28 de jan. de 2013

O carnaval e a História da Parnaíba

Igreja de Nossa Senhora de
Monserrate em Parnaíba

Sabe-se que neste ano a Escola de Samba Unidos da Ponte, em Parnaíba, desfilará no domingo de carnaval com o enredo  ‘História da Parnaíba’.  A verdade é que o tema escolhido tem um alto significado como resgate histórico da memória de nossa cidade,  pois, o povo parnaibano merece ter conhecimento da trajetória vivida pelo seus antepassados a partir do lugar que ao longo do tempo foi conhecido  como  Villa  de Nossa Senhora de Monserrate da Parnahiba,  Villa  Nova  da  Parnahiba,  (a Villa Velha da Parnaíba é a atual cidade de São Bernardo) , “Cítio dos Barcos ”, Villa de São João da Parnahiba,  e, enfim,  cidade da Parnaíba.

Toda essa passagem épica, teve início legal a partir de 11 de junho de 1711, quando o pernambucano João Gomes do Rego Barros na condição de preposto do rico empreendedor baiano Pedro Barbosa Leal, por ocasião da instalação da primeira feitoria de salga de carne na beira do Iguará (Igaraçu), solicitou e obteve a permissão para construir uma igreja, a qual, seguindo o modelo da existente em Salvador, no forte da ponta de Monserrathe,  foi erigida e ainda hoje existe ali na Rua Duque de Caxias, área do Porto das Barcas.

Acredito que a tradicional escola de samba apresentará como destaques alguns  personagens que em vida por aqui passaram e deixaram suas louváveis marcas às causas da Parnaíba. Entre eles, destacaram-se  nas suas épocas:

VILLA DE NOSSA SENHORA DE MONSERRATE
O Capitão-Mor João Gomes do Rego Barros e sua esposa Maria do Monte Serrate Castello Branco – fundadores da Feitoria;  Mandu Ladino – líder da revolta tapuia; Bernardo Carvalho de Aguiar – Tomou a Villa de Nossa Senhora de Monserrate da Parnahiba após a invasão pelos índios Araiós em 1712 ; Manuel Peres Ribeiro – matador de Mandu Ladino no exercício de sua função como Sargento-Mor da Villa de Nossa Senhora de Monserrate da Parnahiba ,

VILLA DA PARNAHIBA
Paulo Afonso – Comprador da Villa da Parnahiba em 1728.

VILLA DE SÃO JOÃO DA PARNAHIBA
João Paulo Diniz – fundou no lugar “Cítio dos Barcos” na beira do Igaraçu a 2ª Feitoria de Salga de Carne de Gado e Courama bovina; Diogo Álvares Ferreira de Veras – proprietário de um dos armazéns de salga de carne no lugar “Cítio dos Barcos”, foi o líder do movimento para a instalação da Villa de São João da Parnahiba na beira do Igaraçu, onde existia a Igreja construída por João Gomes e que naquela época tinha como padroeira Nossa Senhora de Nazareth, santa de devoção da influente família Abreu Bacellar. Domingos Dias da Silva e Manuel Antonio da Silva Henriques – Implementaram a exportação do charque parnaibano, conseguindo para isto a criação da alfândega na Villa; Cel. Simplício Dias da Silva – Continuou a exploração comercial do charque iniciada pelo seu pai Domingos Dias da Silva; José Gomes de Araújo e Cel. João José de Salles – Senadores da Câmara, como Manuel Antonio da Silva Henriques,  deram sustentação legal ao movimento da independência no Piauí em 19 de  outubro de 1822, liderado pelos brasileiros João Cândido de Deus e Silva, Simplício Dias e Leonardo de Carvalho Castello Branco;   Cel. Miranda Osório – após a morte de Simplício Dias, passou a ocupar o seu  lugar no comando das ações comerciais e militares na Villa até a sua elevação  à categoria política de cidade da Parnaíba, em 14 de agosto de 1844;  Cap. Antonio Ferreira de Araújo e Silva – irmão por parte de pai do poderoso Simplício Dias, sempre esteve ao lado do irmão nas causas que o mesmo defendia. Por ocasião da invasão da Villa pelas tropas portuguesas comandadas pelo Major João José da Cunha Fidié, foi preso a bordo do brigue de guerra infante Dom Miguel, por ter remetido Armas para Simplício quando ele se encontrava no Ceará organizando aparato militar para retomar a Villa. Na luta para liquidar a revolta Balaia no Piauí, estava em missão delegada por Miranda Osório, comandante da guarnição militar na região da Parnahiba, quando em 1839, no lugar Frecheiras (atualmente município de Cocal) foi assassinado. Portanto, pode-se denominá-lo “Mártir das Causas Legais da Parnaíba”...

CIDADE DA PARNAHIBA
Miranda Osório – após a elevação da Villa a condição de cidade, ocupou até o seu falecimento em 1877, o exercício de liderança maior no município. Durante esse tempo, ocupou todos os cargos importantes da cidade. Foi Comandante da guarnição militar, Comandou a luta contra os balaios na região da Parnaíba, liquidando o movimento no Piauí, nas batalhas de Barra do Longá, Beirú, Frecheiras e Contendas. Foi Comandante superior da Guarda Nacional e Coronel Honorário do exército brasileiro. Já veterano, ofereceu-se como Voluntário da Pátria à guerra do Paraguai.  Politicamente, exerceu as funções de Presidente da Câmara de Vereadores, Juiz de Paz, Suplente de Juiz Municipal, Delegado de Polícia e Deputado Provincial. Participou de todos os movimentos cívicos em favor das causas brasilicas, como a Revolução de 1817, movimento de 19 de Outubro de 1822, batalha de Genipapo e Confederação do Equador. Foi Cônsul da França em Parnaíba, dignatário da Imperial Ordem da Rosa e membro da Ordem de Cristo. Efetivamente, foi o substituto de Simplício Dias da Silva no comando das ações de governabilidade na então Villa de São João da Parnaíba até os primeiros 30 anos da cidade da Parnaíba.


Phb. 26/01/2013 Vic.
Por: Vicente de Paula Araújo Silva “Potência”
Edição: Jornal da Parnaíba

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