Deputado Federal Paes Landim (PTB-PI) |
Veja o discurso na integra:
O SR. PRESIDENTE (Luiz
Couto) - Concedo a palavra ao nobre Deputado Paes Landim, para uma Comunicação
de Liderança, pelo PTB, por 3 minutos, acrescentando também o tempo das
Comunicações Parlamentares de 10 minutos. V.Exa. dispõe de até 13 minutos.
O SR. PAES LANDIM (PTB-PI e Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Deputado Luiz Couto, que honra esta Casa, quero aqui parabenizar o
IPHAN — Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional — pela restauração, conservação
e adaptação arquitetônica do sobrado de Simplício Dias, em Parnaíba.
Simplício
Dias foi um grande lutador pela independência do Brasil, em 1922. Como V.Exa.
sabe, os portugueses pressentindo, após a volta forçada de Dom João VI, que o
Brasil caminhava para a independência, começou a diminuir o poder do Príncipe
Regente. Lisboa chegou a nomear os comandantes das guarnições militares de
algumas províncias do Brasil, e os seus dirigentes em alguns casos, sobretudo
na região conhecida como Norte, até porque havia a tradição do Estado do
Maranhão, do Grão-Pará, ali nas vizinhanças do Estado do Piauí e do Ceará,
obedeciam às ordens de Lisboa e não os do Príncipe Regente.
Em
outubro Parnaíba, sua Câmara Municipal, tendo à frente o Dr. João Cândido de
Deus e Silva, formalizou apoio à proclamação feita por Dom Pedro I, como fez Granja
também, no vizinho Ceará.
Portugal
havia mandado para Oeiras, que era a Capital da então Província do Piauí,
Fidié, um de seus mais bravos comandantes militares que havia ajudado a
derrotar as tropas de Napoleão em Portugal. Fidié tomando ciência dos
acontecimentos resolveu marchar na direção do litoral piauiense. Simplício
Dias, o líder do movimento, um homem muito rico, na época, um dos mais ricos do
Nordeste, que tinha embarcações próprias para vender charque na Europa e nos
Estados Unidos, sabendo de antemão que não tinha como enfrentar as tropas de
Fidié, estrategicamente resolveu levar seus comandados, seus amigos, para a
Granja, no Ceará. Fidié encontrou a cidade vazia. Os oportunistas de sempre que
lá se encontraram aderiram a Fidié, mas, no retorno, ele foi surpreendido por
uma guerrilha na região de Campo Maior.
Colégio Nossa Senhora das Graças em Parnaíba completa 105 anos |
Mas, foi
graças a Simplício que esse gesto de independência se propagou no Piauí e
consolidou-se depois. Como justificou Dr. João Cândido de Deus e Silva, juiz de
Direito de Parnaíba, um dos líderes da Independência do Piauí, segundo o ensaio
de Abdias Neves, em oficio dirigido ao governo provisório de Oeiras, que era
contra a proclamação da independência, escreveu que se a região mais rica do
Brasil havia aderido à causa de Dom Pedro I, não via porque a Província do
Piauí também não praticasse o mesmo gesto. Simplício Dias, que era um grande
benfeitor, apesar de ter uma economia baseada também em mão de obra não livre,
dada a circunstância histórica do seu tempo, ajudou na construção da Catedral
Nossa Senhora da Graça da Parnaíba. A sua residência onde ele morava era um
solar, onde, na Parnaíba, discutiam os acontecimentos políticos do Brasil e do
mundo, tal a sofisticação para a época, de Parnaíba, posto que, tinha mais
ligações com a Europa, com os Estados Unidos do que com o próprio Piauí.
A sua casa
encontrava-se praticamente destruída. O IPHAN resolveu, portanto, não só tombar
a casa de Simplício Dias, como agora recuperá-la.
A
solenidade foi feita agora, recentemente, na Parnaíba, às vésperas do
aniversário da cidade. Eu quero parabenizar a Diretora do IPHAN do meu Estado,
Dra. Claudiana Cruz dos Anjos, uma jovem competente dirigente do IPHAN naquele
Estado, que deu sequência ao trabalho anteriormente já planejado pela Dra. Diva
Maria Freire Figueiredo, que teve a grande sensibilidade histórica de atender
essa reivindicação nossa e da Parnaíba para que a simbologia de Simplício Dias
continue viva para todas as gerações.
No momento
em que se tenta distorcer a história real do Piauí, no contexto da
independência, é importante que a chama viva de Simplício Dias não desapareça.
E aqui
aproveito o ensejo, Sr. Presidente, para fazer um apelo ao Presidente do IPHAN,
que é seu correligionário, para que ele me receba em audiência. Já fiz o
pedido, através de correspondência, a fim de tratarmos com o Deputado José
Mentor da memória história da sua restauração dos seus grandes armazéns gerais,
retrato do auge da sua riqueza de exportação do babaçu, carnaúba e charque para
Europa e Estados Unidos. O avô do José Mentor participou dessa saga. E a
recuperação das bacias dos cais do Delta do Parnaíba dará aos Parnaíbanos autoestima
desse grande passado que ela projeta para o futuro de seus filhos.
Também, Sr. Presidente, queria aqui
aproveitar o ensejo para me congratular pelos 105 anos do aniversário do
colégio das irmãs religiosas, o Colégio Nossa Senhora das Graças, criado exatamente em
maio de 1907.
