foi desenvolvida para ser admirada. E esse jovem poeta fará carreira; estejam certos disso.
 
Resenha de Eduardo Jablonski
  • Crítico literário
  • Matéria Publicada no Correio de Gravataí, no Rio Grande do Sul

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