22 de nov. de 2012

Escritor Parnaibano em Destaque : Crónica publicada no Portalaquibrasil de Curitiba-PR


Ha! Que saudade do Aipim


Meu convidado, hoje é:


Carlos Henriques de Araújo

Membro da UBE-PI


Anos sessenta. Quanta saudade! As pessoas dançavam juntas, ouviam música e conversavam; os compositores se desafiavam compondo, e os cantores não regravavam os sucessos antigos; os instrumentos eram acústicos, havia mais talento e menos tecnologia; os jovens curtiam a vida sem ajuda de “êxtase”, “anabolizante” ou “Viagra”; as meninas tinham “it” e namoravam sem “per hapes”; como na canção, o povo era feliz e não sabia; as favelas eram moradias de gente pobre e honesta; as casas eram “simples com cadeiras nas calçadas e escrito em cima que é um lar”; as armas eram o cavaquinho, o pandeiro e o violão; o tráfico era de samba, droga só nas farmácias como remédio; o estandarte não era de ouro, mas dava mais orgulho aos passistas; a erva era usada somente para fazer chá; coca era refrigerante; pó era a sujeira sobre os móveis da casa; os moradores das favelas desciam à avenida para sambar; o “arrastão” era de bloco carnavalesco; as pessoas só reclamavam do mau tempo e só tinham dor de cabeça quando adoeciam ou estavam de ressaca; seqüestro não havia e bala perdida, só quando uma criança esquecia um bombom na rua; a polícia protegia o povo e era fácil distingui-la dos bandidos.
A noite era sempre uma criança; andávamos a pé pelas ruas e não havia assaltos; fazíamos seresta na janela da casa da namorada; conversávamos nas calçadas até altas horas; ou ficávamos no apartamento tocando e cantando baixinho: “um cantinho, um violão …” Rua Nascimento e Silva …”
Nas ruas havia poucos carros e os ônibus eram elétricos, não poluíam nem faziam barulho e o transito era fácil; as pessoas eram educadas, não tinham pressa e respeitavam a sinalização; ninguém parava em fila dupla nem estacionava em vagas para deficiente ou idoso (até mesmo porque não existiam ainda);
As escolas eram uma extensão de nossa casa, os professores conheciam nossos pais, e mandavam bilhete com as peraltices dos alunos; a prova era uma sabatina feita no sábado numa folha de papel almaço; depois tinha apresentação artística no auditório (coral, dança e música) e não havia bulling; Tínhamos aulas de canto orfeônico, de latim, francês, estudos dos problemas brasileiros e trabalhos manuais.
Não havia greve, os períodos letivos eram cumpridos e as férias eram de quatro meses (julho, dezembro, janeiro e fevereiro);
O carnaval era no clube com fantasias, máscaras, confetes, serpentinas e lança perfume (mas só para perfumar o salão); na rua, com blocos de sujo, desfile de carro e o corso pela praça; as músicas eram feitas especialmente para o carnaval (marchas, frevos e sambas);
Não havia supermercado, as compras eram feita nas quitandas, mercearias ou no mercado; não havia saco plástico para poluir o meio-ambiente, quando as pessoas não levavam sua sacola de casa, o dono da mercearia embrulhava as compras em papel de embrulho;
As lojas fechavam ao meio dia e só abria às duas horas da tarde (agente não dizia as quatorze horas).
E para terminar, não existia, PROCON, SPC, SERASA, cheque pré e cartão de crédito; o fiado era na caderneta e honrado com um fio de barba; Banco só os da praça; e a Caixa Econômica era para se abrir uma caderneta de poupança e não cobrava taxa de manutenção para se ter uma conta.
É, os tempos mudaram, e novos hábitos e equipamentos se incorporaram à vida moderna. É impossível se viver hoje sem internet, celular, notebook, leptop, ifone, ipod, ipad. (ah! que saudade do aipim).

Um comentário:

  1. Texto no mínimo hipócrita, desculpe, mas faltou escrever e avaliar que:

    Nos anos 60 quem frequentava os clubes de carnaval era a elite da sociedade;
    quem fazia serenata era a elite da sociedade;
    quem tinha férias de 4 meses era quem estudava em escola particular porque em escola pública nem aula tinha como não tem hoje;
    Não havia greve porque as empresas públicas e o serviço público eram mais cabides de emprego do que outra coisa e mais quem tinha acesso ao trabalho público era quem participava da elite que por coincidência era quem tinha acesso à educação de qualidade;
    Nas cidade haviam poucos carros porque o trabalho era perto, a cidade era pequena, a tecnologia para locomoção ainda engatinhava;
    Andava a pé pelas ruas como ainda anda ou já aprendemos a levitar? não tinha assalto? Conversa, assalto tinha só não era divulgado, estupro tinha de todo jeito mas tinha que ser encoberto para não prejudicar o casamento da moça e ai não se investigava e a moça sofria com um aborto e a família para preservar a imagem não queria investigação e escondia de todos a situação da filha. Pedofilia? esse crime era que devia ter mesmo mas como não podia queimar a imagem da familia por conta de um parente pedófilo mandava ele para bem longe, mas não prendiam e nem puniam, apenas encubriam e mascaravam o criminoso que por sinal era de origem nobre.

    Essa inocência toda que o escritor diz ter nessa época eu chamo de hipocrisia.

    hoje em dia é que tá bom. Vemos gente de colarinho branco sendo preso, vemos cada vez mais o nome da família não ser maior que a lei, vemos que a educação privada é acessível aos mais pobres devido a existência de bolsas; vemos que a periferia tem acesso aos locais e ambientes que antes circulavam somente as elites. Essas mudanças geram uma desconstrução do que considerávamos como certo e justo. Que venham as mudanças e que a Lei e a justiça sejam para todos assim como a diversão, o lazer e a educação.

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