Ao
mês de maio de 1907, no 19º ano da Proclamação da República do País, o colégio
foi criado pelas irmãs ligadas à grande religiosa italiana, que se projetou ao
largo da história do ensino religioso no mundo inteiro, a Irmã Savina
Petrilli, fundadora das Irmãs dos Pobres. Essa mulher extraordinária prestou
relevantes serviços à causa de Deus, à causa da educação e à causa da
sociedade.
Sr. Presidente, o Colégio Nossa
Senhora das Graças, até 20 anos atrás dedicado ao ensino das meninas, prestou
serviços da maior dimensão histórica a Parnaíba. Educou o que há de melhor na
sua geração, aquelas senhoras que ajudavam seus maridos, seus companheiros de
toda a vida, a se lançarem na grande aventura da exportação do comércio
internacional. Daí porque Parnaíba ainda tem aquele sabor europeu na sua conversação,
nos seus hábitos, exatamente em função da influência que o colégio das Irmãs
Savinas vem prestando ao longo de mais de uma centúria a Parnaíba.
Desde a sua fundação a escola
encontrou dificuldades. Primeiro, de ordem linguística, porque as primeiras
freiras eram todas italianas. Em segundo lugar financeiro, pois a ajuda
recebida nos primórdios anos não era compatível com as grandes necessidades que
as irmãs e o colégio nascente possuíam. Mesmo assim, no coração dessas irmãs
pioneiras — a essas irmãs Parnaíba tem que prestar homenagem a vida inteira —
semeava a semente da esperança e da fé cristã, difundindo o ensino religioso e,
sobretudo, a capacitação intelectual da geração de moças, que vieram enriquecer
o patrimônio social e cultural de Parnaíba.
Sr. Presidente, quero prestar minhas
homenagens às primeiras irmãs pioneiras dessa saga histórica, que deixaram a
Itália e a Europa para se concentrarem em Parnaíba, nesse ensino fantástico,
que, em mais de 100 anos, é uma marca continuada, com todas as dificuldades,
sem o apoio oficial. Elas se dedicaram também a ajudar os pobres, davam bolsas
às pessoas sem condições de pagamento das suas mensalidades.
Quero
aqui prestar minhas homenagens às irmãs Annunziata Petri, Maria Giovine,
Giuseppina Taccini e Maria Guzzari. Essa tem que ser a gratidão não só de
Parnaíba como também de todos os homens públicos que se preocupam com a
educação do País.
Essas
irmãs deixaram como herança o sentido da garra, o empenho, o estudo, a pesquisa
e muita dedicação aos estudos e ao ensino.
Segundo
elas próprias dizem:
Para nós, as Savinas de hoje, o maior desafio é manter em
nossos educandos a vontade de ser Gente mais Gente, onde o homem integral –
sequioso de Deus une a sabedoria intelectual à sabedoria divina e juntas
complementam este ser – chamado Educando, a trilhar a estrada do futuro com
segurança, firmeza, coragem.
Na era da informática, as irmãs procuram
levar aos seus alunos, com todas as dificuldades financeiras, todas as
novidades, todos os progressos que a tecnologia oferece aos jovens de hoje.
Essas irmãs vêm ensinando a todos os seus
alunos os caminhos que conduzem à educação, ao desenvolvimento moral,
intelectual de jovens, senhoritas, meninas e agora também de rapazes.
Quero aqui destacar o trabalho da irmã Maria
Dalva Ferreira da Silva, na sequencia das irmãs que a antecederam ao longo de
toda essa trajetória histórica.
Quero aqui também lamentar que a Escola
Gratuita de São José, criada pelas irmãs, não pode ser mantida — essa escola se
dedicava a crianças carentes — por falta de apoio oficial em todos os níveis do
poder público no País.
Mesmo assim, o Colégio Nossa Senhora das
Graças mantem até hoje um número expressivo de alunos bolsistas custeados pela
Mantenedora Província Sagrado Coração de Jesus e é responsável pela mais nova
instituição fundada em Parnaíba, a Casa de Apoio à Criança e à Família Ir.
Abelinda Ducci, onde atende 75 crianças carentes de 2 a 4 anos.
Sr.
Presidente, assim o Colégio Nossa Senhora das Graças funciona com três cursos:
educação infantil — maternalzinho, níveis I, II e II; ensino fundamental de 1º
ao 9º ano; e ensino médio. Possui aproximadamente 1.200 alunos.
Possivelmente
uma das mais baixas mensalidades deste País: duzentos e poucos reais por mês.
Sr.
Presidente, é uma pena que nós não possamos criar um mecanismo para uma escola
desse nível, com essa grande responsabilidade histórica, não receba apoio dos
nossos governantes por força até de dispositivo inócuo, dispositivo absurdo da
Lei de Diretrizes Orçamentárias. Instituições como esta são patrimônio da
Nação.
E essa
escola na Paranaíba, no último exame ministrado pelo Ministério da Educação,
foi incluída entre as 300 melhores escolas do Brasil com média 7, evidenciando
que se o Governo Federal e Estadual, investir nessas escolas filantrópicas, que
têm um grande compromisso com a seriedade, com a formação dos jovens para
prepará-los para os grandes desafios que a vida impõem a eles.
Sr.
Presidente, os 105 anos do Colégio Nossa Senhora das Graças é um monumento à grandeza
do ensino religioso em nosso País e no mundo inteiro.
Muito
obrigado, Sr. Presidente.
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