9 de ago. de 2012

O LIRISMO DE UM POETA OUSADO


 
        
* Pádua Santos
O Jornalista, contista e cronista José Luiz de Carvalho, ocupante da cadeira de número 21 da Academia Parnaibana de Letras, em mais um dos seus momentos de ousadia resolve convidar os colegas e amigos para o lançamento de novo livro no qual se declara poeta. E se tal declaração é realmente ousada o seu autor não peca por assim proceder. O memorável Goethe, figura exponencial da literatura alemã já observou com acerto: seja qual for o seu sonho comece, ousadia tem genialidade, poder e magia.
Pádua Marques, também jornalista, na sua competência de membro efetivo do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Parnaíba, declarou na página 07 do Jornal Correiodonorte, edição de número 97, que Buriti dos Lopes tem documentos históricos mais importantes que Parnaíba. E este jornalista-romancista, amigo incondicional de José Luiz, também foi ousado nesta afirmação e talvez tenha razão: Buriti dos Lopes tem realmente seus valiosos documentos, além de muitas histórias contadas nos epitáfios do seu vetusto cemitério sobre o qual sobrevoa a noctívaga ave descrita em um dos poemas deste novo livro:
Ouvi o piar
solitário da coruja.
O grito do rasga-mortalha,
o roçar dos chifres das cabras,                        
nas paredes da velha casa.
Deixando de lado estes versos considerados um tanto macabros, apesar de bem colocados na obra, podemos nos deparar com outros tantos que não tardam em demonstrar, mais uma vez, ser o José Luiz um escritor verdadeiramente preocupado com o sofrido e misterioso sertão das suas origens. Um poeta sempre ocupado com a defesa dos rios, riachos, córregos e, sobretudo, com a preservação da beleza do brejo que serve de cenário ao “Bury-açu”- personagem principal do seu importante livro anterior. E tais versos, por coincidência, vêm no mesmo poema onde se incluem os supracitados. Intitula-se “Meus Dias Primeiros”, e cantam:
Ouvi nas minhas
manhãs primeiras.
A voz rouca do pirangi,
rolando sobre as pedras
lá no fundo do quintal.
Nota-se, portanto, que a ousadia e o lirismo do poeta José Luiz de Carvalho sempre brotam no terreno ressequido e em parte brejoso do romântico Buriti dos Lopes, sua terra natal. Solo que apesar de diversificado jamais perdeu os seus encantos e que, por felicidade, pode agora contar com um lírico, bravo e ousado filho que se faz poeta exatamente para mostrar a todos que belezas nunca faltaram ao mundo; o que sempre falta é a capacidade de senti-las e admirá-las.
  • Antônio de Pádua Ribeiro dos Santos
(Contista, poeta e romancista presidente da Academia Parnaibana de Letras, APAL).
  • Em um comentário sobre o livro “Cânticos Líricos – Natureza” de autoria de José Luiz de Carvalho

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