Primogênita de José de
Arimateia Dias Cornélio e Adília de Moraes Cornélio, Maria Lúcia Dias Cornélio
ou Lúcia, pois era assim que gostava de ser chamada. Iniciou o caminho para
seus dez irmãos que logo viriam fazer companhia. Muito cedo se destacou em seus
estudos, seu maior sonho era uma graduação no Ensino Superior, coisa que não
conseguiu, mas ainda em vida conseguiu ver todos os seus filhos com uma
formação acadêmica distinta.
Uma mulher batalhadora,
trabalhadora, persistente, guerreira e mãe. Sempre buscou suas conquistas a
base de muito trabalho e sacrifício. Nasceu
nas proximidades da Igreja Nossa Senhora de Fátima, no Bairro São José. Desde
cedo buscou sua dependência, começou a trabalhar e estudar. Nunca deixando de
lado seu maior sonho, um dia poder entrar em uma universidade. Mas na vida nem
sempre somos o que queremos ou imaginamos. Após seu casamento teve que
conciliar mais uma tarefa, além de filha, esposa e, agora, mãe. Partindo desse
principio, Lúcia sempre se dedicou a seus filhos, que somam sete no total.
Sendo que na sua última gestação foi escolhida a dedo por Deus para ganhar um
presente que mudaria sua vida a partir da concepção. Após o nascimento, foi
detectado que seu filho possuía uma síndrome que altera o desenvolvimento da
criança, em outras palavras Síndrome de Down. No inicio foi difícil pois seu
filho iria precisar de uma atenção especial e mais presença materna.
Mas o que ninguém imaginava
era que Ricardo veio ao mundo com a tarefa de fortalecer mais e mais ainda
Lúcia. Transformar aquela pacata dona de casa em uma guerreira que conseguiu
remexer o mundo e lutar pela inclusão de seu filho em todas as redes sociais
possíveis. Lúcia obteve ainda mais tempo para se dedicar a tudo em sua vida. Ainda
como funcionária do estado, trabalhou muitos anos na secretaria do Colégio
Estadual Lima Rebelo. Com muito empenho e força de vontade conseguiu passar no
concurso do antigo INPS (Instituto Nacional da Previdência Social), hoje INSS
(Instituto Nacional de Seguridade Social).
Por muitos anos Lúcia
desempenhou seu papel como uma excelente funcionária, até conseguir
aposentadoria dentro da instituição. Com o passar do tempo a vida começou a
tomar um novo rumo, houve até a compra do primeiro carro uma Brasília que depois
foi trocada por um Fusca. Mas sempre
mantendo os pés no chão e sua dignidade acima de qualquer coisa nesse mundo.
Seus filhos crescendo, alguns, indo morar em outros estados, por motivo de
estudo ou trabalho. Restando apenas seu companheiro fiel e de todas as horas.
Ricardo acompanhou a multiplicação de sobrinhos que pareciam vazar pelo ladrão.
Todo ano vinha um filho com um neto, fazendo assim crescer a família e o
respeito por essa genitora tão amada.
Já cansada de está em
casa aceitou um convite para gerenciar a unidade da Unimed em Parnaíba. Cargo
que ocupou até seus últimos dias de vida trabalhista. Competente como sempre e
exigente além da conta (com todos), Lúcia conseguiu muitos louros em seu novo
trabalho, até quando começou a fraquejar das pernas, se sentir cansada e o peso
da idade chegar. Peso que consumiu a vida toda, mas ela sempre conseguiu
desdobrar fazendo outra coisa para esquecer. Mas na vida nem sempre tudo é como
desejamos, no destino de Lúcia estava traçado que ela iria passar por uma provação
bastante dolorosa.
Com sintomas ainda
desconhecidos começaram as duras penas de Lúcia. Por várias vezes, procurou
apoio na medicina e nada descobriram. Até que em um exame de rotina foi
detectado que ela era portadora de uma doença rara chamada ELA (Esclerose
Lateral Amiotrófica). Isso mesmo, na vida nada deteve aquela mulher e agora
mais essa. Luta foi o que não faltou para essa guerreira de 70 anos de idade,
lutou com seus filhos, netos e amigos. Lutou até onde não deu mais. Esperou até
o último momento para ver sua última filha formada. Como ironia do destino ela
deve ter imaginado o seguinte “pronto meu Deus, agora eu posso ir”. Penso eu
que foram essas suas palavras em agradecimento a Deus. Não escolheu mordomias
nem apartamentos caros, escolheu sua casa para passar seus últimos dias de vida
ao lado de seus familiares, em especial, seus filhos mais próximos por moravam
ainda em Parnaíba. Coisa que não impedia a visita constante de seus outros
filhos que moravam mais afastados.
Lutou muito, viagens as
pressas, tomadas de medicação fora de hora ou ligações para atendimento de
urgência. Essa era a rotina de Lúcia nos últimos anos. Mas sempre serena com
seu terço ou vendo os programas da Canção Nova. Nunca se ouviu uma reclamação
de sua boca. Sempre alegre, serena e atenciosa com algumas visitas que veio a
receber. Mas enfim, perdeu a batalha e nos deixou muito abatidos em todos os
sentidos, ainda hoje sua ausência nos trás muitas recordações que trataremos de
jamais esquecer.
Neste dia, 02/08/2012,
estaríamos todos preparados para levar presentes e bolo para celebrar seu
aniversário de 71 anos, mas esse ano não será possível cantar parabéns pra
você, e sim poderemos fazer uma analogia da música tão verdadeira de Nelson
Gonçalves – Naquela Mesa. Cantaríamos Naquela Casa Tá Faltando Ela. Essa é
a sensação de todos que a conheciam e faziam parte do seu cotidiano. Sim,
estaremos sempre do seu lado e com sua presença em cada um de nós.
Mãe acolhedora, nunca
deixou passar uma data de aniversário em branco, sempre teve um bolo para ser
repartido em sua mesa. Sempre abraçou seus filhos e problemas para si. Nunca os
deixou a mercê de algo ou de alguém. Sempre manteve a união e harmonia adentrar
em sua casa. Mesmo assim podemos falar dentro dos nossos corações: FELIZ ANIVERSÁRIO LÚCIA CORNÉLIO!!!!
MARIVALDO LIMA.
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